Startups lideradas por mulheres receberam apenas 1,8% de todo o capital de risco – isto é, cerca de US$ 104 bilhões – aportado na Europa em 2021. A porcentagem é inferior aos 2,7% registrados em 2020, de acordo com o relatório European Women in VC publicado pela IDC.
Segundo a pesquisa, 3/4 das startups na região são fundadas por homens e apenas 8% têm um time de fundadores exclusivamente feminino. A disparidade se observa também do outro lado da mesa, já que mulheres são apenas 15% das sócias gerais dos fundos de venture capital do continente. “Isso está acontecendo embora muitas vezes as investidoras superem seus colegas masculinos na obtenção de retornos sobre o investimento”, diz o relatório.
Apesar do resultado, o levantamento observa avanços importantes no ecossistema global. Entre eles está a Chief, startup de networking para executivas e outras lideranças femininas. Fundada em 2019 por Carolyn Childers e Lindsay Kaplan, nos Estados Unidos, a companhia levantou US$ 100 milhões em sua série B e ganhou o status de unicórnio em março deste ano, avaliada em US$ 1,1 billhão.
A IDC destaca também o ano de 2021 como recorde de saídas e IPOs de lideranças femininas, não só na Europa. A listagem do aplicativo de relacionamento Bumble fez com que sua fundadora, Whitney Wolfe Herd, se tornasse a mulher mais jovem da história a abrir capital de uma empresa nos EUA. A empresa de testes genéticos 23andMe estreou na Nasdaq em junho do mesmo ano, elevando a fortuna da fundadora Anne Wojcicki para mais de US$ 1 bilhão (embora, segundo a Forbes, a executiva tenha deixado o clube dos bilionários seis meses depois).
Por que precisa mudar
Uma das perguntas levantadas no relatório é “por que a igualdade de gênero é importante?”. Se apenas a premissa de dar os mesmos direitos e oportunidades para as mulheres não é suficiente para convencer, a IDC indica que investimentos em startups lideradas por mulheres traz “resultados significativamente melhores para os investidores”.
A pesquisa revela que igualdade de gênero está relacionada com a performance financeira de uma empresa, e que companhias com mais mulheres em cargos executivos são 25% mais propensas a serem rentáveis. Além disso, o relatório destaca que mulheres investidoras estão liderando investimentos em negócios aliados aos pilares ESG (ambiental, social e governança), guiadas mais pelo propósito do que pelo retorno financeiro.