Sustentabilidade

Food to Save: evitar o desperdício também pode ser "cool"

Vídeos de unboxing das sacolas surpresa da Food to Save têm viralizado nas redes sociais; startup fez aquisição recentemente

Food to Save adquiriu a startup Fruta Imperfeita em 2024.
Food to Save adquiriu a startup Fruta Imperfeita em 2024. | Divulgação

O desperdício de alimentos gera entre 8% e 10% das emissões globais de gases de efeito estufa, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Uma das formas de combater esse problema é evitando que alimentos próprios para consumo acabem no lixo, só por estarem próximos da data de validade ou por terem algum tipo de imperfeição, por exemplo. Mas convencer os consumidores de adotarem essa mudança de comportamento não é tarefa fácil.

É aí que entra a Food to Save, que por meio das suas sacolas surpresa fez com que evitar o desperdício se tornasse um hábito “cool”. A startup possui um aplicativo no qual estabelecimentos como padarias, docerias, entre outros, podem vender seus produtos com até 70% de desconto nos itens para consumo imediato, próximos ao vencimento ou fora do padrão.

O desconto é o principal atrativo, é claro. Mas o fator surpresa é o que tem feito com que o aplicativo viralize em redes sociais como o TikTok. Até mesmo o influenciador Felipe Neto já entrou na brincadeira e fez um vídeo mostrando os itens que foram entregues em sua sacola. E a publicidade foi orgânica, garante Lucas Infante, co-fundador e CEO da Food to Save, em entrevista ao Startups.

“O maior desafio que é mudar a cultura dos brasileiros em relação ao consumo de alimentos. Mas essa experiência do unboxing tem ajudado a ressignificar esse consumo. Todo mundo pode ser influenciador hoje em dia, e os vídeos das sacolas da Food to Save viralizam muito, normalmente de forma orgânica”, afirma.

Segundo ele, o “mais cativante” é a possibilidade de acessar produtos que, em muitos casos, o consumidor não conseguiria, em razão do seu poder aquisitivo. Boa parte dos estabelecimentos cadastrados na Food to Save são de produtos premium ou gourmet, que através do app podem ser comprados com uma redução significativa no preço.

Em novembro de 2024, a foodtech adquiriu a startup Fruta Imperfeita, que vende cestas de frutas e legumes de pequenos produtores que seriam descartados por serem imperfeitos. Ou seja, muito grandes ou pequenos, ou com diferentes formatos.

Para Lucas, a chegada do Fruta Imperfeita irá complementar o trabalho da foodtech, já que cerca de 45% de todo o desperdício de alimentos ocorre no meio da cadeia produtiva: entre a fazenda e a chegada ao consumidor. Os valores da transação não foram divulgados, mas o CEO acredita que a sinergia será capaz de ajudar a empresa a mais que dobrar o seu faturamento neste ano. A expectativa é passar de um faturamento previsto de R$ 72 milhões em 2024 para R$ 170 milhões já em 2025.

Com mais de 1 milhão de usuários mensais, a Food to Save está presente hoje em 12 capitais do país, incluindo todas as capitais do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além de Recife e Fortaleza, no Nordeste.

Segundo Lucas, a ideia para 2025 é consolidar a expansão que foi realizada em 2024, focando no crescimento das praças já existentes. Em especial, São Paulo. A última rodada de investimentos captada pela Food to Save foi um Seed de R$ 14 milhões, em 2023, liderada pela DSK Capital e teve a participação das gestoras Spectra e HiPartners.

“Continuamos capitalizados e olhando muito para a seniorização do nosso time, além da responsabilidade de olhar para grandes marcas. Sempre estivemos focados em eficiência. Em 2024, aprendemos a escalar de forma mais automatizada. Em 2025, queremos aplicar na prática essa escalabilidade, implementando mais tecnologia e inteligência”, afirma o CEO.