Muitos bilhões de dólares estão disponíveis no caixa das gestoras de venture capital ao redor do mundo. Mas o processo de captação de dinheiro deixou de ser tão simples quanto vinha acontecendo nos últimos tempos.
“Tem ajuste de termos e de expectativas e da logística de como o processo de fundraising acaba sendo feito. Vai ter mais diligência, um processo que demorava uma semana vai levar 1, 2 ou 3 meses. Vai ter menos euforia e processos mais estruturado”, avaliou Bernardo Brites, fundador e presidente da Trace Finance. Ele participou do painel “Fundraising na vida real: o segredo está no pitch?”, durante o Startups Fever. A convera foi conduiada por Diogo Garcia, sócio-diretor e líder do programa Emerging Giants Brasil da KPMG.
Durante a conversa, Felipe Mansano, da EquitasVC, destacou dois pontos que ele considera importantes para fundadores na hora de captar dinheiro. Um deles é manter os investidores atualizados mesmo depois de tomar um não em uma conversa sobre aporte. “Foi não agora, mas pode virar sim. Só de receber os updates, já gera muita confiança no investidor”, disse.
O outro ponto – que faz ainda mais sentido em estágios mais iniciais de desenvolvimento do negócio – é chegar com o processo de entendimento do mercado e das dores bem feito. “O fundador que chega com [dados concretos] que 70% das pessoas em uma pesquisa feita com 200 pessoas sentem aquela dor, a gente até pula da cadeira. Tem coisa aí. E muita gente não faz isso”, disse Felipe.
Jorge Vargas Neto, fundador da Bhub, que está em sua 3ª startup, contou que fez eesse processo de discovery com 300 entrevistas. Além disso, ele mesmo viveu a dor de não conseguir lidar com o backoffice de uma companhia, e queria simplificar isso para outras empresas com seu novo negócio. “Quando você resolve uma dor que você mesmo já viveu, é muito mais interessante”, afirmou.
Segundo ele, isso ajudou muito nos processos de captação. De acordo com ele, as rodaas não aconteceram com pedidos de cheques, mas com uma apresentação do que a companhia tinha entendido do mercado e de quanto ela imaginava que precisava para seguir adiantes. “Depois disso a gente recebeu as propostas”, contou.
Isabelle Hirayama, gerente de estratégia e M&A da Movile, que disse avaliar diversos pitches diariariamente, afirmou que resolver um problema real é uma fator importante ao olhar para um negócio, e acresccentou alguns outros elementos como a tração do negócio, a saúde dos unit economics e claro, o time.
Na Nuvemshop, Andrey Yu, gernete de relações com investidores, contou que além do crescimento que vinha experimentando, a companhia falou muito da expansão para novos mercado, como o México, a entrada em pagamentos e também em logística em sua última captação. “Melhorar produto e o ecossistema. Fomos nessa linha no pitch”, revelou. De acordo com ele, no momento a companhia está digerindo as aquisições recentes que fez, por isso não há nenhum processo de M&A em vista.