A healthfintech – ou seria finhealthtech? Ainda não decidi – Dr. Cash, que funciona como um meio de pagamento alternativo para quem precisa pagar por um procedimento médico ou odontológico, levantou sua 2ª rodada de investimento.
O aporte de R$ 1,5 milhão foi feito pela Bossanova e pelo japonês Incubate Fund, que acaba de desembarcar no Brasil. Pois é, não é só a SoftBank que investe em startups a partir do Japão. Mais detalhes sobre eles mais abaixo.
Nascida no começo de 2018 para atuar no segmento de consignado para o setor público, a Dr. Cash pivotou seu modelo no fim de 2019 (se deu bem, hein bxblue), ano em que recebeu seu 1º aporte do Family office Fasp e da Superjobs.
Segundo Lucas Hamú, o novo investimento vem para sustentar o ritmo de expansão que a companhia tem tido com seu 1º produto, mas também para colocar em prática o plano de ampliar a atuação, incluindo mais opções de serviços financeiros para clínicas e hospitais, com financiamento para a compra de equipamentos, adquirência etc. “Quando eles pensarem em uma dor financeira, têm que pensar em Dr. Cash”, diz Lucas.
Modelo de operação
Hoje a companhia tem 2 mil clínicas em todo o Brasil que a oferecem como uma opção de pagamento a seus clientes. Na lista estão nomes como OdontoCompany, Oral Unic, Emagresee e Botoclinic.
Por mês, ela tem feito na faixa de R$ 5 milhões em financiamentos. A meta é chegar a R$ 10 milhões até o fim do ano, somando R$ 70 milhões concedidos. De março de 2020 até agora, foram R$ 45 milhões liberados. Nos próximos meses, a equipe que hoje conta com 25 pessoas vai dobrar de tamanho. “Queremos investir pesado em tecnologia, no tratamento de dados e informações”, diz Lucas.
A Dr. Cash opera como um correspondente bancário do banco BV, que é quem faz a concessão dos créditos. Os juros podem variar de 2,50% ao mês a 3,18% ao mês.
O foco está principalmente na população das classes C e D, que não tem plano de saúde, cartão de crédito, ou limite disponível para comprometer com um procedimento de saúde.
Segundo Lucas, 15 mil pessoas já foram atendidas e o número por mês tem ficado na casa dos 1,5 mil. “Tem uma pegada social, de democratização do acesso à saúde”, diz. Em termos de procedimentos mais contratados, 70% está na área odontológica, com os implantes dentais sendo o carro-chefe. Depois vem a parte de estética, com as próteses de silicone sendo as mais solicitadas.
Para as clínicas e hospitais, ele destaca que a vantagem de usar o Dr. Cash é a melhora no fluxo financeiro uma vez que a liberação dos recursos tem um prazo máximo de 7 dias, mas, na maioria dos casos, acaba acontecendo em 2. “Eles não entram no risco financeiro”, pontua.
Dinheiro japonês
De acordo com Lucas, o investimento do Incubate Fund nessa fase da companhia foi bem-vindo pelo interesse da healthfintech em internacionalizar a sua operação.
O contato com o fundo veio por meio da Bossanova, que tinha sido procurada por Maurício Omura para entender mais sobre o mercado brasileiro de venture capital. Ao ver o case da Dr. Cash, ele entendeu que ela deveria ser seu 1º investimento. “Ela mostrou uma tração fenomenal. E foi interessante falar com os clientes também que disseram que sem eles não tinham como prestar seus serviços”, conta.
Filho de japoneses e com uma carreira na área de tecnologia no Japão, ele queria fazer a ponte entre os dois países e propôs ao Incubate Fund, o maior VC early stage do Japão, com US$ 560 milhões sob gestão e um portfólio de 250 empresas só no país, além de investidas por toda a Ásia.
O pedido foi atendido e ele recebeu um cheque de R$ 15 milhões para investir em companhias brasileiras. A ideia é fazer de 7 a 10 investimentos que variem entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões em um prazo de 3 anos para conhecer o mercado. Depois disso, ele quer partir para um fundo maior. No alvo estão principalmente healthtechs e fintechs e startups que façam um mescla de coisas, como a própria Dr. Cash.