Gustavo Lucchetti, Elisa Mussumeci e Gabriel Renault, da Dharma, no AWS re:Invent 2025 | Foto: Divulgação
Gustavo Lucchetti, Elisa Mussumeci e Gabriel Renault, da Dharma, no AWS re:Invent 2025 | Foto: Divulgação

A startup carioca DHARMA-AI, selecionada este ano para integrar o AWS Global AI Accelerator (GAIA), está com uma rodada de investimentos aberta para colocar o Brasil no mapa do desenvolvimento de IA de ponta. Fundada no Porto Maravalley, a empresa usa tecnologia proprietária para treinamento de modelos especializados de inteligência artificial para empresas.

Enquanto o ChatGPT tem mais de 2 trilhões de parâmetros, a DHARMA-AI se especializou no treinamento de modelos de até 10 bilhões de parâmetros. Chamados de Small Language Models (SLMs), esses modelos open source incluem, por exemplo, o Nova, da Amazon, o Gemma, do Google, e o Phi, da Microsoft.

“Quando você vai treinar um LLM, é muito caro. Isso só vai valer a pena para empresas muito grandes, e mesmo assim não é eficiente. Treinar um modelo desses é como fazer uma compra online, e em vez de o supermercado te enviar apenas os itens que você pediu, mandar um caminhão com todos os produtos do mercado para separar o seu pedido na porta da sua casa. Imagina o desperdício. Um modelo como o ChatGPT tem desde dúvidas de adolescente aos livros do Camões, astrologia, especializando para a sua empresa que é de rebimboca da parafuseta”, explica o CEO Gabriel Renault, em entrevista ao Startups durante o AWS re:Invent 2025.

A DHARMA-AI foi fundada no fim de 2024 no Rio de Janeiro por seis engenheiros e cientistas de dados: Gabriel Renault, Elisa Mussumeci, Francisco Alves, Felipe Gochi, Gustavo Lucchetti e Gabriel Pimenta. O nome DHARMA significa “fazer o certo, do jeito certo para a pessoa certa” em sânscrito.

Combinando tecnologia proprietária, engenharia de alta performance e pesquisa
aplicada, o grupo desenvolveu a tese dos Specialized Small Language Models (SSLMs) —
modelos especializados, mais rápidos, mais seguros, de 50 a 200 vezes mais econômicos
garantindo acurácia igual ou maior em contextos corporativos complexos que os grandes
LLMs (Large Language Models).

Com cerca de um ano de operação, a startup já levantou uma rodada Seed de R$ 15 milhões, liderada pelo family office Lorinvest, do Rio de Janeiro, com participação de anjos estratégicos. Segundo Gabriel, um dos desafios enfrentados pela empresa na busca por captação foi encontrar fundos que entendessem o negócio.

“Eles entendem de go-to-market, mas não da tecnologia de forma mais técnica. Não por acaso, muitos fundos têm começado a contratar CTOs para fazer essa análise”, conta o executivo.

Para o ano que vem, a DHARMA-AI planeja fazer um roadshow para captar uma Série A com investidores nos Estados Unidos.

“A gente consegue entregar tecnologia em estado da arte. A gente sabe da nossa capacidade técnica e quer estar nesse mapa global. Nesse processo de aceleração, a gente entendeu que uma coisa que a gente enxergava como possível ponto fraco virou um ponto forte. A gente tem no Brasil um celeiro de talentos, só que muito mais barato que no exterior. Então dado que a gente vem do Brasil, nossa engenharia e ciência vai ser lá, como a gente vai ser respeitado para jogar o jogo global? A gente tem que captar com um fundo gringo”, afirma Gabriel.

Com os recursos, a DHARMA-AI quer investir em pesquisa para conseguir treinar os modelos pequenos sem pegar os dados dos clientes. Posicionada como AI Lab, a startup possui um braço importante de pesquisa e desenvolvimento.

Atualmente, a DHARMA-AI comerciliza dois produtos próprios com vendas para grandes companhias: o Smart OCR, de leitura inteligente de documentos corporativos (já disponível no AWS Marketplace), e o AI Assistant for Industrial Operations, voltado a manutenção
preditiva e eficiência operacional.