Sustentabilidade

Zaya: "Empresas têm muita intenção, mas pouco impacto"

Isabela Basso, fundadora e CEO da Zaya. Foto: Divulgação
Isabela Basso, fundadora e CEO da Zaya. Foto: Divulgação

Muitas empresas adotam políticas “verdes” para mostrar que estão ajudando a combater a crise climática, seja através de reciclagem ou redução de uso de plástico, por exemplo. Mas quais dessas medidas realmente têm efeitos positivos? Para Isabela Basso, fundadora e CEO da greentech Zaya, a mensuração desse impacto ainda é um desafio para as companhias.

“As empresas têm muita intenção, mas pouco impacto. Análise de impacto climático é número, é análise científica, e falta muito isso no mercado. Está todo mundo achando que está evoluindo, mas não está. Precisamos trazer esse olhar de números para a sustentabilidade”, afirma.

Fundada em 2023, a Zaya nasce justamente para resolver esse problema, simplificando o cálculo de impacto ambiental de produtos e operações dentro das empresas. Com modelo de Software-as-a-Service (SaaS), a greentech calcula dados como emissão de gases de efeito estufa, consumo de água, uso de terra, etc, permitindo com que as companhias tracem estratégias que realmente contribuam para o meio ambiente.

Isabela dá como exemplo uma empresa de proteínas vegetais, cliente da Zaya, que havia optado por importar embalagens Tetra Pak de fora do Brasil, pois as produzidas nacionalmente vêm necessariamente com canudinhos de plástico.

“Do ponto de vista de impacto, eles queriam saber se era melhor importar ou comprar o produto do Brasil com canudo. Com a nossa ajuda, eles chegaram à conclusão de que era melhor comprar localmente mesmo com canudo. É importante tomar decisões embasadas cientificamente e que impedem a empresa de cair no greenwashing. Não é só sobre plástico ou não plástico, há muitos fatores envolvidos”, explica a CEO.

Com experiência corporativa no segmento de ESG, Isabela trabalhou por anos no time de sustentabilidade da Braskem, onde teve a oportunidade de criar o novo negócio dentro da própria empresa. Hoje, a Zaya é investida da Oxygea, o fundo de corporate venture capital e venture building da Braskem.

Os planos são de levantar uma rodada Série A entre o final de 2025 e início de 2026 para acelerar o crescimento da startup. O valor esperado para o aporte é de R$ 10 milhões a R$ 15 milhões.

“Esperamos ter 100 clientes no fim do ano que vem, mas estamos olhando para 1.200 até 2027. Queremos expandir para a América Latina, onde acreditamos haver muito espaço para crescer”, afirma.

Segundo ela, a receptividade dos fundos de venture capital para a temática da sustentabilidade surpreendeu.

“Muitos fundos buscaram a gente desde a rodada anterior porque entendem que clima é uma grande oportunidade de mercado. Fiquei surpresa no começo, pois acho que está acontecendo um trabalho grande de educação, de entender essa tese de climate tech, onde estão as oportunidades. A procura vem até mesmo de fundos não especializados”, diz a fundadora da Zaya.