Sustentabilidade

Cromai: Com tecnologia, agro sustentável é também mais lucrativo

Startup usa tecnologia proprietária e IA para identificar e combater plantas daninhas, reduzindo o uso de produtos químicos no campo

Solução reduz o consumo de água no campo. Foto: Canva
Solução reduz o consumo de água no campo. Foto: Canva

O agronegócio é um dos setores que mais contribuem para as mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, o que mais sofre com os efeitos de climas extremos. Com a tecnologia, porém, o setor tem descoberto que é possível minimizar os danos ao meio ambiente, sendo ainda mais lucrativo.

As startups cumprem um papel fundamental na inovação desse setor. Uma delas é a Cromai, que utiliza algoritmos proprietários em conjunto com a Gemini, a IA do Google, para identificar e combater plantas daninhas, reduzindo assim o uso de produtos químicos no campo.

“Até pouco tempo, o produtor não tinha o que fazer. Para evitar que as plantas daninhas tomassem a plantação ele tinha que aplicar o produto químico na fazenda inteira, o que prejudica o solo e deteriora o microbioma. Com a nossa tecnologia ele consegue fazer um manejo localizado”, explica Guilherme Castro, CEO e cofundador da Cromai.

Fundada em 2017, a startup atua hoje nas culturas de soja e cana de açúcar, que pela sua extensão são as que possuem o maior impacto ambiental. Segundo a Cromai, a solução tecnológica conseguiu reduzir em mais de 65% o uso de herbicidas e água nessas plantações, permitindo um retorno imediato de cerca de R$ 120 por hectare aos produtores.

Além disso, Guilherme afirma que há impactos indiretos, como menor consumo de óleo diesel e emissões de gases de efeito estufa, já que há menos necessidade de uso dos tratores, assim como menor compactação do solo gerada por esses veículos.

Em 2023, a Cromai gerou uma economia de mais de 7 mil litros de herbicida, 2 milhões de litros de água, além de 106 toneladas de CO2.

“No ano passado, nossa operação era um terço do que foi este ano. A partir de agora vamos começar a aumentar esses números. Hoje, atendemos uma área menor do que 10% em cana de açúcar, soja temos menos de 5%, apesar de já trabalharmos com grandes produtores. Mas eles estão vendo que conseguem aumentar a produtividade usando menos recursos”, destaca o fundador.

Segundo ele, boa parte dos produtores ainda contrata o serviço pensando mais no retorno financeiro do que no impacto ambiental. “Para um grande grupo isso significa milhões por ano que eles deixam de gastar com produto químico. Mas já temos alguns clientes que procuram a gente por um interesse em olhar o lado de sustentabilidade. Nossa plataforma permite gerar relatórios de impacto”, diz.

A última rodada captada pela Cromai foi em 2023, no valor de R$ 30 milhões. A Série A foi liderada pelo iDEXO, fundo de CVC da TOTVS gerido pela Citrino Ventures, com follow-on da Baraúna Venture Capital e do family office Citrino Gestão, de José Ermírio de Moraes Neto, herdeiro do Grupo Votorantim.

Guilherme conta que não pretende captar no ano que vem e que a Cromai está próxima de atingir o breakeven. Ele planeja uma rodada para 2026, no valor de R$ 100 milhões, com o objetivo de acelerar o crescimento no mercado de soja e lançar uma solução para as culturas de milho e algodão.

“Temos 97 clientes hoje, com foco em grandes grupos. Em cana, temos nove dos 10 maiores grupos. E, em soja, dois dos cinco maiores do Brasil. Essa transformação no campo está sendo enorme e há uma demanda internacional muito forte também. Crescemos três vezes entre 2021 e 2023, já crescemos duas vezes em 2024, e queremos crescer duas vezes no ano que vem”, comemora.