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SYOS leva R$ 12 mi da Indicator e quer mudar a cadeia de alimentos frios

Startup criou solução de IoT para varejistas evitarem perdas de alimentos resfriados e reduzirem custos

Expositores refrigerados de alimentos - Startups

A Indicator Capital segue sua cruzada na busca pelos “heróis do IoT nacional”. A mais nova investida do fundo Indicator 2 é a carioca SYOS, que recebeu um aporte de R$ 12 milhões para impulsionar a sua solução para refrigeração comercial e frio alimentar.

A SYOS tem o ambicioso objetivo de mexer no varejo alimentício no país, fazendo isso a partir da cadeia de alimentos frios – a chamada cold chain. Combinando internet das coisas e inteligência artificial, ela desenvolveu uma plataforma de monitoramento e gestão de ambientes de refrigeração.

Na prática, a empresa utiliza uma metodologia proprietária, com sensores sem fio e alarmes inteligentes, para garantir aos varejistas que todos os produtos estão sempre na temperatura certa.

A partir do monitoramento de freezers, geladeiras e câmaras frias, o sistema da empresa identifica potenciais problemas, notifica times das lojas e analisa quando uma manutenção é necessária. Em suma, a tecnologia age preventivamente para evitar perdas.

E quando a SYOS fala de perdas no varejo devido a falhas da conservação de alimentos frios, isso não quer dizer pouco. Na visão do fundador e presidente da companhia, Paulo Lerner, este é um assunto pouco tratado. “Monitoramento do frio é obrigação dos varejistas, previsto em portaria da Anvisa. Mas historicamente, esta gestão de alimentos refrigerados se resume a detectar quando um freezer ou geladeira está estragada, e então encaminhar ao conserto”, dispara Lerner.

Ele também destaca que os supermercados têm diferentes perdas em função da falta de gestão do frio. Existem as quebras conhecidas, quando um alimento estraga, e não conhecidas, quando ele perde qualidade devido à má refrigeração. Sabe aquele alimento que você pega meio “suado” na geladeira do mercado? É esse mesmo.

“Detalhes como o fluxo de abertura das portas de um freezer, por exemplo, podem interferir na preservação dos alimentos. Nossa tecnologia ajuda a mitigar os riscos destas variações, aumentando a vida do produto”, explica o CEO.

O Brasil não possui dados específicos sobre as perdas ocasionadas pela má conservação de alimentos frios, mas Lerner adianta que o número é mais alto do que se imagina. Mundialmente, o prejuízo estimado com o desperdício de alimentos no varejo passa de US$ 100 bilhões – e uma boa parte disso vem dos produtos resfriados.

A eficiência energética também é um ponto importante no pitch da SYOS. Segundo destaca o CEO da empresa, cerca de 40% da conta de luz de um supermercado vem dos equipamentos de refrigeração. “Com a nossa tecnologia, ajudamos clientes a reduzir em até 50% seus custos com energia”, afirma.

Foto de Paulo Lerner, fundador e presidente da SYOS - Startups
Paulo Lerner, fundador e presidente da SYOS

Potencial de crescimento

Atualmente a SYOS conta com 100 mil refrigeradores monitorados, com clientes não apenas em supermercados, mas também em restaurantes e um centro de distribuição de alimentos.

A cobrança é feita no modelo SaaS, cobrando também pelo aluguel dos sensores, com o valor da mensalidade definido em cima do tamanho do cliente. Para a instalação e manutenção dos equipamentos, a empresa conta com uma rede de parceiros em todo o país, mas o plano é expandir ainda mais.

Para 2022, a startup espera superar a marca de mil lojas monitoradas e passar de seis mil até o final de 2023, abocanhando uma fatia de 5% no setor varejista.

Entretanto, para Lerner o foco nos supermercados é apenas a ponta do iceberg de uma estratégia bem mais ambiciosa, que envolve levar a solução para toda a cadeia de suprimentos.

“Criamos uma solução que pode atender tanto a bares e restaurantes, mercados de bairro e grandes redes, até caminhões, centros de distribuição e indústrias”, explica.

Com o aporte da Indicator, o líder da SYOS tem o plano de impulsionar a investida no varejo em todo o território nacional, assim como já ensaiar passos para a entrada em outros estabelecimentos. Isso também envolve a expansão do time, quadruplicando o número de funcionários, chegando a mais de 200 no final do ano.

“Nossa visão é que a SYOS seja referência não apenas em gestão para refrigeração comercial, mas também em qualidade dos produtos, usando o monitoramento do frio”, afirma Lerner.

Reunindo os heróis do IoT

Ao incluir a SYOS em sua carteira de investimentos, a Indicator Capital segue firme em sua jornada para apoiar empresas brasileiras de alto crescimento no ecossistema de Internet das Coisas (IoT), com potencial de expansão internacional.

Com o Indicator 2, fundo de R$240 milhões especializado em empresas early-stage no segmento de IoT, a gestora pretende investir em até 30 empresas gerando até R$ 16 milhões em receita, com cheques entre R$10-15 milhões.

Nos últimos meses, o fundo já investiu nas startups Monuv, de computer vision; a CTA Smart, de gestão de combustíveis; a startup de pesquisa e inteligência de preços InfoPrice e a Beegol, que usa telemetria para melhorar conexões de internet. A meta do fundo é fechar entre seis a sete aportes em 2022.

Foto de Thomas Bittar, sócio da Indicator Capital - Startups
Thomas Bittar, sócio da Indicator Capital

Ao falar da SYOS, o sócio Thomas Bittar destaca que as possibilidades da tecnologia de gestão no cold chain guardam um grande potencial de crescimento.

“A visão de varejo é algo fundamental, mas é apenas uma parte do mercado B2B que pode ser atendido. Podemos abranger toda a cadeia logística,”, avalia Bittar, que aponta a SYOS como uma peça-chave no ecossistema da Indicator. “Podemos aproveitar esta inteligência até mesmo em outras áreas e produtos. Um exemplo é o controle de frio em ambientes, o chamado conforto térmico”, finaliza.