
A Itália não é o primeiro país que vem à mente quando se pensa em tecnologia — muito menos em robôs humanoides. Mas a Generative Bionics pode começar a mudar essa percepção. A startup, nascida dentro do Instituto Italiano de Tecnologia (IIT), acaba de levantar €70 milhões em uma das maiores rodadas europeias recentes no setor de deep tech voltado à robótica. Entre os investidores, estão grandes players da indústria como a AMD, de processadores, e a Tether, plataforma de blockchain especializada em stablecoins.
O aporte foi liderado pelo fundo de inteligência artificial da CDP Venture Capital, e contou com participação também da Duferco, Eni Next e RoboIT.
Liderada pelo CEO e cofundador Daniele Pucci, a Generative Bionics quer se posicionar como uma empresa “Made in Italy” e, para isso, vai apostar em um dos diferenciais italianos: o design. A ideia é colocar no mercado robôs capazes de executar tarefas repetitivas, perigosas ou fisicamente intensas em indústrias como manufatura, logística, saúde e varejo.
“Nossa missão é construir um futuro em que robôs humanoides inteligentes colaborem diariamente com as pessoas, ampliando o potencial cognitivo e físico humano”, disse Daniele, em comunicado enviado ao mercado nesta segunda-feira (08).
A rodada permitirá a expansão da equipe técnica, que receberá cerca de 70 engenheiros provenientes do IIT, e vai financiar a construção da primeira planta fabril da empresa. O capital também será usado para treinar os sistemas de Physical AI — a fusão entre robótica e inteligência artificial — e validar os robôs em ambiente industrial.
Segundo Daniele, o mercado de robótica humanoide ultrapassará €200 bilhões até 2035 e poderá superar US$ 5 trilhões até 2050. “Esta é uma transformação histórica: nosso objetivo é posicionar a Generative Bionics como líder global em Physical AI para ecossistemas humanoides centrados no ser humano”, acrescentou.
A startup foi fundada em 2024 por pesquisadores veteranos do IIT, entre eles Daniele Pucci, Alessio Del Bue (Chief Artificial Intelligence Officer), Marco Maggiali (CTO) e Andrea Pagnin (CBO), com apoio empreendedor de Davide Rota e Jeffrey Libshutz, também cofundadores.
Para o diretor científico do IIT, Giorgio Metta, o nascimento da Generative Bionics marca a consolidação de duas décadas de pesquisa e o maior spin-off acadêmico da Europa no setor de robótica.
“Vinte anos se passaram desde que lançamos o projeto iCub, a plataforma emblemática do IIT, que estabeleceu bases tecnológicas sólidas para o programa de robótica humanoide do Instituto — formando centenas de pesquisadores, patenteando e transferindo para a indústria uma série de soluções técnicas avançadas. A Generative Bionics é o ápice desse trabalho: a transferência da ciência para a indústria. Isso demonstra que o apoio contínuo e estável à pesquisa italiana gera resultados concretos e excepcionais”, comemorou.