No mercado desde 2017, a Tutu Digital recebeu um apoio de peso para impulsionar a sua estratégia de negócios. A startup focada em empréstimos peer-to-peer (P2P) para micro e pequenos empresários captou R$ 20 milhões junto à SRM Ventures, braço de VC da gestora financeira SRM Asset.
O investimento não é exatamente um aporte como os que costumamos noticiar aqui no Startups. Segundo a SRM, o valor – descrito como um Venture Credit – será empregado pela Tutu para impulsionar sua capacidade de crédito e adquirir mais clientes.
Além disso, de acordo com o cofundador e CEO da Tutu, Alan Martins, parte deste aporte também será destinado a iniciativas de marketing, assim como a atração de talentos para tecnologia e melhoria do processo de análise de crédito na plataforma da fintech.
Além do cheque, vão nos ajudar com networking, modelagem do produto, ajustes na análise de crédito e melhoria dos processos de forma geral”, reforça Alan. No ano passado a fintech movimentou cerca de R$ 25 milhões, com cerca de 20 mil investidores cadastrados na plataforma, com média de 18% de rentabilidade em 2021. A expectativa da fintech é expandir essa rede de investidores para até 80 mil no final do ano que vem.
Na ponta de tomadores de empréstimo, a companhia tem cerca de 2 mil empresas ativas e quer chegar a 10 mil empresas no próximo ano, com tickets de crédito que vão de R$ 7 mil a R$ 200 mil. “Hoje estamos com uma carteira de R$ 25 milhões em valores transacionados. Queremos chegar aos R$ 100 milhões no ano que vem. É um desafio grande, mas que se torna mais possível com o apoio da SRM”, destaca Alan.
Inteligência para investidores e tomadores
Para o head da SRM Ventures, Andre Szapiro, o investimento na Tutu se encaixa em uma tese da SRM, de que o mercado de crédito deve se concentrar em nichos em um futuro de médio a longo prazo. “A Tutu é um negócio de nicho, que nos impressionou pq endereçar uma dor gigantesca, que é a dificuldade de acesso ao crédito pelas PMEs”, explica.
O aporte faz parte de uma estratégia maior da gestora, que separou R$ 500 milhões para apoiar diferentes fintechs de crédito, gerando volume transacional e leads dentro do ecossistema apoiado pela SRM. “Por exemplo, temos dentro de nossa carteira fintechs de microcrédito que tem leads não aproveitados, mas que podem ser adequados para a Tutu”, avalia Andre.
Com o apoio da SRM e seu smart money, o plano da Tutu é aprimorar ainda mais o seu modelo de crédito, investindo em metodologias de análise além do óbvio (score do Serasa, imposto de renda etc.), atingindo um público ainda maior. “Utilizamos nossa tecnologia de inteligência artificial para analisar fontes alternativas de dados, outros elementos de big data para gerar oportunidades de crédito com boas taxas e risco reduzido”, explica o CEO da Tutu.
Alan admite que o momento não é o dos mais atraentes para investimentos de risco, mas o objetivo da fintech é se apoiar na tecnologia e também em um foco sustentável para chamar a atenção de investidores. “O retorno sobre investimento é nosso carro-chefe, o que equilibra nossa balança, mas nossa tecnologia traz outras possibilidades”, aponta o CEO.
Segundo o confundador, no sistema da Tutu, investidores podem escolher emprestar seu dinheiro para negócios da sua região, ajudando a criar mais proximidade entre investidor e investido, ou escolher opções de maior ou menor risco, por meio da análise e curadoria promovida pela própria plataforma e seu algoritmo.
Outro produto que a companhia está preparando é a oferta para gerenciar os valores que os investidores colocam na plataforma. “Em vez de um investidor escolher uma empresa e colocar R$ 10 mil nela, vamos criar soluções em que ele distribua ele em cotas menores em diferentes negócios”, explica Alan.
Com estas novas possibilidades, a expectativa da Tutu é buscar voos mais altos, ganhando capilaridade com o apoio da SRM. “Desde 2017 controlamos nossa carteira e validamos nosso negócio com investimentos do próprio bolso. Com o investimento da SRM, buscamos a escala para no futuro abrir uma rodada, agora com a parceria e a chancela da SRM”, finaliza o CEO.