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Startups Explica: Como funciona o investimento de Venture Capital?

Uma startup pode receber diversos tipos de investimentos: seed, anjo, série A, B, C, entre outros. Vamos te ajudar a saber a diferença

Tipos de investimento

Aqui no Startups, falamos de negócios e empreendedorismo todos os dias, lidando com diversos termos que são comuns no meio. De uma pivotagem pra cá, ou um rodada bridge pra lá, nossos textos refletem e colocam em discussão essa realidade. Contudo, nem todo mundo está 100% por dentro dos paranauês e dos significados dos termos usadospor fundadores e investidores.

É por isso que criamos o Startups Explica. Aqui vamos falar (e explicar) de forma descontraída sobre os termos diferentes do meio das startups, contando com o ponto de vista de quem é expert na área. Para quem está começando neste empolgante meio, é o momento de aprender mais – e para quem já é iniciado, sempre dá pra aprender uma ou outra coisinha nova. Neste 1º artigo da série, falamos sobre como funciona o investimento de venture capital. Aproveite! E se tiver alguma dúvida, crítica, ou sugestão, fala com a gente: [email protected].

Quais são os tipos de rodadas de Venture Capital e como funcionam?

Ter uma startup é praticamente sinônimo de buscar investidores. Isso vale desde a aparição de uma simples ideia de produto ou serviço, até o momento de transformar uma pequena operação em um negócio de milhões (ou bilhões).

Por isso, uma startup pode receber diversos tipos de investimentos ao longo de sua existência, dependendo do seu estágio de desenvolvimento, ou do risco que ela carrega em relação a seu modelo de negócio.

E depois que uma empresa atravessa seus primeiros estágios, seja por aportes próprios ou investidores-anjo, chega a hora de focar em outro tipo de captação de recursos para impulsionar o crescimento: o venture capital (VC).

Esse capital de risco pode vir em diferentes rodadas e valores, de acordo com o tamanho e o potencial de cada negócio. Capital-semente, série A, B, C, entre outros. No texto abaixo, vamos te ajudar a saber a diferença entre estes termos.

Anjo

O que é Investimento Anjo?

Antes de entrarmos na parte dos fundos de venture capital, vamos falar rapidinho dos anjos. Diferentemente dos tipos de aportes que vamos falar a seguir, o investidor-anjo tem um outro perfil, e justamente por isso ele vem antes dos investimentos dos fundos.

Geralmente são realizados por pessoas físicas, que após analisar e confiar no plano de negócios de uma startup, resolvem tirar dinheiro de seu próprio bolso para impulsionar um novo negócio, em troca de retorno sobre o lucro do valor aplicado.

É um tipo de aporte bastante difundido para startups que estão ainda tirando sua ideia do papel, fazendo os primeiros testes para pegar os primeiros clientes – famoso MVP sobre o qual falaremos em um outro episódio da Startups Explica.

Estes investidores podem ser empresários que querem colocar seu dinheiro em opções com potencial de lucro superior ao de uma aplicação tradicional, até mesmo o seu tio com bastante dinheiro na poupança e quer ajudar você a montar sua startup. Este tipo de investimento geralmente vem depois, ou se confunde com uma outra fonte comum de financiamento para startupeiros, o family, friends and fools (família, amigos ou tolos, em inglês), ou love money, as pessoas mais próximas que ajudam quem está começando na base da confiança mesmo.

Aportes de investidores-anjo podem ser de todos os tamanhos, podendo ir de alguns milhares de reais até centenas, ou milhão, dependendo do amanho do bolso de quem assina o cheque.

Hoje o  mercado de anjos no Brasil está bem mais maduro, com investidores profissionais que acompanham as startups com atenção, inclusive ajudando suas aportadas a obter maior sucesso ao compartilhar conhecimento e contatos, com o chamado “smart money”.

“O Anjo tem uma participação importante no começo, atuando em uma linha muito delicada entre gerar valor e não atrapalhar o negócio a crescer. Os melhores anjos não investem buscando ingerência sobre a operação. Eles ficam full-time ‘on-demand’, ajudando apenas quando solicitados pelos founders”, destaca William Cordeiro, sócio do SaaSholic, gestora especializada em investimentos early-stage, com foco no segmento de software como serviço (SaaS).

