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Surfando no open banking, Emprex quer promover "troca-troca" de empréstimos

Fintech usa dados bancários para avaliar "fluxo de caixa" e gerar proposta de empréstimo. Objetivo é conceder R$ 100 mi até o fim de 2022

The money writes with white chalk is on hand, draw concept.
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Se você tem mais de 30 anos deve ter assistido em programas de auditório àquela famosa cabine do “você troca uma bicicleta nova por uma folha de papel?” E a resposta geralmente era sim! Essa lembrança me veio à mente assim que acessei o site de uma fintech e me deparei com a seguinte frase: troque seu empréstimo caro no banco por um empréstimo na Emprex. A diferença é que, nesse caso, a troca tem tudo para ser mais vantajosa. “Só fazemos uma oferta se houver uma economia significativa para o cliente”, explica o suíço Silvan Roth, fundador da companhia. Em uma simulação de um crédito entre R$ 10 mil e R$ 12 mil em 12 parcelas, a economia pode ser de R$ 60 por mês, ou 20% de juros ao ano.

Fundada em dezembro/20, a Emprex desenvolveu um sistema de empréstimo digital com um algoritmo de classificação de crédito proprietário baseado em machine learning e big data. A ideia é se alavancar no conceito de abertura de dados com o open banking para ganhar tração. “Hoje é possível processar um grande volume informações de consumidores brasileiros, fazer uma análise robusta de devedores olhando para transações bancárias. Antes você só tinha acesso aos dados de créditos negativo”, avalia o suíço Silvan Roth, cofundador e presidente da Emprex. Os outros fundadores são o alemão Sebastian Becker e o brasileiro Bruno Vanucci.

Silvan Roth, co-fundador e presidente da Emprex

Como a “mágica” acontece?

Quando se cadastra no site, a pessoa interessada no empréstimo conecta suas principais contas ao serviço. Com o acesso a esses dados, é feita uma análise sobre a situação financeira e a capacidade de pagamento. Depois disso dessa avaliação de fluxo de caixa, por assim dizer, é gerada uma proposta de empréstimo. A expectativa é chegar a R$ 100 milhões concedidos até o fim de 2022.

O foco está em pessoas das classes B, C e até D. O serviço foi lançado oficialmente em julho e nesta 1ª fase de atuação, o limite de crédito é de até R$ 20 mil para empréstimos obtidos nos 7 maiores bancos do país. A conexão é feita por meio das APIs da belvo. O prazo máximo de pagamento é de 24 meses.

Ao roubar bons clientes do bancos, pessoas que já têm empréstimos contratados e se comprometeram a pagar parcelas mais caras em seu empréstimo, Silvan diz acreditar que é possível ter um nível de inadimplência menor. Por outro lado, ele também diz que o empréstimo sem garantia tem margem melhor, o que permite ter um número de perdas mais alto. “O modelo de risco é muito melhor do que o que está sendo oferecido no mercado brasileiro. São ativos de alto valor, com risco baixo”, diz ele.

A Emprex não é uma instituição financeira. Ela opera como correspondente bancário da Socinal Financeira. A ideia, segundo Silvan é construir um histórico de operação para seguir rumo ao funding próprio. “Tem muito investidor procurando esse tipo de ativo. É um ótimo momento para criar securitização”, diz.

Da Suíça para o Brasil

A relação de Silvan com o Brasil começou há quase 10 anos, quando ele estudou e trabalhou por aqui. Ele foi bolsista a da Fundação Lemann, do seu conterrâneo suíço-brasileiro Jorge Paulo Lemann. Em 2014 ele voltou para a Europa onde teve passagens pelo BNP Paribas e pelo Goldman Sachs, administrou um fundo de crédito na Suíça e chegou a cofundar uma fintech de crédito.

Sem perder contato com o Brasil, ele ficou animado com a abertura do mercado promovida pelo Banco Central e resolveu voltar pra cá. “Como administrador do fundo comecei a girar a carteira para investimentos mais exóticos, foi então que percebi que novas tecnologias permitiam novas formas de investir”, diz. Segundo ele, na Suíça, a principal atividade das plataformas digitais é exatamente fazer a troca de dívidas caras por opções mais baratas, o que inspirou o modelo de atuação da Emprex. “O governo suíço tem um teto de juros de 10% ao ano. Qualquer coisa acima disso é um roubo. E mesmo assim você tem plataformas para melhorar a análise de crédito”, conta.

Atualmente o negócio roda com recursos próprios investidos pelos sócios. Conversas com fundos brasileiros e estrangeiros estão rolando para uma rodada que ele diz que será grande na virada do ano. “Mas temos capital próprio suficiente para ganhar uma boa tração inicial”, diz Silvan. Entre seus investidores a companhia tem Paul Malicki, fundador e presidente da Flapper. Silvan também passou pelo programa da Latitud, do Brian Requarth.