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*Com a colaboração de Gabriela Del Carmen e Stephanie Tondo

Não são raros os casos em que a valorização de uma startup é ligada diretamente ao tipo de pessoa que lidera o negócio. Startups como WeWork, Tesla, Uber e outras são intrinsicamente ligadas aos fundadores visionários que as levaram ao crescimento. Entretanto, será que ter visão é o que mais importa em um negócio?

Nos últimos anos, ainda mais desde que o chamado “inverno das startups” começou em 2022, exigindo das startups não apenas a visão para crescer, mas a solidez para sobreviver, uma pergunta voltou a ser levantada. Será que todo fundador tem o que precisa para administrar um negócio sólido? E na hora de investir, como um VC analisa a figura principal que está a frente do negócio? No momento atual, o que é mais atraente e com mais chances de ser um bom investimento: uma startup com um fundador visionário ou um CEO focado em tocar um negócio eficiente?

Em busca de respostas, lançamos esta pergunta para diversos VCs e investidores do ecossistema, e as opiniões foram as mais variadas. Confira abaixo as visões de alguns dos principais nomes do mercado e tire as suas conclusões:

Carolina Strobel – Antler

Carol Strobel

“É uma questão bastante subjetiva, que depende do contexto e das circunstâncias específicas do investidor e da empresa. Analisando do ponto de vista de uma investidora early-stage, apesar de um CEO ser fundamental para garantir a execução da gestão, estratégia, tomada de decisão, liderança e do gerenciamento de equipe, na minha opinião é bem mais difícil encontrar fundadores visionários. Em uma empresa mais avançada – startup que se torna mais rentável e está em fase de growth – o fundador da startup talvez não seja a melhor pessoa para estar nessa fase de growth. Então, a complementaridade entre um CEO eficaz e um fundador visionário é linda. O fundador traz a visão e a inovação necessárias para impulsionar a empresa a longo prazo, enquanto o CEO habilidoso garante a execução eficiente e a sustentabilidade operacional da empresa no curto e médio prazo, e também contribui para o longo prazo”.

Daniel Chalfon – Astella

Daniel Chalfon

“Geralmente, o que buscamos é um time forte e complementar, pois geralmente startups com dois ou três founders trazem melhores resultados. Porém focando especificamente na figura do CEO, a capacidade de executar é tudo, pois a capacidade de construir um time bom e colocar o plano em prática é o que faz a diferença”.

Orlando Cintra – BR Angels

“Varia muito do momento em que você está e precisa do profissional. Uma empresa grande, acima dos seus R$ 300 milhões – R$ 400 milhões de faturamento, um bom CEO é o mais indicado porque a empresa já está formada e tem sua cultura, seus produtos e clientes definidos, e está no processo de escala ou até internacionalização. Já no escopo de startups early-stage, olhamos muito para as características do empreendedor. Ele deve, sim, ser visionário, ter um sonho e saber colocá-lo em prática. Não é uma resposta binária, pois no early-stage o empreendedor visionário é necessário, mas com várias das características que um CEO tem, entre elas, execução, formação de um grande time e geração de bons resultados.”

Bárbara Raymundo – Ória Capital

“Prefiro um fundador visionário, pois o CEO a gente contrata quando for preciso! O importante ao longo da jornada é ajudar esse fundador a assumir sua posição como executivo e como acionista da companhia! Estes papeis no começo se sobrepõem, mas ao longo da jornada acabam por tomar direções e responsabilidades distintas”.

Carlos Alecrim – Sai do Papel

“Isoladamente, eu não escolho nenhum dos dois. O visionário tem alta capacidade de identificar oportunidades, mas baixa capacidade de execução gestora. E se for alguém que tem apenas uma alta capacidade de gestão, talvez tenha dificuldade de fazer o negócio alavancar. Não pode faltar visão e nem capacidade de gestão. A tríade se faz com um líder coerente, que tem capacidade de lideranca e é inspirador. Isso fará com que ele, sendo mais visionário ou mais gestor, ouça e seja respeitado por um time que o complementa.”

Erica Fridman – Sororitê

“Pelo momento que o mundo de venture capital está passando, eu diria uma boa CEO. Se a pessoa pudesse ser os dois (visionária e bom líder), seria o ideal. Acho muito difícil uma startup dar certo tendo uma fundadora visionária que não seja uma boa CEO. A CEO é quem dá a direção e o ritmo da empresa. Ter apenas boas ideias não traz bons resultados. A operação, o dia a dia, o poder de atrair bons talentos e a habilidade de fundraising são características fundamentais para o sucesso desta árdua empreitada que é ter uma startup de sucesso.”

Marcello Gonçalves – DOMO

“Considero essa pergunta um tanto complexa, especialmente nos estágios iniciais, pois busco características de ambos, fundador visionário e bom CEO, na mesma pessoa. Em um cenário ideal, o investimento seria direcionado para uma startup liderada por um fundador visionário capaz de estabelecer uma sólida direção estratégica e identidade para a empresa. No entanto, reconheço a importância crucial de um bom CEO, dotado de habilidades sólidas de gestão, para a eficaz implementação dessas visões. Dessa forma, a combinação de um fundador visionário com um CEO competente proporciona uma abordagem equilibrada, garantindo não apenas a formulação de uma visão ousada, mas também sua execução eficiente e sustentável para o sucesso a longo prazo.”

Richard Zeiger – MSW

“Acho que não não pode ser ou um ou outro, né? Um bom CEO tem que ser eficiente e tem que ser visionário. Ou que o time tenha num CEO um cara eficiente, e o CTO um cara de produto visionário. Mas são duas características que qualquer startup tem que ter no seu time. Uma startup para dar muito certo tem que ter essas duas componentes, né. O cara mais criativo, que antecipa tendências, e o cara que consegue aterrizar isso, e transformar em gestão e executar. Não adianta só sonhar”.

Brian Requarth – Latitud

“Visão não significa nada sem execução. Seja um CEO ou um fundador, o segredo está totalmente na ação e na capacidade de se adaptar. Visões evoluem e mudam, e não são à prova de futuro. Todo mundo tem um grande plano até tomar uma ‘pancada” na cara. É importante ter uma visão sólida, mas no final do dia a execução bem feita é o que importa”.

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