
A climate tech Preservaland nasceu em 2020 com o propósito de usar a tecnologia para proteger o meio ambiente. A ideia começou com a emissão de NFTs (tokens registrados em blockchain) de áreas florestais, mas com o tempo foi se transformando até chegar ao modelo atual de compensação ambiental para empresas. Com uma rodada aberta de US$ 2 milhões, a startup tem planos ambiciosos para o futuro que incluem o investimento de R$ 5 milhões em agroflorestas e a geração de créditos verdes negociados em bolsa.
Constituída em Delaware, a Preservaland também pretende abrir um escritório em Campinas no ano que vem. Atualmente, a startup possui um time de oito pessoas, contando os sócios Gustavo Hansel, Santiago Thomaz, Guilherme Santana, Caio Martinelli, Mauricio Benvenutti e Marcelo Costa Santos.
“A Preservaland surgiu para criar ativos de meio ambiente, como NFTs de áreas de conservação. Mas de lá para cá reinventamos a empresa e decidimos focar na automatização do processo de compensação ambiental. Nossos clientes são principalmente setores de obras lineares, como ferrovias e rodovias, além de loteadoras, por exemplo. A demanda no Brasil é de 25 mil hectares ao ano e todo licenciamento demanda essas compensações”, explica Guilherme Santana, fundador e CEO da Preservaland.
Atualmente, a empresa possui mais de mil hectares sob gestão. Para 2026, a meta é dobrar essa área e diversificar seus segmentos de atuação, focando na construção civil, além de manter a carteira junto ao setor de infraestrutura.
“Construtoras e incorporadoras não possuem equipe em compensação ambiental. Costumam ir ao mercado para contratar esse tipo de serviço e nós queremos ser a primeira opção deles”, afirma o fundador.
Em 2025, a startup já tem cerca de R$ 5 milhões de receita executados e projeta faturar cerca de R$ 10 milhões em 2026. Até o fim do ano, a Preservaland também pretende concluir uma rodada de US$ 2 milhões para acelerar seu crescimento e investir nas novas verticais do negócio.
O próximo passo, segundo Guilherme, é tornar produtivas as áreas florestais obtidas pela startup para gerar a compensação das empresas, por meio de um modelo de produção sustentável – ou agroflorestas.
O primeiro projeto que será implementado nesse sentido será de produção de mel, na região central de São Paulo. Paralelamente, a Preservaland planeja investir na produção de palmito jussara no litoral paulista e ter seringueiras no Oeste do Estado de São Paulo.
“A polinização feita pelas abelhas impacta as nascentes de água, além da cobertura vegetal. E conforme isso é colocado em funcionamento vai se viabilizando a estratégia de biodiversidade , que é vital para o nosso negócio”, aponta o CEO.
Para viabilizar o crescimento, em especial nessas novas frentes, a Preservaland vai investir cerca de R$ 5 milhões na aquisição de áreas e parte na produção agroflorestal. A ideia, segundo Guilherme, é que em 2027 a startup já consiga gerar receita recorrente com essa nova vertical do negócio.
Já para 2028 e 2029, os planos da startup incluem a geração de créditos de biodiversidade com as agroflorestas. Esses créditos seriam negociados na B3 por meio de um produto chamado Cédula do Produto Rural (CPR) Verde, que permite ao produtor rural e demais agentes que atuam na cadeia do agronegócio captar recursos que serão direcionados ao financiamento da conservação de florestas nativas e seus biomas.
Com a empresa dando lucro, Guilherme afirma que a busca pelos novos investidores está pautada por um alinhamento na questão ambiental. “O investidor precisa entender que as métricas de agro são diferentes de fintech, por exemplo. Os tempos de retorno são diferentes. Além disso, esse mercado de agroflorestas e créditos de biodiversidade é novo e bastante específico. O hype do ESG passou, o que estamos buscando agora são investidores que tenham convicção nessa área”, diz.
A Preservaland já captou US$ 200 mil junto ao fundo Apalaches, da Trivèlla Investimentos.