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Suvinil reinventa estratégia de inovação e relacionamento com startups

O alto escalão da tradicional marca de tintas fala sobre iniciativas para 2022 e a ampliação do engajamento com o ecossistema

Um pincel em cima de uma lata de tinta da cor verde, com o fundo da imagem da cor rosa - Startups
tinta

A marca de tintas decorativas Suvinil está sofisticando suas iniciativas com startups este ano, com a reformulação de seu engajamento com o ecossistema e a ampliação de parcerias para apoiar sua estratégia de inovação.

Com 60 anos de história, a divisão da BASF lançou seu programa de aceleração, o Fora da Lata, em 2019. Desde então, o programa recebeu mais de 1,000 inscrições e acelerou 11 startups. Destas, 75% se tornaram parceiras comerciais da marca. Cerca de 80% das startups que passaram pelo programa atuam em segmentos relacionados a questões internas e processos que a empresa buscou melhorar.

Empresas aceleradas pela Suvinil incluem a Arquivei, de gestão de notas fiscais, a Novidá, startup que utiliza inteligência artificial e Internet das Coisas para gerenciamento de equipes operacionais, a Forsee, que atua no mercado de indústria 4.0, e a Residuall, de logística reversa. Em 2022, a companhia vai desmembrar o Fora da Lata em três frentes, um movimento que deve expandir o trabalho para outras áreas, e aumentar a integração com atores do ecossistema de inovação.

“Depois das experiências positivas com startups ao longo dos anos, o nível de maturidade que atingimos do ponto de vista de geração de conhecimento e desenvolvimento para as áreas de processo e tecnologia, nos fez também ficar confortáveis em traduzir e ampliar estas experiências para outras áreas, como o desenvolvimento de produtos”, diz Maria Carolina Greenblat, gerente sênior de insights e inovação na Suvinil, em entrevista exclusiva ao Startups.

Além disso, o aprimoramento da relação com startups tem o objetivo de aproximar a marca de seu universo de stakeholders, diz Renato Firmiano, diretor de marketing da Suvinil. A base de clientes da marca, que se reposicionou em 2018 e colocou a inovação como um dos valores de sua estratégia, engloba desde arquitetos, revendedores e balconistas de lojas que vendem as tintas até os diversos perfis de consumidores finais e pintores.

“A marca é um organismo vivo e a Suvinil tem uma responsabilidade muito grande de continuar à frente do mercado, de ser a primeira, de inovar. O reposicionamento também trata muito de pluralidade e diversidade, e o trabalho com startups vem de encontro a isso”, ressalta o executivo. “Essa nova etapa traz um olhar diferente, com foco no cliente, na resolução de dores de forma mais clara do que temos hoje, e a ideia é aproveitar esse mindset que já está incorporado na maioria das startups.”

Frentes de atuação

A primeira das três frentes de atuação novo capítulo da estratégia de inovação junto a startups na Suvinil, é essencialmente o programa original, com foco em tecnologia para apoiar os processos internos da marca e agora rebatizado de Fora da Lata Tech. Os executivos da marca estão definindo os desafios do programa, que deve selecionar duas startups em maio a serem aceleradas a partir de agosto. A parceira do programa é a Liga Ventures, que tem conduzido o programa desde a sua criação.

Além disso, a marca vai estrear o Fora da Lata Intra, programa que vai apoiar os próprios colaboradores com metodologias, mentorias e ferramentas na criação de soluções inovadoras para desafios identificados internamente. A parceira nesta frente é a Gravidade Zero, comunidade de criatividade fundada pelos empreendedores Renan Hannouche, Dante Freitas, Tania Mujica e o comediante Murilo Gun, que já vinha trabalhando com a BASF em outras frentes.

“A colaboração envolve trabalhar com parceiros, precisamos escutar e ter outros agentes construindo junto com a gente. O Fora da Lata Intra reflete a captura de frentes que já vinham nascendo organicamente para trazer mais força ainda para nossas iniciativas de inovação, “diz Renato.

Uma terceira frente criada como parte do novo movimento de inovação da Suvinil é o Fora da Lata Lab. Aqui, os parceiros são executivos da área de pesquisa e desenvolvimento da empresa, que vão trabalhar em desafios de desenvolvimento de produto junto ao mundo acadêmico. Para fazer o meio de campo, a marca também vai contar com o apoio da The Bakery, consultoria de inovação corporativa com quem acabou de fechar contrato.

“O que muda com a criação do Fora da Lata Lab é que o nosso escopo de inovação se amplia e a gente passa a envolver, além das startups, outras organizações científicas que possam trazer conhecimento e alavancar o que já desenvolvemos”, diz Maria Carolina.

Mindset inovador

Segundo Maria Carolina, o engajamento com startups na Suvinil é pautado por dezenas de entrevistas com colaboradores internos de diversas áreas do negócio, e este método deve continuar a informar as três frentes do Fora da Lata. “Estamos pensando nas dimensões que movem o negócio, em termos de eficiência, cultura, marca, e diferenciação de mercado”, diz a executiva.

“Depois desta definição inicial, decidimos os pilares estratégicos e como aterrissar isso em objetivos mais específicos ao longo do ano”, acrescenta. Segundo a diretora de inovação, a adesão dos executivos da marca ao programa de aceleração é alta e “surpreendente”: desde o início do Fora da Lata, mais de 500 horas de mentoria foram dedicadas às startups participantes.

Além da geração de negócios, outro objetivo da marca é trazer uma cultura de inovação para a companhia através do engajamento com as startups através dos programas. “A grande forma de mensurar resultados é a transformação cultural. Poder vivenciar e experimentar esse tipo de dinâmica de trabalho é menos tangível, mas tem um impacto gigante no dia a dia das pessoas e isso se traduz em resultados,” diz Renato.

Olhando para o futuro, o executivo não descarta outras evoluções na estratégia de inovação da marca e no engajamento com os atores do ecossistema, como uma entrada em corporate venture building. “Assim como a marca é viva, o programa também é vivo, não queremos nos prender a formatos específicos. O mindset do programa precisa ser constantemente reinventado, e vamos evoluir junto com o mercado”, finaliza.