Antes que os céticos digam: existe sim uma transformação digital em andamento no mundo e no Brasil. Não é mais uma buzzword (palavras usadas para vender um conceito através de uma barulho na mídia e afins) que soltam para vender cursos, eventos e consultoria. O mundo é uma grande transformação e as empresas estão inseridas diretamente no meio das revoluções. Especialmente depois da digitalização e do advento da internet.
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A transformação digital mudou a comunicação, a tecnologia e a forma como a gente consome produtos, serviços e nesse artigo vou tentar ilustrar um pouco mais esse tema.
O que é transformação digital?
Transformação digital é um termo amplo, mas vou tentar colocar aqui, alguns exemplos com as principais definições para ilustrar que barulho é esse. Minha melhor definição para transformação digital está no próprio nome: transformação das relações. Seja de empresas, países, culturas e pessoas. Parte importante das relações humanas, da compra de serviços e de produtos, passam pela digitalização da comunicação e negócios.
Novos consumidores e novos mercados já nascem digitais, porém algumas empresas estão na vida dessas pessoas e da sociedade, de forma muito presente. Por isso, empresas com algum tempo de vida estão passando ou já passaram por essa chamada “transformação digital”. Não tem mais jeito de se começar um negócio de alta escala, atualmente, sem ser digital. A transformação digital mudou rumos de empresas como Microsoft, Adobe, Nike, Fender, Ambev, Google e todas maiores conglomerados do mundo.
Entender essa transformação digital na prática, vale entender também que, muitas gerações nasceram sem a tecnologia tão presente e evidente nos dias de hoje. Máquinas de fotocópias (da Xerox), tratores da Caterpillar, carros da Ford e o refrigerante Coca-Cola não nasceram digitais. Mas essas empresas têm hoje, grande atuação na digitalização de seus produtos. No momento de suas criações, ainda não existia a internet e mesmo que existisse tecnologia embarcada nesses produtos, a comunicação com o cliente, a distribuição dos produtos, a venda e o atendimento do serviço prestado eram estritamente humanos. Ainda dependiam de uma relação tradicional para se relacionar com o consumidor. Hoje não mais.
Diante desses parágrafos anteriores, transformação digital para mim, é o movimento natural e indispensável da forma como as empresas se conectam, se comportam nas relações com os clientes. É a digitalização dos serviços, da cultura da empresa e da mentalidade de como o cliente é visto. É uma nova forma de resolver problemas das pessoas.
É uma nova forma das empresas atuarem.
Empresas com bons exemplos de transformação digital
- Adobe – do software de caixinhas para acesso do serviço no cloud;
- Nike – da venda de atacado para o consumidor, diretamente;
- Microsoft – de empresas de computadores pessoais para serviços online;
- SAP – de softwares on-premisse para o software as a service (SaaS);
- Netflix – das locações de VHS e DVDs para o streaming de vídeo;
- Spotify – dos CDs das gravadoras para o streaming de música;
- IBM – dos hardwares para serviços digitais de todos os tipos.
“Transformação digital para mim, é o movimento natural e indispensável da forma como as empresas se conectam, se comportam nas relações com os clientes. É a digitalização dos serviços, da cultura da empresa e da mentalidade de como o cliente é visto. É uma nova forma de resolver problemas das pessoas.”
Consultorias como a Accenture, McKinsey entre outras, ajudam empresas no mundo todo a encontrarem um caminho para a transformação digital, mas o processo de entendimento dessa nova forma de encarar o mercado, tem que partir de dentro. Empresas nesse processo de mudança, mudam suas culturas, pessoas, foco, modo de vender, jeito de atender clientes e até como se comunicam de fora para dentro. É realmente uma transformação.
Principais setores que aderiram à digitalização dos negócios
Alguns setores saíram na frente na transformação digital, talvez por necessidade, por sobrevivência e alguns outros, por fazerem a leitura certa do que estava por vir. Ilustro algumas que tiveram essa boa leitura:
- Bancos e finanças – bancos precisaram digitalizar serviços desde os anos 80. Trabalharam fortemente para atender clientes por meios digitais. Com o advento dos novos bancos e das contas digitais, essa transformação acelerou;
- Varejo – o e-commerce impulsionou milhares de marcas e varejistas para a venda online;
- Saúde – grandes redes de hospitais, empresas de saúde no mundo todo são referência em digitalizar operações;
- Telefonia – foram pioneiros na digitalização e ainda navegam no protagonismo;
- Mídia – o efeito Netflix, Disney entre grandes mídias aconteceu fortemente no mundo.
Esses são apenas alguns exemplos de como indústrias já estão inseridas na mudança.
