A fintech Trace Finance está com motivos para comemorar. A empresa, que oferece soluções financeiras para startups que precisam trazer seus aportes internacionais para seu caixa no Brasil, anunciou que bateu a marca de R$ 1,5 bilhões em transações no último ano.
Como parte deste marco, a empresa resolveu intensificar suas ações para atrair novos clientes, cortando sua taxa de spread para até 0,05% até o dia 9 de outubro. Segundo a companhia, o plano é facilitar o processo para empresas que precisam se capitalizar e foram buscar aportes junto a fundos internacionais.
Segundo o CEO da Trace, Bernardo Brites, é o spread mais baixo no mercado atualmente, comparado com bancos que cobram até 4% pelo serviço, e demoram até semanas para liberar os fundos em contas brasileiras. “Como não estão acostumados a realizar esse serviço, acabam pedindo muitos documentos e demoram a processá-los e a categorizar esse tipo de operação”, afirmou em nota.
A empresa não contou como vai se segurar durante o mês de margem baixa – a receita da Trace vem basicamente da cobrança do spread – mas a visão da fintech é de que o mercado ainda tem oportunidades, mesmo com o ajusto de liquidez ocorrido nos últimos meses.
“Isso não quer dizer necessariamente que falta dinheiro”, diz Bernardo. O CEO acredita que, na verdade, os fundos seguem capitalizados, porém estão mais rigorosos em relação às empresas em que vão investir.
Sobre dinheiro no caixa, vale lembrar que em fevereiro a companhia fechou uma rodada seed de R$ 22,3 milhões (US$ 4,3 milhões). O aporte foi liderado pela HOF Capital (qua já investiu na Stripe, Space X, Klarna, Uber e Niantic) e contou com a participação da Circle Ventures – especializada no mercado de cripto –; do Mantis Ventures, o fundo de investimento da dupla de DJ´s The Chainsmokers, que também investiu no banco digital Z1; e da 2TM, controladora do Mercado Bitcoin. Entraram ainda fundadores como Andres Bilbao, da Rappi, Paulo Silveira, da Alura e Lincoln Ando, da idwall.
Enfrentando a competição
A Trace Finance faz parte de um conjunto de empresas e serviços que surgiram nos últimos tempos como resultado da “febre do ouro” que as startups viveram em 2021. A ideia era a de vender as pás e as picaretas que ajudam as companhias a fazerem seus negócios avançarem – neste caso, ajudar a trazer dinheiro de fora pra dentro, tirando a burocracia do caminho.
Como bancos, escritórios de advocacia e de contabilidade tradicionais não estão preparados para atender às demandas específicas desse público, outros fundadores, ou pessoas com experiência no mercado têm criado alternativas para atedê-las. Na lista estão nomes como a Bhub e o Latitud Go, da Latitud.
Em dezembro a Ebanx comprou a Remessa Online, que tem como um de seus produtos o Remessa for Startups, um serviço de câmbio para startups. Segundo Bernardo, a operação foi uma validação do que ela vem fazendo, mas sua proposta é bem mais ampla. “O câmbio é só a ponta do iceberg”, diz.
Contudo, agora com a nova realidade dos investimentos, resta acompanhar como estes negócios disputarão espaço para atrair o volume reduzido de investimentos que estão chegando nas startups. A Trace deu o seu passo com a redução do spread.