No começo de 2022 a HRtech chilena Betterfly parecia pronta para alçar voos altos, depois de receber uma rodada unicórnio de US$ 125 milhões liderada pela Glade Brook Capital. Entretanto, com a mudança de rumo no mercado a partir do segundo semestre, nem ela conseguiu escapar da onda de demissões que assolou principalmente as grandes startups. Em agosto do ano passado, ela demitiu 30 de seus 100 funcionários no Brasil, e agora no começo de 2023 ela anunciou um novo passaralho: contudo, agora os cortes são gerais, e representam 30% da força de trabalho.
A informação sobre o número de demitidos foi divulgada pela Forbes Chile, destacando que os cortes estariam espalhados sobre todas as operações da companhia na América Latina (Chile, Brasil, Peru, México, Colômbia, Equador e Argentina). A empresa também tem operação na Espanha, resultado da aquisição da HRtech Flexoh. Em novembro, a HRtech anunciou investimentos no Brasil, comprando a startup SeuVale.
Segundo informações divulgadas pela companhia no ano passado, a Betterfly tinha expandido sua força de trabalho mais mais de 500 colaboradores, o que coloca a estimativa de demissões para mais de 150 pessoas. A reportagem do Startups entrou em contato com a Betterfly Brasil para saber como a operação brasileira foi afetada pela nova onda de demissões, mas a empresa não abre essas informações.
Complexo entorno econômico
A empresa confirmou a decisão no seu blog oficial, em nota assinada pelo próprio fundador e CEO da empresa, Eduardo della Maggiora, contudo o comunicado não dá detalhes sobre áreas ou países afetados pelos cortes. Segundo ele, a medida foi necessária para responder ao “complexo entorno econômico” que a companhia enfrenta a nível mundial.
“Apesar de nossas receitas terem crescido mais de vinte vezes nos últimos dois anos, nossos custos cresceram na mesma velocidade, pois nos preparávamos para mais um período de crescimento acelerado, o que dificilmente se repetirá neste cenário”, avaliou o CEO.
De acordo com o executivo, a Betterfly “foi construída para um modelo de rápido crescimento”, em que a contratação de funções, áreas de suporte e infra-estruturas foi acelerada, tanto a nível corporativo como em cada um dos países onde opera.
“Uma evolução recente na oferta de produtos e serviços permitiram à empresa funcionar de forma mais ágil e eficiente, deu origem à necessidade de fazer uma nova revisão mais aprofundada da nossa estrutura attual, detectando, entre outras coisas, cargos que deixarão de existir e eles não serão substituídos”, explicou Della Maggiora.
A última frase faz referência à mais recente mudança anunciada pela companhia, ao lançar uma nova identidade de marca e se posicionar como uma empresa de soluções de SaaS para recursos humanos, colocando seu apelo de sustentabilidade e impacto social como um complemento de seus serviços e não tanto o seu carro-chefe, como era antes.
Para compensar os funcionários dispensados, O CEO afirmou que a Betterfly vai dar pelo menos três meses de salário, independentemente da compensação legal correspondente a cada país, bônus por tempo de trabalho, seguro de saúde por seis meses e os colaboradores poderão manter os computadores da empresa, entre outros benefícios.