A SuperOpa, criadora de app de delivery de alimentos com até 70% de descontos, com objetivo de reduzir o desperdício de alimentos, se prepara para expandir a operação. Os planos que envolvem o ganho de escala serão apoiados por um seed de R$ 10 milhões que a foodtech está levantando.
Metade do valor virá de investidores institucionais, com a rodada liderada pela RG Nutri e participação de outros fundos como o Bossa Nova. Já os outros R$ 5 milhões são estimados de serem captados via crowdfunding pela SMU — a rodada está aberta apenas para investidores que decidam aportar mais de R$ 50 mil, os quais possuirão condições especiais. A partir do dia 8, ela estará disponível para o público em geral, com investimentos a partir de R$ 5 mil.
Em 2020, a plataforma de crowdfunding já havia levantado R$ 2,3 milhões para a startup. Antes disso, o primeiro aporte da SuperOpa, de R$ 330 mil, veio em 2019 como investimento anjo para a criação do seu MVP.
Segundo Luis Borba, cofundador e presidente da companhia, um dos destinos da grana da nova rodada inclui a otimização da operação do centro de distribuição próprio (green store) que a SuperOpa inaugurou em Campinas no início do ano. O espaço de 3.500 m² tem capacidade de distribuir até 6.000 toneladas de produtos por mês e atende exclusivamente os pedidos feitos pelo app da startup.
Também está nos planos investir em sistemas de gestão de galpão, infra para receber os produtos e na distribuição, para levar os produtos aos bairros de classes C e D da grande São Paulo. Falando nesta última estratégia, Luis revelou em primeira mão ao Startups uma novidade que vai beneficiar (e muito!) a vida de moradores de comunidades.
“Vamos inaugurar no dia 20 de junho nosso primeiro container pickup alocado em uma comunidade de São Paulo, beneficiando os 15 mil moradores do Jardim Lapena, na Zona Leste da cidade”, diz o empresário, acrescentando que o projeto é financiado pela Fundação Tide Setubal. As pessoas poderão comprar pelo app sem custo de frete ou ir até o container que ficará estacionado na saída da estação de trem São Miguel Paulista, que fica no bairro.
Indústria e consumidor satisfeitos
Quando Luis e seu sócio Leandro Zanardi decidiram estudar a origem do desperdício de alimentos no início da operação, descobriram que quem absorve todo o problema do prejuízo é a indústria. Ou seja, as empresas colocam em seu custo de produção uma margem relacionada ao desperdício, deixando o produto mais caro.
“É uma batata quente que vai passando da indústria para o distribuidor e, por fim, para o consumidor final. Por isso, ao longo desses três anos, criamos um modelo disruptivo para endereçar esse problema. Uma solução que crie valor para a indústria e gere um benefício ao cliente final”, afirma Luis.
Lembrando que a SuperOpa pega alimentos próximos ao vencimento que os distribuidores não conseguem entregar para o varejo – e que normalmente acabam sendo jogados fora – e os revende aos consumidores por meio de seu marketplace com descontos que chegam a até 70%.
Questionado sobre a concorrência com a Food to Save, que também luta contra o desperdício de alimentos e oferece descontos em seu delivery (de sacolas surpresas), Luis afirma que não há competição e até estuda unir forças com a foodtech. “As propostas são diferentes. Enquanto a Food to Save endereça uma forma para resolver o problema final na cadeia, nós atacamos o problema na origem, e com volumes maiores de produtos”, comenta.
Reconhecimento e visibilidade
Em sua jornada de ganhar mais visibilidade e escala, a SuperOpa teve o gostinho bem saboroso de ser uma das finalistas (junto da Quiron Digital) na primeira etapa do XTC Brasil, que foi inclusive transmitida em live pelo canal do Startups no YouTube.
Dentre as mais de 50 startups que se inscreveram, as duas startups acabaram sendo escolhidas para representar o Brasil na final por categorias do Extreme Tech Challenge (XTC), a maior competição global de novas empresas com propostas focadas em mudar o mundo.
Infelizmente, a SuperOpa não foi selecionada em sua categoria para concorrer à grande final global da competição, que será realizada no dia 14, em San Francisco. No entanto, Luis comemora os aprendizados conquistados durante a trajetória no XTC.
“Foi sensacional participar do XTC com startups de primeira linha, partimos para um treinamento na Califórnia com diversas pessoas, conversei e tirei dúvidas com os fundadores do evento. Ano que vem devemos mostrar mais resultado e mais maturidade”, diz.
Se depender da estratégia de expansão e do crescimento apresentado pela empresa desde sua fundação, vai dar certo. Segundo Luis, a foodtech tem crescido seu faturamento quatro vezes todo ano, de forma sustentável, e a expectativa é fechar 2022 com pelo menos R$ 10 milhões de faturamento.