A Jellysmack, unicórnio francês que desenvolve criadores de conteúdo digital, adquiriu a norte-americana AMA Digital, de YouTube Analytics e Growth. Essa é a 2ª aquisião da startup em 6 meses, após a compra da empresa de tecnologia de edição de vídeos com inteligência artificial Kamua, em novembro de 2021.
Com a aquisição, a empresa expande seu portfólio de ferramentas para impulsionar creators em todo o mundo. A Jellysmack usa ferramentas proprietárias de otimização, edição e dados de vídeo para desbloquear novos fluxos de receita, distribuir os vídeos nas redes sociais e aumentar a monetização dos conteúdos.
“Queremos ser o maior player para a creators economy. Não estamos focados em aquisições por si só, mas em trazer tecnologias complementares que atendam às diferentes áreas do setor”, afirma Bruno Belardo, country manager da Jellysmack no Brasil, em entrevista exclusiva para o Startups. Segundo o executivo, a AMA Digital chamou a atenção por sua relevância no mercado.
Fundada em 2019, a companhia afirma ajudar os criadores do YouTube a aumentar suas receitas e visualizações em mais de 250% ano após ano. No portfólio estão personalidades que, juntas, somam 60 milhões de assinantes. Nomes na carteira da startup incluem Jesser (3,84 milhões de inscritos), Ali Abdaal (2,94M) e Dylan Lemay (3,36M).
“Dados e analytics são o ouro para o desenvolvimento do trabalho dos produtos de conteúdo, e permitem a tomada de decisões assertivas e engajamento da audiência. A AMA entrega isso de forma rápida e simples. A empresa já fazia barulho no mercado, e vimos que era o momento de trazer a tecnologia para impulsionar nossos clientes”, completa Bruno.
Globalmente, o unicórnio gerencia mais de 500 criadores de conteúdo e 10 bilhões de visualizações mensais. O maior youtuber do mundo, inclusive, já faz parte do portfólio – PewDiePie soma mais de 111 milhões de inscritos na plataforma. Nos Estados Unidos, a startup registra 125 milhões de espectadores únicos a cada mês, quase 40% dos habitantes do país.
Com a aquisição, a ideia é incorporar a marca da AMA Digital – um processo a ser concluído nos próximos meses. O fundador da startup, Mateo Price, passa a atuar como diretor de desenvolvimento de YouTube da Jellysmack. Em sua nova função, ele trabalhará com as equipes de produtos e parcerias da empresa para aprimorar as ofertas de criadores da startup.
A empresa francesa não descarta novas aquisições no futuro. Ele conta que nas reuniões com as lidernaças globais, incluindo os fundadores Michael Philippe, Robin Sabban e Swann Maizil, sempre surge a pergunta: “what’s hot in Brazil?” (o que está bombando no Brasil?). “Estamos de olho em tudo, inclusive no Brasil.”, diz Bruno.
A empresa no Brasil
A Jellysmack desembarcou no Brasil em agosto do ano passado, 3 meses depois de se tornar unicórnio. O status mítico veio com um aporte série C liderado pelo SoftBank Vision Fund 2. O valor da rodada não foi divulgado – a startup informou apenas que o cheque foi de 9 dígitos.
Por aqui, a startup soma 38 creators, incluindo RezendeEvil, Richard Rasmussen, Mandy Candy e Receitas de Pai. O Progama de Criadores gera, em média, 280 milhões de minutos vistos por mês. A expectativa é chegar a pelo menos 70 criadores no portfólio até o fim do ano.
A startup não é a primeira a apostar no crescente mercado de criadores de conteúdo no Brasil. Recentemente, o Startups contou a história da Orelo, que está desenvolvendo uma plataforma para atender todas as necessidades destes profissionais.
Bruno, da Jellysmack, defende que gerenciar shots, Reels, TikTok, Facebook, vídeos longos, snaps e stories – tudo ao mesmo tempo – pode acabar sobrecarregando os criadores de conteúdo. Para o country manager, o diferencial da startup é dar as ferramentas para que os creators estejam livres para serem criativos e pensarem em novos conteúdos.
Quem cuida do analytics é a tecnologia, e quem pensa em estratégias de distribuição é a empresa. “O criador tem que trabalhar para ter ideias e trazer mais audiência. Vamos tirar um peso que ele tem e otimizar os conteúdos”, pontua.
“Além disso, ao negociar o contrato com o profissional, a Jellysmack apresenta uma garantia financeira de que se não tivermos sucesso, o creator não terá prejuízo, porque a gente remunera”, completa Bruno. A estratégia, segundo o executivo, dá mais segurança para os clientes e reduz os riscos da parceria.