Um erro grande, cometido pelas empresas, é tentar conectar esse tipo de transformação com áreas de tecnologia (ou departamentos de TI). Erro grave, na verdade. Mais do que se tratar de uma mentalidade de áreas, todas empresas do futuro serão empresas de tecnologia, portanto, todas operações dessas instituições deverão aderir à digitalização de processos. Grande parte dessa digitalização é eliminar processos manuais e desenvolver as relações cliente-empresa de forma inteligente: com robôs, automações, inteligência artificial, reconhecimento de voz, entre outros tipos de tecnologia que podem ser aplicadas.
No fim, o exercício da transformação digital é encontrar um caminho digital para impactar, conectar, vender, se relacionar e resolver problemas das pessoas.
Principais erros cometidos pelas empresas na transformação digital
As empresas recebendo insights e inputs de todos os lados, começaram a buscar cegamente a transformação digital. De bancos a empresas de saúde, instituições seguem desesperadas por mudar seus rumos e contratam consultorias, especialistas, elegem CIO’s (diretores de inovação) e isso deveria ser bem diferente. Empresas com a vontade genuína de transformar seus negócios devem na verdade, remodelar a forma como resolvem problemas com clientes. Isso não tem a ver exclusivamente com tecnologia. Tem a ver com cultura. Cloud computing, redes sociais, inteligência artificial, mobilidade, internet das coisas (IOT), data science, machine learning entre outros termos, têm a ver com o transformação digital e renovação, porém são apenas ferramentas para se obter essa mudança.
Por isso também, as empresas erram em contratar consultorias que prometem modelos milagrosos de transformação digital. Mas não é somente esse erro que impede empresas de mudarem, vamos a alguns pontos importantes que travam a transformação:
- Não irrigar na empresa, a mentalidade de transformar toda a cultura;
- Não identificar dentro de casa os detratores e missionários do tema;
- Achar que a consultoria vai resolver tudo;
- C-Levels e fundadores não engajados no tema;
- Achar que usar uma nova tecnologia vai ingressar a empresa na transformação;
- Acreditar demais no modelo estabelecido atual.
A transformação digital muda países, economias e ecossistemas. Barreiras culturais e fronteiras são quebradas quando isso acontece. A sociedade é impactada como um todo.
A McKinsey tem um documento que ilustra bem o processo de teste e implementação de transformação digital em finanças. Apesar de ser um estudo de apenas uma indústria, gosto bastante desse guia. Veja na ilustração abaixo.
O roadmap da McKinsey elabora os 10 passos para essa meta ser atingida:
- Definindo valores
- 1. Garantir o compromisso da gerência sênior;
- 2. Definir metas claras e ambiciosas e;
- 3. Investimento seguro.
- Lançamento e aceleração
- 4. Defina uma estrela guia;
- 5. Escolha uma equipe de alta performance;
- 6. Organize para promover agilidade na execução;
- 7. Alimente uma cultura digital).
- Escalando
- 8. Iniciativas curtas para testes rápidos;
- 9. Construa e reconstrua habilidades;
- 10. Adote um novo modelo operacional.
Um artigo da Harvard Business Review, ilustra bem que tecnologia não é o principal assunto para empresas começarem a verdadeira transformação, e sim, mudar a cultura dentro de casa. Algumas dicas como:
- Trazer a cultura do Silicon Valley para dentro”,
- “Conhecer o cliente”,
- “Propor uma nova experiência no produto/serviço”,
- “Colocar para fora colaboradores com medo da transformação” e;
- “Reconhecer os verdadeiros transformadores dentro de casa” são elementos necessários para começar a mudar a empresa.
Esses elementos citados acima, combinados com as ferramentas certas, são os principais pontos e respostas para empresas realmente conseguirem mudar, segundo o pesquisador Tabrizi Behnam – autor bestseller e professor de Stanford sobre organizações e cultura.
Maturidade digital e aceleradores da transformação
Algumas consultorias analisaram a maturidade digital de mercados para identificar os aceleradores da transformação digital (técnicas e tecnologias aplicadas que criam atalhos para atingir essa maturidade). Os itens que foram analisados por essas pesquisas foram: segurança digital, acesso, uso, cultura digital e criação. Esses pontos analisados em conjunto, gerou um índice de maturidade digital de mercados e países. Já os principais aceleradores dessa maturidade foram:
- API – application programming interface (Interface de Programação de Aplicações) são conectores que juntam pontas de tecnologias e sistemas. São grandes aceleradoras da transformação.
- Metodologias ágeis – metodologias que implementam soluções com a agilidade na empresa. São novos modelo de gestão de projetos baseado em pequenas entregas e testes.
- Validação de identidade – ter uma identidade digital única será um dos grandes aceleradores da transformação digital. Empresas como a IDwall conseguem acelerar o contrato de validação de documentos;
- Cultura Devops – união de pessoas, processos e tecnologias a fim de proporcionar a entrega contínua do valor para os clientes (Microsoft definição). O termo Dev vem de development e o Ops vem de operations.
A transformação digital é importante de fato, para a evolução do mundo, das sociedades e pessoas. E sua empresa, está pronta para essa revolução?
Leia nosso artigo sobre growth hacking aqui.
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