Sustentabilidade

Agroforestree: Captura de carbono vai além de plantar árvores

Climate tech recebeu aporte de R$ 340 mil da FDC Angels, braço de investimento da Fundação Dom Cabral, e quer internacionalizar

Gabriel Neto, CEO e fundador da Agroforestree
Gabriel Neto, CEO e fundador da Agroforestree

Em uma viagem de motorhome, o engenheiro florestal Gabriel Neto entrou em contato com uma técnica que ainda não conhecia até então, a agrofloresta. Ao contrário de monoculturas, como de soja, milho e algodão, esse sistema combina diversas culturas agrícolas em meio a plantas nativas, aumentando a diversidade e enriquecendo a qualidade do solo.

Foi daí que surgiu a ideia para a Agroforestree, uma climatech especializada em projetos agroflorestais para compensação de carbono. A empresa recebeu recentemente um investimento de R$ 340 mil da FDC Angels, braço de investimento da Fundação Dom Cabral, e agora pretende ampliar a sua atuação e internacionalizar.

O aporte será usado também para desenvolvimento de novas tecnologias de monitoramento agroflorestal, e acontece em um momento estratégico para a empresa, que recentemente passou por um rebranding para refletir sua expansão além do mercado de carbono.

“A gente quer olhar para o mercado que vai além do carbono, que gere impacto socioambiental na ponta. A agrofloresta pega a área desmatada, sem floresta, com solo batido, e deixa melhor que antes, produzindo alimento, e financiando esse plantio junto a pequenos produtores. É uma lógica inversa à do agronegócio”, afirma Gabriel.

Chamado de “terra preta de índio”, o solo que resulta desse plantio diverso é fértil e escuro, encontrado na Amazônia. Esse sistema foi criado pelos povos nativos, e não apenas é rico em matéria orgânica e minerais, como também gera alimentos mais saudáveis e saborosos.

“Depois que eu comi uma banana plantada nesse solo, eu falei: eu nunca comi uma banana de verdade. O alimento que sai dali é muito mais acessível e sustentável que os orgânicos, que são monocultura e embrulhados em plástico”, diz o fundador da Agroforestree.

Nos projetos de captura de carbono, a startup consegue rastrear o plantio de cada árvore, incluindo sua espécie e o agricultor responsável. Agora, a startup planeja usar esses dados para desenvolver outros produtos. “São informações importantes para a cadeia de suprimentos”, acrescenta Gabriel.

Com a operação, Ricardo Blandy, presidente do conselho da FDC Angels e ex-diretor comercial da regreen, passa a integrar o conselho de gestão da Agroforestree. A startup também terá acesso a uma mentoria estratégica da Fundação Dom Cabral, escola de negócios especializada em gestão e escalabilidade.

Para Danilo Nascimento, cofundador e membro do conselho consultivo do FDC Angels, o aporte se alinha à missão da instituição de impulsionar negócios inovadores. “Identificamos na Agroforestree um modelo único que combina tecnologia, impacto social e regeneração ambiental. São elementos cruciais para a transformação que o setor agrícola brasileiro precisa”, destaca.