Depois de se tornar um dos nomes fortes no segmento brasileiro de “serviços financeiros para quem oferece serviços financeiros” – o tal do Banking-as-a-Service (BaaS) – a Swap agora tem um novo mercado na mira. A empresa está lançando uma nova solução, chamada Corpway, voltada à serviços de gestão e controle de despesas corporativas.
Na plataforma, a companhia pretende oferecer, no seu tradicional modelo white label, soluções de cartões de crédito pré-pagos, acesso a dados para conciliação de despesas e automatização de reembolsos, além de recursos de antifraude.
Com o Corpway, a meta é endereçar o crescente mercado de soluções para gestão de despesas, que segundo um levantamento feito pela Swap movimenta cerca de R$ 650 bilhões só no Brasil. “É um mercado pelo menos três vezes maior (em valores transacionados) que o de benefícios”, afirmou Marcelo Schucman, head de novos negócios da Swap, em entrevista ao Startups.
A comparação de Marcelo faz referência ao segmento que foi um dos pilares de crescimento da Swap no último ano, com o desenvolvimento dos cartões Multiflex, tecnologia por trás de diversos players de benefícios flexíveis no país.
Aliás, o executivo destaca que parte desta tecnologia entrou em campo para ajudar a construção da plataforma do Corpway, investindo em solções de personalização de regras de uso, maior transparência nos dados das transações e na integração destas informações para conciliação em softwares de gestão.
“As empresas por muito tempo vêm tendo dificuldades com as infraestruturas existentes, geralmente atreladas aos bancos”, aponta Schucman. Segundo o executivo, no modelo dos bancos, ao fazer cartões corporativos, por exemplo, os dados das transações são muito crus, o que aumenta a complexidade, mesmo com um sistema de gestão dedicado. “Aumentamos o refinamento dos dados para as empresas terem mais inteligência no software de gestão”, completa.
Além de mais informações na identificação dos gastos, a plataforma criada pela Swap foi desenvolvida para suportar outras configurações, como questões hierárquicas das empresas. Para dar um exemplo, Marcelo cita que cartões de um gerente ou de um funcionário em viagem podem ser diferenciados, com uma granularidade maior do que simplesmente entregar um “cartão da firma” e pedir as notas fiscais depois.
Clientes na mira
Para Marcelo Schucman, a estratégia de crescimento do Corpway se apoia em três demandas do mercado. Empresas de soluções para gestão de viagens corporativas (Portão 3, Concur e OnFly são alguns exemplos), outras de inteligência para gestão de despesas (como Conta Simples), e por fim, empresas que atuam em serviços de contas e cartões de crédito corporativos (Brex, alguém conhece?).
Nos três casos, o executivo aponta uma dor em comum: a de verticalizar a gestão das despesas, que geralmente incluíam alguma etapa ligada a bancos ou instituições financeiras tradicionais. No caso das empresas de software, Schucman destacou que diversas demonstraram o interesse em incluir a camada financeira ou de pagamento dentro de suas soluções – o chamado Embedded Finance.
“Se uma destas empresas quiser oferecer uma solução própria de cartão de crédito, utilizando nossa plataforma para conectar os dados em suas soluções, nós podemos emitir”, afirma, complementando que esta camada pode ser até uma nova linha de receita, já que as transações podem gerar revenue share às empresas.
“Nossa missão é possibilitar que essas empresas montem um arcabouço de soluções que melhor atenda o negócio delas. O diferencial da Swap é ser especializada nesse segmento, através de produtos trazendo flexibilidade e autonomia”, ressalta o executivo.
Sua dor é nosso crescimento
A frase acima pode parecer um tanto canalha, mas conforme explica o executivo da Swap, não deixa de ser um pouco verdade. A empresa cresceu cerca de 300% em 2021, e segundo Shucman, isso se deu por um motivo: ouvir os clientes e construir soluções em cima de suas dores. “Todas as funcionalidades foram e são desenvolvidas a partir de casos reais, de necessidades específicas dos nossos clientes, para atender as dores desse mercado”, afirma.
No início de 2021 a empresa criou o Multiflex, que segundo eles foi a primeira solução de BaaS dedicada aos players de benefícios flexíveis – “Nós criamos o padrão do mercado hoje”, disparou inclusive o executivo. Ainda em 2021, a companhia criou o Float mirando as fintechs focadas em soluções de crédito.
Para bancar todos estes movimentos, a Swap – fundada em 2018 pelos empreendedores Mateus Furini (CFO), Ury Rappaport (CMO & CHRO), Douglas Storf (CEO) e Alexandre Takinami (CPO), com o apoio do fundador da 99 Ariel Lambrecht – se capitalizou. Em outubro de 2021 a empresa levantou R$ 135 milhões em um rodada série A liderada pela Tiger Global, além dos investidores-anjo Justin Mateen (fundador do Tinder) e Rahul Mehta (da DST Global). Antes disso, a empresa havia captado R$ 17 milhões com os fundos OneVC, GFC e Flourish – estes que também entraram na série A.