A Onfly, traveltech brasileira que oferece uma plataforma para gestão de viagens e despesas corporativas, acaba de lançar a sua primeira iniciativa B2B2C. Batizado de OnHappy, o benefício corporativo tem o plano de aumentar o mercado endereçável da companhia, além de democratizar e estimular viagens de férias e lazer entre os colaboradores de uma empresa.
“A ideia do OnHappy é ser um negócio de benefícios, uma espécie de Gympass de viagens”, afirma Marcelo Linhares, CEO da Onfly, em conversa exclusiva com o Startups. Em outras palavras, o que ele quer dizer é que a proposta do OnHappy é gerar valor para o RH das empresas para que possam, a partir disso, oferecer um novo benefício corporativo para atrair, reter e melhorar a satisfação e a qualidade de vida de seus funcionários.
Na prática, a empresa paga uma mensalidade calculada em função do número de vidas atendidas e, com isso, os colaboradores têm acesso à plataforma do OnHappy, que oferece condições mais econômicas para fazerem viagens a lazer, sem relação com as demandas do trabalho. De acordo com a Onfly, os descontos médios giram em torno de 25%, mas podem chegar a até 50% na comparação com outras plataformas. Os funcionários podem pagar por suas reservas no PIX ou, ainda, parcelar as compras em até 12 vezes no cartão de crédito.
Direcionado para empresas com pelo menos 300 colaboradores, o OnHappy nasce como uma nova unidade de negócio, e possui uma equipe exclusiva dedicada à área, com 25 pessoas. O produto não está restrito aos clientes da Onfly, ou seja, pode ser contratado independentemente do serviço de viagens corporativas. Partindo do princípio de que viagens de férias e lazer costumam ser experiências compartilhadas, o colaborador pode estender o benefício para seus amigos e familiares, sem a necessidade de comprovação de vínculo de parentesco ou de dependência financeira.
A ampliação do modelo B2B para B2B2C chega em um momento bastante positivo para a Onfly. Com cerca de 1.300 clientes, a companhia cresceu a receita em 130% no último, e pretende dobrar de tamanho em 2024. Para isso, a traveltech tem no radar uma outra rodada de captação, a ser concluída no segundo semestre para investir em produto, marketing e vendas. O novo aporte chegará menos de dois anos depois do anterior, quando a startup levantou R$ 80 milhões na primeira rodada institucional, liderada por Left Lane Capital e pela Cloud9 Capital e anunciada em junho de 2023.
Potencial de negócio
Embora incipiente no país, a oferta de viagens como benefício corporativo para colaboradores não é exatamente uma novidade. A Férias & Co, por exemplo, oferece um produto semelhante: um portal exclusivo onde colaboradores encontram opções de hospedagens e passagens aéreas para viajar junto à família e aos amigos.
Mas, segundo o CEO da Onfly, os modelos de negócio são diferentes. Enquanto a Onfly foca nas condições especiais de preço e pagamento para o colaborador, a Férias & Co tem um modelo de coparticipação, no qual o funcionário adere a um plano anual, monta a viagem como gostaria e a empresa ajuda a bancar parte da conta, definindo o valor da co-participação mensal que fará para quem aderir ao benefício.
Outro diferencial é a questão do preço. “No OnHappy, as empresas pagam um valor pequeno, de R$ 3 a R$ 10 por vida, muito mais barato do que a concorrência”, afirma Marcelo. Assim que realizada a contratação da OnHappy, todos os colaboradores da empresa receberão um voucher, que poderá ser abatido do valor total das viagens para aumentar ainda mais o desconto. As companhias poderão também premiar seus funcionários com créditos como forma de incentivo e bonificação.
Ele destaca que a plataforma oferece uma geração de valor para o funcionário e também para o RH. “O colaborador pode viajar com descontos significativos. Já o RH tem acesso a uma outra plataforma, onde pode acompanhar engajamento, ou seja, saber quantas pessoas estão utilizando o benefício e qual a economia gerada em relação aos sites públicos, além de gerar insights a partir de dados comportamentais. Isso é diferente da maioria dos concorrentes, que oferecem o portal para o colaborador, mas o RH não sabe quem está utilizado, sabe se a experiência está sendo boa, se há de fato economia nas viagens e se a pessoa está sendo bem atendida”, explica Marcelo.
Questionado sobre qual o quanto o OnHappy deve representar dos negócios totais da Onfly, o executivo é sincero. “Pode dar muito certo, ou muito errado. Se bem executado, acreditamos que isso possa representar de 20% a 30 % da nossa receita em dois anos, o que é ótimo. Mas se for algo pequeno ou mal executado, não vamos seguir com essa unidade de negócio, pois não vamos manter uma estrutura que não traz retorno”, admite.
Ainda assim, Marcelo considera que há um potencial interessante para ser endereçado. “O risco é grande, porém já passamos por isso na Onfly, quando ninguém imaginava uma plataforma de gestão de viagens quando começamos. Ao endereçar o setor de viagens a lazer, a gente começa a competir com o mercado da Decolar, do Booking. Então, se der certo, será legal para caramba”, pontua.
O produto foi testado internamente de outubro a dezembro de 2023, com cerca de 90 dos mais de 300 colaboradores da OnFly. E os resultados, de acordo com Marcelo, foram os melhores possíveis. “Foi incrível. OnHapy está muito ligado à felicidade, pois permite que as pessoas economizem e possam realizar seus sonhos”, conta.
No futuro, o OnHappy deve oferecer um portfólio mais amplo de benefícios. A expectativa é incluir descontos para aluguel de veículo, passagens rodoviárias e até pacotes exclusivos, tal como já ocorre no modelo B2B, além de seguro viagem, ingressos para parques e passeios, com o intuito de consolidar a vertical de benefício corporativo em um one-stop-shop de viagens de lazer.