Seed Money

Investimento de venture capital: seed money

Aqui já entramos de vez na seara dos fundos constituídos (e até de empresas), embora ainda dentro do perfil early-stage. As rodadas de capital semente (ou Seed Money) são para as startups que já estão em estágios ligeiramente mais avançados, com um plano de negócio inicial, produtos e personas de consumidor mais encaminhadas.

É um tipo de investimento que é utilizado para estruturação do negócio, com a contratação de pessoas-chave em áreas como desenvolvimento e vendas – ou seja, para ganhar força no go-to-market, que é quando o produto ou serviço é lançado de fato.

Ao buscar estes investimentos, este geralmente é o momento em que as startups já precisam ter um conhecimento do mercado em que atua e mais clareza nas projeções para seu negócio. Os aportes de capital semente geralmente vão de R$ 400 mil a R$ 2 milhões. Mas em casos específicos, dependendo do pedigree dos fundadores, ou das expectativas em relação ao mercado em que a companhia atua, os valores podem ser muito maiores. Um exemplo é a Kamino, o novo negócio de Benjamin Gleason fundador do GuiaBolso. Em sua rodada seed, a companhia levantou mais de 6 milhões… DE DÓLARES!

Dentro da modalidade do capital semente existem também os aportes chamados de pré-seed, que vão para empresas em um estágio de desenvolvimento inicial – com investimentos menores, de R$ 200 mil a R$ 300 mil em média.

Em muitos casos, o seed (ou pré-seed) money é aplicado depois do investimento-anjo, com o intuito de manter o capital de giro da empresa saudável, possibilitando que o crescimento continue acelerado, rumo a investimentos de maior calibre.

O capital-semente preenche o vazio entre os fundos para inovação e as fontes tradicionais de capital de baixo custo disponíveis para empresas maduras. O capital-semente entra num momento arriscado da operação das empresas em estágio inicial, que estão em busca de ajustar seu produto ao mercado, comprovar a eficácia da sua solução e a capacidade dos empreendedores”, explicam Kaique Cedro e Cristian Marinho, analistas da Invisto.

Série A

O que é uma rodada Série A?

O momento de levantar uma Série A é quando a empresa já tem uma certa história e conquistou espaço no mercado, com números consistentes de receita ou outros indicadores de performance que podem atrair investidores.

Ao atingir este perfil, em uma rodada Série A startups buscam maiores quantias para escalar seus produtos ou serviços para outros mercados – em nível nacional ou até fora de seu país.

Uma Série A pode envolver valores de R$ 2 milhões a mais de R$ 20 milhões, mas exige uma contrapartida alta das empresas que buscam estes valores, até porque nestas rodadas elas sentam à mesa com grandes fundos de investimentos. Pode escolher o nome aí: Kaszek, Softbank, Tiger Global, DNA Capital, entre diversos outros, estão entre os fundos de VC que focam neste estágio.

Para atrair investidores, é necessário contar com um plano de negócios robusto e com uma visão clara de desenvolvimento e monetização a longo prazo. Os investidores de série A não procuram apenas boas ideias, mas sim ideias que saibam o caminho para o sucesso.

“Neste estágio, a startup já deve ter clientes pagantes e receita proveniente da venda de seus produtos ou serviços. Normalmente são contratos de prazo mais longo e até com algumas renovações iniciais dos primeiros clientes”, explica Daniel Ibri, sócio-fundador da Mindset Ventures.

O que são as rodadas série B, C, D…?

As rodadas que podem vir na sequência de uma série A geralmente são consequência de uma estratégia que está funcionando e precisa escalar.

O dinheiro nestas rodadas subsequentes serve para sustentar e acelerar o ritmo de crescimento. Ao buscar mais funding, as empresas investem em novos produtos, expandem para outros mercados e até mesmo partem para a aquisição de startups que podem fortalecer a sua operação.

Nestas rodadas inclusive, com a diminuição do risco de investimento, outras instituições financeiras também podem se juntar às gestoras de venture capital para aplicar seu dinheiro.

Fundos de cobertura (hedge), bancos de investimento, escritórios de private equity e outras organizações também participam das rodadas. Em média, o valor de uma série B vai de R$ 30 milhões a R$ 60 milhões.

Algumas startups podem chegar a ter até rodadas D e E, mas geralmente depois de uma série C bem sucedida, empresas já adquirem a maturidade para uma oferta pública de ações na bolsa de valores –  o famoso IPO – inclusive trazendo gestores focadas em empresas de capital aberto para apoiar o processo de preparação para este momento.