A Transfeera, fintech de soluções de pagamento para clientes B2B, está começando o ano com o caixa reforçado. A companhia acabou de fechar uma rodada de R$ 7 milhões, que será utilizada para impulsionar seu crescimento, através de investimentos em time e produto, assim como a criação de novas fontes de receita, mirando tendências como o Open Finance.
A rodada, que ainda não foi considerada uma série A (uma pré-série A, segundo eles), foi liderada pela Honey Island (dos fundadores do Ebanx) e 4UM investimentos. Segundo o CEO da fintech, Fernando Nunes, é um aporte estratégico para manter o ritmo de crescimento que a Transfeera obteve nos últimos anos, inclusive em 2022.
“Ainda não consolidamos os números totais de 2022, mas no primeiro semestre do ano chegamos aos R$ 7 milhões de faturamento, um crescimento de 89% sobre o mesmo período em 2021. Nossa expectativa, tanto pra 2022 quanto este ano, é manter nossa média de dobrar ano a ano, ou pelo menos ficar perto dessa marca”, afirma Fernando.
Continuando com os números, atualmente a empresa tem cerca de 470 clientes em sua carteira, e movimentou cerca de R$ 12,8 bilhões em valores transacionados por sua solução de pagamento – um aumento de 206%. Para 2023, a meta é aumentar a base de usuários em 30%.
Use of proceeds
Com a nova rodada, o plano imediato da Transfeera é focar em time e produto. A empresa já abriu vagas para o seu time de tecnologia, o que vem no rastro de algumas mudanças estratégicas no seu C-level. A mais significativa aconteceu em dezembro, quando o cofundador Fernando Nunes, antes o CMO da fintech, assumiu o posto de CEO no lugar do também cofundador Guilherme Verdasca.
Junto com a troca de comando, a empresa trouxe o economista Gabriel Falk para o cargo de VP de Produto. Segundo Fernando, os movimentos servirão para tornar a estratégia de produto e branding ainda mais robusta. “Em 2023 a Transfeera passará também a se posicionar como um player que fará a ponte tecnológica de empresas não financeiras com o mercado financeiro”.
É uma declaração forte para uma companhia que nos últimos anos cresceu e se firmou como fornecedora de soluções de pagamentos, especialmente colocando o Pix no centro da sua estratégia. Segundo pontua Fernando, a solução de gestão de pagamentos e o Pix seguem como o carro-chefe, atendendo contas grandes como Zé Delivery, Monetizze e Vakinha.
Entretanto, a empresa já tem outros produtos e pretende expandir ainda mais. Por exemplo, a ContaCerta (de validação de dados bancários), oferece a apps como iFood e Shopee uma solução para certificar a assertividade de dados cadastrais.
Entrando no Open Finance
Contudo, ao falar de novas direções para a Transfeera, o CEO coloca o Open Finance como a principal tendência. A fintech já deu seu primeiro passo, recebendo do Banco Central no ano passao a autorização para atuar como iniciador de pagamentos (ITP).
Segundo Fernando, a novidade não apenas abre oportunidades para a sua solução de pagamentos, mas será importante para a criação de novos produtos a partir das possibilidades abertas pelo compartilhamento de dados bancários trazidas pelo Open Finance.
“Enxergamos algumas oportunidades com a agregação e visualização de dados financeiros, especialmente no caso de empresas que lidam com diversas contas para gerenciar seus pagamentos. Existem oportunidades aí, estamos conversando com clientes para desenhar este tipo de produto”, explica o executivo.
Ao “atacar” o Open Finance, a Transfeera não tem medo de bater de frente com outras startups mais dedicadas a esta inovação, como por exemplo a mexicana Belvo, que também está intensificando suas ações no Brasil – inclusive querendo casar Open Finance com Pix. “Eles (Belvo), são mais especializados em dados, nós em pagamento. Pode ter concorrência em algum momento, mas quem ganha com isso é o consumidor”, finaliza.