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Startup Hangover fatura R$ 2 mi organizando despedidas de solteiro

Startup cuida de praticamente tudo, da hospedagem e alimentação às experiências e entretenimento personalizados para cada grupo

Festa
Foto: Karolina Grabowska/Pexels

Para algumas pessoas, quanto mais celebrações, melhor. Principalmente se for para comemorar algo tão importante quanto um casamento. As despedidas de solteiro são quase como um ritual de passagem para os noivos e seus amigos – e não precisa ser nada no nível de “Se beber, não case”. Na maioria das vezes, a regra é simples: ter diversão, muitas risadas e, é claro, bebedeira.

Mas o que pouca gente sabe é que fazer uma despedida de solteiro pode dar muita dor de cabeça para quem está organizando. Planejar a viagem, reservar hotéis, alugar uma casa, comprar passagens, garantir os comes e bebes, ou até procurar baladas, shows, passeios e festas memoráveis são coisas que demandam tempo, dinheiro e até habilidade.

Foi para resolver essa dor que surgiu a Agência Hangover, startup especializada em realizar despedidas de solteiro para noivos e noivas em todo o mundo. A proposta surgiu da experiência de Eduardo Vespa, que ficou encarregado de organizar a despedida quando o primeiro amigo da sua turma se casou. “Nunca tinha feito ou participado de uma despedida de solteiro. Além disso, o noivo queria ir para Jurerê (SC) e eu não conhecia a região. Não sabia nem por onde começar a organizar a comemoração, e procurei uma empresa que nos ajudasse, mas não encontrei nada”, conta.

A startup cuida de praticamente tudo, da hospedagem e alimentação às experiências e entretenimento personalizados para cada grupo. Além de um cozinheiro e equipe de limpeza para manter a casa organizada, os participantes podem contar com o apoio de um host local para conferir se tudo está indo como desejado, e se é necessário abastecer a casa e manter as bebidas geladas.

Não por coincidência, o negócio foi lançado em 2017, no dia 13 de junho – Dia de Santo Antônio, o santo casamenteiro. Atuando como um intermediário entre os noivos e os serviços, tudo que Eduardo precisou para lançar a empresa foi uma plataforma para atrair os clientes. Hoje, são 7 colaboradores em um escritório localizado em São Paulo e mais de 370 despedidas de solteiro realizadas no Brasil e regiões como Ibiza, Buenos Aires, Montevidéu, Miami, entre outros.

Eduardo Vespa, fundador da Agência Hangover
Eduardo Vespa, fundador da Hangover
(Foto: Divulgação)

Estratégias de negócio

A Agência Hangover trabalha com dois dos mercados mais impactados pela Covid-19: eventos e turismo. Para sobreviver a esse momento, a startup teve que se adaptar e passou a focar em grupos menores. De acordo com Eduardo, a empresa não deixou de vender e em 80% dos meses durante a pandemia conseguiu atingir o break-even (sem lucros, nem prejuízos).

A partir de junho de 2021, os negócios voltaram ao normal, organizando quase 10 despedidas de solteiro por mês. De janeiro a outubro de 2022, a startup já cresceu 35% em relação ao ano completo de 2019. A expectativa é que até dezembro a porcentagem seja ainda maior, com um aumento de festas nos últimos meses do ano. A startup vendeu mais de R$ 2 milhões este ano, com projeção de chegar a R$ 4 milhões até o fim de 2022.

“É um mercado com barreira de entrada pequena, então acabam entrando outros players. Mas com a pandemia, muitos fecharam as portas”, afirma Eduardo. Hoje, a startup tem como concorrentes a Game Over e a Flamingo Despedidas, mas aposta em parcerias-chave com empresas para se diferenciar no mercado.

Uma delas é a Diverti, que organiza rodeios em todo o Brasil. Juntas, as empresas oferecem ações em rodeiros que os convidados não teriam acesso se não fosse pela Hangover. Entre elas, um camarote open bar exclusivo, entrada sem filas e um garçom exclusivo repondo as bebidas o tempo todo. “Qualquer um pode organizar uma despedida de solteiro. Então começamos a fechar parcerias exclusivas para oferecer experiências que só são possíveis pela Hangover”, explica Eduardo.

A hospedagem é outro bônus. Hoje em dia, o Airbnb não permite a realização de festas nos imóveis alugados pela plataforma, o que limita a opção dos noivos. Então a Hangover aluga casas com diferentes comodidades, incluindo piscina e até boate própria.

Próximos planos

O primeiro e único investimento externo da Agência Hangover veio em 2019, graças a uma participação no Shark Tank. Na época, Cristiana Arcangeli injetou R$ 300 mil no negócio, mas no início de 2021 com o mercado em baixa por conta da pandemia, a empreendedora serial vendeu sua participação para Eduardo.

Agora, a Hangover cresce com recursos próprios – algo que Eduardo não vê como um problema. “Estamos crescendo organicamente e reinvestimos todo o valor na empresa, porque ainda há muito mercado para conquistar”, pontua. Ele não descarta uma busca de capital externo, mas diz que o investidor precisaria entrar muito mais com know-how do que com dinheiro.

Em relação aos objetivos, o executivo tem um olhar especial para os Estados Unidos, trazendo os moradores da região para festas de solteiro no Brasil. “A cultura de despedidas de solteiro nos EUA é muito forte, semelhante ao que a lua de mel é para nós. E para eles fica muito barato vir ao Brasil, por conta do preço do dólar”, explica. A startup já testou a estratégia em seus primeiros anos de vida, mas teve que pausar os planos com as restrições da Covid-19. Agora, a meta é retomar a iniciativa.