Há dois anos, os empreendedores Lucas Nunes Monteiro e Fabiano Yamasaki criaram no Parque Tecnológico de Sorocaba uma startup com o objetivo de ajudar indústrias a monitorar seu consumo de água em tempo real, alertando sobre excessos e possíveis vazamentos. Surgiu assim a Yágua, que atualmente tem clientes como M. Dias Branco e Johnson & Johnson, e prepara, para 2025, sua primeira rodada de venture capital.
Em entrevista exclusiva ao Startups, Lucas conta que a startup tem como lastro o deep tech, e desenvolve soluções utilizando conceitos de Internet das Coisas (IoT) e Ciência dos Dados alinhados ao âmbito de Cidades Inteligentes e Indústria 4.0.
A ideia, segundo ele, é oferecer às indústrias uma plataforma para fazer uma gestão eficiente dos seus recursos hídricos, trazendo indicadores de sustentabilidade. “O maior desafio hoje da indústria é materializar as informações de consumo de água. Nossa solução é focada em métricas ESG que ajudam as empresas, em especial aquelas de capital aberto, a materializar esses dados e prestar contas ao mercado e aos seus acionistas”, explica.
A Yágua faz a gestão tanto de poços artesianos, quanto de consumo de água adquirida por meio de concessionárias. Atualmente, a startup possui mais de 70 clientes, a maioria industriais, no Brasil e na América Latina, em países como Chile, Argentina e Colômbia.
O sistema conta com um dispositivo que é instalado no hidrômetro e envia as informações sobre o consumo de água de forma diária, disponibilizando a visualização dos dados de hora em hora, com visão geral do dia. Ou de forma mensal, disponibilizando a visualização dia a dia, com visão geral do mês.
Com a tecnologia da Yágua, Lucas explica que a frequência das medições aumenta, tornando os dados mais assertivos e confiáveis.
“No caso de indústrias que possuem poços artesianos, a medição ainda é muito feita de forma manual, com prancheta e fotografia. Em alguns casos é feita uma vez ao dia ou até mesmo uma vez a cada 30 dias. Quando tem vazamento, essas indústrias só conseguem verificar depois de 30, 40 dias. Ou seja, gera uma ineficiência operacional. Em alguns casos, é preciso enviar um profissional que vai andar de duas a três horas por dia para ver o parque de hidrômetro. Com os nossos dispositivos, a empresa consegue coletar a informação hora a hora”, afirma o CEO da Yágua.
Esses dados são enviados por nuvem para a plataforma, que gera um relatório mensal com indicadores sobre excesso de consumo, pontos de anomalia, entre outras análises.
Para 2025, a Yágua quer crescer e está se organizando para fazer sua primeira captação por venture capital. Até agora, a startup vinha sendo financiada com capital próprio. Um dos objetivos do aporte buscado pela empresa é expandir sua atuação no agronegócio.
“Hoje, 70% do consumo de água é destinado para irrigação. Os sistemas são automatizados, mas a distância é longa entre os pontos de captação e o local da irrigação, o que aumenta a chance de vazamentos. Percebemos uma oportunidade de gerar eficiência e impacto para esse mercado. Além disso, queremos expandir para B2G, oferecendo soluções para prefeituras, por exemplo”, diz Lucas.