Sustentabilidade

Umgrauemeio planeja rodada growth para combater incêndios

Com clientes como Suzano e BP, a Umgrauemeio monitora 7,5 milhões de hectares em 13 estados do país, reduzindo incêndios em até 80%

Rogerio Cavalcante, fundador da Umgraoemeio. Foto: Divulgação
Rogerio Cavalcante, fundador da Umgraoemeio. Foto: Divulgação

Com Los Angeles em chamas, o mundo tem voltado suas atenções para as consequências das mudanças climáticas no aumento de incêndios tanto em áreas florestais, quanto urbanas. No Brasil, regiões como a Amazônia e o Pantanal sofrem com esse problema há anos, mas segundo Rogerio Cavalcante, fundador e CEO da Umgrauemeio, pouco se fez para avançar no combate ao fogo desde então.

“No Brasil, se combate incêndio como se combatia há 20 anos. A tecnologia permite que se criem formas mais eficientes de atuar”, afirma o empreendedor.

A Umgrauemeio surgiu justamente para resolver esse problema e levar soluções tecnológicas para prevenção e contenção de incêndios florestais e agrícolas no país. Com clientes como Suzano (papel e celulose) e BP Bunge (setor sucroenergético), a startup já monitora 17,5 milhões de hectares em 13 estados do país, cobrindo todos os biomas.

Por meio da Plataforma Pantera, a Umgrauemeio faz desde a análise de risco dos incêndios, com previsões meteorológicas e histórico de ocorrências, até a detecção instantânea por meio de câmeras e inteligência artificial, e gestão das brigadas responsáveis por apagar o fogo.

“O que determina a gravidade do incêndio é a velocidade de detecção e ação. Quanto mais cedo detectar, menor é o esforço de combate”, destaca Rogerio.

Apesar de ter interesse em atuar com o governo, a Umgrauemeio hoje tem 100% da sua base de clientes da iniciativa privada, especialmente nas áreas de papel e celulose e usinas de cana de açúcar, além de projetos ambientais, como empresas certificadoras de carbono. Uma dessas iniciativas é o projeto Abrace o Pantanal, realizado em parceria com o Instituto Homem Pantaneiro (IHP) e patrocínio da JBS.

Nesse projeto, a startup monitora 2,5 milhões de hectares, com 11 torres e monitoramento digital satelital para áreas de menor risco. Com essa atuação preventiva, foi registrada redução de mais de 60% nas área queimadas por incêndios na região.

Mas os ganhos podem ser ainda mais expressivos. A BP, por exemplo, informou redução de mais de 80% nas área queimadas por incêndios em suas propriedades, contando com 11 usinas em 3 estados sendo monitoradas pela mesma sala de controle em São Paulo.

Central de monitoramento da Umgrauemeio. Foto: Divulgação

Nova rodada de investimentos

A Umgrauemeio foi fundada no final de 2016 com o nome Sintecsys, e passou por um rebranding em 2019, passando a adotar o nome atual. A startup foi financiada com recursos próprios por sete anos, até captar em janeiro de 2024 a primeira rodada, no valor de R$ 18,7 milhões, coliderada pela Indicator Capital e a Baraúna Investimentos.

Para este ano, a empresa planeja captar uma rodada growth, com valor estimado em R$ 15 milhões. Segundo Rogerio, os recursos serão aplicados em esforço comercial.

“Hoje nós fornecemos nosso serviço para usinas que já possuem suas próprias brigadas. Mas tem uma série de produtores que não têm brigadas, e nós queremos prover isso. Até porque já temos nossa própria central de monitoramento e instalamos as torres. Além disso, queremos atuar em novos mercados, como soja, milho e algodão”, afirma o CEO.

Perguntado sobre os planos de internacionalização da empresa, Rogerio diz que sua prioridade no momento é o Brasil, que tem potencial para ser o principal mercado para sustentabilidade nos próximos anos – o que deve se intensificar após a COP 30 este ano, em Belém, no Pará.

“Entendemos que estamos no lugar certo, na hora certa. Internacionalizar demanda um esforço e um dinheiro muito grande, sendo que temos um mercado enorme para crescer aqui. Queremos ir para fora como a empresa que ajudou a resolver a questão dos incêndios no Brasil. Estamos muito focados em ser referência no Brasil”, explica.