Sustentabilidade

Na mira das startups, hidrogênio verde vira futuro da energia

Considerado o combustível do futuro, elemento tem sido explorado em projetos de startups brasileiras, apesar dos desafios

Foto: Canva
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Considerado o combustível do futuro, por ser uma alternativa menos poluente do que os utilizados atualmente, o hidrogênio verde (H2V) tem sido cada vez mais explorado por empresas e pesquisadores no desenvolvimento de projetos e soluções a partir do produto. Segundo estimativas das Nações Unidas, o H2V deve movimentar, por ano, US$ 2,5 trilhões, nas próximas duas décadas.

Como o hidrogênio verde é produzido com eletricidade oriunda de fontes de energia limpas e renováveis, como as de matriz hidrelétrica, eólica, solar e provenientes de biomassa, ele é carbono zero, ou seja, obtido sem emissão de CO2. Sendo assim, a expectativa de especialistas é que o H2V substitua o petróleo e o gás natural, como principal recurso energético, até 2050.

No Brasil, o Governo se posicionou a favor do hidrogênio verde. Em 2021, o Ministério de Minas e Energia (MME) lançou o Plano Nacional de Hidrogênio (PNH2), que visa organizar a orientação estratégica para as ações a favor do desenvolvimento da economia do hidrogênio no Brasil. Atualmente, o país também conta com iniciativas no setor privado e em alguns estados para produção do hidrogênio verde, beneficiados principalmente pelas condições climáticas favoráveis e a capacidade industrial do país.

A EDP Brasil, por exemplo, produziu a primeira molécula de H2V no Brasil, no Porto de Pecém, no Ceará, e recentemente inaugurou a sua planta fabril. Já a Unigel, uma fabricante de fertilizantes nitrogenados, investiu recursos na construção de uma fábrica de H2V no Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia.

De olho no potencial de desenvolvimento do hidrogênio verde no país, surgiu ainda, no mesmo ano, o projeto H2Brasil. Ele foi criado pela alemã Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH com o objetivo de apoiar o aprimoramento da expansão do mercado de hidrogênio verde (H2V), contribuindo para a descarbonização da economia brasileira.

No entanto, para Bernd dos Santos Mayer, coordenador do Componente Inovação Hidrogênio Verde do projeto H2Brasil, ainda existem alguns desafios a serem superados para alavancar o mercado de H2V no país. A redução de custos, a própria produção, logística e exportação do hidrogênio verde, a escalabilidade e o desenvolvimento de práticas e protocolos de segurança são alguns deles.

“Para reduzir custos, será necessária a produção em escala industrial. Conseguir compradores dispostos a pagar mais por um hidrogênio verde, do que para um hidrogênio tradicional (cinza), é também um desafio a curto prazo que também preocupa muitos projetos”, afirma Bernd em entrevista ao Startups.

Bruno Vath Zarpellon, da Câmara Brasil-Alemanha, e Bernd dos Santos Mayer, do projeto H2Brasil (Foto: Divulgação)

Startups de olho no hidrogênio verde

Desafios à parte, uma das frentes do projeto H2Brasil está de olho no potencial do ecossistema de startups que desenvolvem soluções baseadas no hidrogênio verde. Desde o ano passado, startups desta área contam com o apoio do iH2Brasil, programa de inovação em hidrogênio verde realizado pela Aliança Brasil-Alemanha para o Hidrogênio Verde. 

Segundo Bruno Vath Zarpellon, diretor de Inovação e Sustentabilidade na Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo, para apoiar e alavancar ideias inovadoras de startups, entusiastas e instituições sem fins lucrativos para o desenvolvimento de hidrogênio verde no Brasil, estão previstos 3 ciclos de aceleração de startups, sendo que dois já foram realizados em 2022, e o último teve suas inscrições abertas nesta semana.

“No ano passado selecionamos 16 startups e 8 times de entusiastas. Na categoria de instituições sem fins lucrativos foram escolhidas 8 universidades ou institutos de pesquisa que receberam um financiamento total de 1,2 milhões de euros para seus projetos”, conta Bruno em entrevista ao Startups. Agora, no terceiro ciclo, mais 8 startups devem ser selecionadas.

Conheça algumas das startups selecionadas no segundo ciclo do programa iH2Brasil:

BGEnergy 

A BGEnergy é um centro de conhecimento especializado nas tecnologias empregadas para produzir, armazenar e utilizar o hidrogênio verde. Foi fundada no início de 2022 e é formada por especialistas e mestres em Planejamento de Sistemas Energéticos pela Universidade Estadual de Campinas. A ideia é desenvolver um sistema de abastecimento móvel através de um caminhão que poderá suprir diversos setores e garantir capilaridade para os HUBs de hidrogênio verde.

Recycle 13

A Recycle13 está incubada no Escalab, em Belo Horizonte, um centro de escalonamento de tecnologias e modelagem de negócios, idealizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), INCT Midas e o CIT SENAI. A produção de hidrogênio verde acontece a partir da transformação de resíduos de alumínio em policloreto de alumínio (PAC) e gás hidrogênio, através de uma reação ácida com o alumínio sólido. A expectativa é gerar novos materiais de alto valor agregado que contribuam para a economia circular e aumentem o lucro de empresas já inseridas na reciclagem de alumínio.

VRS 

A goiana VRS criou, em 2022, uma solução para geração de energia residencial, que usa o esgoto como fonte para produzir hidrogênio verde. A meta é produzir três vezes o que a pessoa consome de energia, transformando o excedente em tokens, que possam ser negociados entre clientes e concessionárias de energia. A startup quer primeiro chegar às casas, depois, prédios comerciais e residenciais, shoppings e hotéis. Na segunda fase do projeto, criar uma solução maior, resolvendo problemas de saneamento básico e projetos de geração de energia nas periferias de São Paulo.

Xield

A Xield atua no desenvolvimento de um equipamento (TRL 4-5) que se adapta ao sistema de entrada de combustíveis de veículos automotivos, com a finalidade de transformar o etanol em hidrogênio verde, convertendo-o em energia elétrica. A energia gerada no próprio veículo pode alimentar um motor ou abastecer uma bateria que entra em funcionamento quando o veículo precisar. É estimado que com 50 litros de etanol, estes veículos possam ter uma autonomia de mais de 1.000 km.

 Saiba mais sobre todas as startups que passaram pelo programa iH2 Brasil, e como entrar em contato com cada uma, neste link.