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Startups latinas captam 17% menos no 1º semestre (mas não se desespere)

Aportes nas startups da região somaram US$ 734 mi em junho, pior resultado desde fevereiro de 2021. Brasil caiu 32% no período

Startups latinas captam 17% menos no 1º semestre (mas não se desespere)

O volume de investimento captado pelas startups da América Latina recuou 17% no 1º semestre do ano, somando US$ 6,8 bilhões, segundo levantamento da Sling Hub. A queda no período foi puxada por um forte recuo no mês de junho: 76%, passando de US$ 3,1 bilhões entre janeiro e junho do ano passado para US$ 734 milhões agora.

No Brasil, que responde por pouco mais da metade do mercado, a freada foi ainda mais forte. O capital aplicado foi um terço menor, somando US$ 3,7 bilhões. No mês de junho, foram US$ 410 milhões, 81% menos do que no mesmo mês do ano passado, quando US$ 2,13 bilhões em cheques foram assinados.

O enxugamento é resultado da aversão ao risco por conta do aumento dos juros para combater a inflação que afetou as bolsas e respingou sobre o mercado de venture capital. Quem tem sofrido mais são as companhias em estágio avançado de desenvolvimento, que necessitam de cheques mais polpudos para se financiar.

Ontem, por exemplo, a Loft fez sua 2ª leva de demissões no ano, cortando 12% de seu quadro de 3,2 mil pessoas. Com a redução, a proptech que foi avaliada em mais de US$ 2 bilhões em sua rodada de série D em março/21, soma 543 demitidos.  

A questão é que os investidores estão menos propensos a fazer as mesmas apostas em negócios que queimam caixa em ritmo acelerado do que estavam há 1 anos. Como os cheques mais altos não estão disponíveis neste momento, o mercado todo acaba sendo impactado – em termos de valores, as mega rodadas influenciam (ou inflam) muito os números totais.

Vale lembrar que 2021 foi um ano de recorde histórico para o mercado de venture capital globalmente. Então recuar em relação a este marco, especialmente em um ano de tanta incerteza, é algo natural. E dá para olhar para alguns indicadores de forma otimista. Os US$ 734 milhões captados pelas startups latinas em junho representaram o valor mais baixo desde fevereiro de 2021. No Brasil, os US$ 415 milhões do mês foram superiores aos US$ 363 milhões de abril.

A correção está posta. Mas o cenário está longe de uma catástrofe. Pelo menos ainda.

Startups com copo meio cheio

Para não dizer que não falei das flores, a Sling Hub destacou alguns movimentos positivos ao longo do 1º semestre. As agtechs brasileiras, por exemplo, captaram US$ 186 milhões de dólares no período, resultado 86% maior que o registrado 1 ano antes. A série B de US$ 20 milhões da Agrotools com Inovabra e KPTL foi o destaque do mês de junho.

Na América Latina como um todo, as hrtechs se destacaram com US$ 306 milhões em investimentos entre janeiro e junho. O valor foi quase 9 vezes maior que os US$ 35 milhões recebidos um ano antes. As captações de Gupy, Flash e Sólides puxaram os números para cima.