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Startups Fever: CFOs em startups ganham relevância e papel estratégico

Startups Fever: CFOs em startups ganham relevância e papel estratégico

O CFO de antigamente, que era conhecido por ser o ás das planilhas – e dizer vários nãos – é coisa do passado. Profissionais sêniores da área financeira ganham cada vez mais relevância com uma atuação estratégica e amparada por dados.

Esta foi uma das conclusões do painel “Quem é o CFO do futuro?” mediado por Danylo Martins, do Finsiders, com a participação de Gabriela Carvalho, diretora de relações com investidores e FP&A do iFood, Bruno Cruz, head de controladoria da Loft e Jandaraci Araújo, CFO da 99jobs.

“O CFO que atua em startups hoje em dia é muito mais multidisciplinar do que uma pessoa que somente olha números. Estes profissionais tem uma função estratégica e se conectam com o business como um todo, e se eles não entenderem o contexto do negócio e do mundo, não conseguem contribuir tanto”, diz Gabriela.

Bruno, da Loft, tem um histórico de 13 em consultoria, na PwC, e atuou na transformação da Via Varejo, trabalhando inclusive em operações de aquisições de startups. O executivo concordou com a mudança do papel do CFO para uma função mais holística nas startups – e inclusive, que desempenha um papel crucial na maturidade destas empresas. “O CFO nas startups é o cara que ombreia com o CMO, o COO, o CEO, o co-founder”, ressalta.

A necessidade de ser flexível em relação a natureza do negócio em startups, em que acontecem diversas mudanças de rumo, também foi mencionada pelos painelistas. “É preciso estar aberto ao novo, não trazer soluções prontas e ouvir muito”, diz Bruno.

Foco em dados

Durante a sessão, Gabriela, do iFood, falou sobre o papel dos dados na tomada de decisão da foodtech. Segundo a executiva, em 2018 a startup percebeu que a empresa tinha ganhado uma complexidade significativa, e a dificuldade para analisar informações financeiras também aumentou. “Estávamos catando milho, e perdendo capacidade de análise”, pontua.

A empresa então começou a digitalização de processos, e montou um data lake “enorme”, e hoje consegue fazer seu P&L em questão de horas – um processo que levava cerca de 5 dias anteriormente. “Isso libera o time para focar em tarefas mais estratégicas, fazer coisa que o computador ainda não substitui”, ressalta. A executiva acrescenta que hoje, a granularidade de dados que o iFood tem acesso hoje significa que a startup consegue até saber o lucro de cada pedido de delivery feito pela plataforma.

Segundo Bruno, a Loft olha para dentro e para fora da organização quando o assunto é dados. “Se eu só tenho os dados de supply, que é a informação de terceiros, a avaliação dos imóveis, eu quebro como empresa. Temos uma área interna que faz cálculos e valuation dos imóveis próprios e de terceiros, que nada mais é do que uma inteligência de negócio”, ressalta o executivo, acrescentando que ter transparência dos dados financeiros também tem um papel essencial na construção da cultura da empresa.

Diversidade

A necessidade de criar departamentos financeiros diversos também foi abordada no painel. Jandaraci, da 99jobs, falou sobre sua própria trajetória, de vendedora de salgados a CFO e conselheira, e o investimento que fez na aquisição de habilidades ao longo de sua carreira.

A executiva também levantou o ponto do alto custo das certificações para que profissionais diversos possam ascender em carreiras de finanças, e da necessidade de ações em startups que movam o ponteiro de fato. “Precisamos preencher os lugares na área financeira [com pessoas diversas], não só em startups, mas no mercado financeiro como um todo. Mas gente há ainda uma amplitude de formações que a gente precisa fomentar, e não são formações baratas”, pontua.

Além disso, Jandaraci comentou sobre a necessidade de ter intencionalidade no fomento a diversidade. “Letramento racial é obrigatório hoje em dia, mas também é preciso olhar para os públicos LGBTQIA+”, acrescenta a CFO, acrescentando que a startup em que atua tem uma série de iniciativas focadas en diversidade interseccional, com pessoas negras e trans em ascensão em diversos departamentos.

Bruno, da Loft, falou sobre a responsabilidade de empresas nessa construção. “Cansei de ser o único da sala na graduação na USP, na pós na PUC, eu era o único negro da sala e também na cadeira de CFO, controladoria e auditoria. Esse é um processo de longo prazo, e que empresas precisam lidar, pois elas não estão fora da sociedade: elas são parte da sociedade”, ressalta.

Jandaraci, da 99jobs, frisou que ações intencionais em diversidade nas várias funções de uma startup – inclusive a financeira – deixou de ser somente “uma coisa legal de fazer”.

“Também passamos da fase de dizer que você quer ou não quer fazer isso. E isso serve para qualquer startup, em qualquer nível. O discurso de que não existem pessoas preparadas para determinadas posições não cabe mais no país de hoje,” conclui.

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