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Tarifa de Trump terá impacto nas startups, diz ALAS

Startups que fornecem para indústrias exportadoras podem sofrer impactos indiretos, aponta entidade; investimentos também tendem a se retrair

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Presidente dos EUA Donald Trump
Presidente dos EUA Donald Trump | Shutterstock

A imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as importações brasileiras pelos Estados Unidos, com início previsto para 1º de agosto, poderá impactar o ecossistema de startups. A projeção consta em uma nota técnica divulgada nesta semana pela ALAS (Aliança Latino-Americana de Startups), que analisa os impactos diretos e indiretos da nova política tarifária norte-americana sobre a inovação e o empreendedorismo na América Latina.

As consequências esperadas para as startups incluem desde elevação de custos operacionais – especialmente para startups que dependem de insumos importados ou de infraestrutura tecnológica dos EUA – até uma maior dificuldade na captação de recursos, em razão de um cenário com maior aversão a risco a nível global.

Segundo a nota, o impacto imediato das tarifas recai sobre setores como a agroindústria, mineração, siderurgia, aeronáutica e produtos industrializados, e afeta startups que são fornecedoras dessas empresas.

“Startups, mesmo que não exportem diretamente, são parte de ecossistemas que dependem
dessas exportações. Por exemplo, uma agritech que otimiza a produção de café será afetada se os produtores de café perderem seu principal mercado”, explica o documento.

Caso o Brasil aplique a reciprocidade de tarifas e passe a taxar também as importações dos EUA, as empresas brasileiras que dependem de insumos importados ou infraestrutura tecnológica norte-americana também podem perceber uma alta dos seus custos operacionais.

O relatório aponta para impactos até mesmo em empresas de Software-as-a-Service (SaaS), que não lidam diretamente com bens materiais, mas dependem de uma rede de bens físicos e infraestrutura para suas operações diárias, incluindo tecnologia em nuvem, semicondutores e data centers.

A ALAS aponta ainda para reflexos no mercado de capitais, que já passa por um momento de retração, e pode se tornar ainda mais avesso ao risco em tempos de incerteza e volatilidade como este. Startups que buscam rodadas de Série A ou maiores deverão ser particularmente afetadas.

“A menor disponibilidade de capital e a maior aversão ao risco resultam em rodadas de
investimento menores e mais demoradas, além de pressionar as avaliações das empresas para
baixo. Consequentemente, as startups enfrentarão um ambiente de financiamento mais rigoroso. Aquelas que precisam de capital para escalar rapidamente ou que operam com modelos de negócios de “queima de caixa” (burn rate) elevado serão particularmente vulneráveis, o que pode forçar uma maior disciplina financeira, um foco mais rápido na lucratividade e, em alguns casos, a consolidação ou o fechamento de empresas”, aponta a nota.