O cenário do venture capital ainda não está confortável, mas já mostra indícios de ventos mais favoráveis. Em abril, startups latinas captaram US$ 436 milhões – 78% a mais do que em março, de acordo com o relatório mensal da Sling Hub. Esse é o segundo melhor resultado do ano em volume arrecadado, atrás apenas de janeiro, com US$ 733 milhões.
A análise leva em conta rodadas equity, recebimentos de fundo direto (receivable funds) e endividamento (debt). Ao todo, foram 61 transações em abril, com um valor médio de US$ 9,1 milhões por deal. O estágio mais comum foi o seed, e a modalidade que mais captou foi venture debt.
Apesar do avanço, o valor do último mês é 48% menor do que o registrado em abril de 2022 e 66% menor do que o do mesmo período em 2021. A queda é ainda mais perceptível quando se destaca o Brasil, cujos US$ 110 milhões captados representam uma contração de 72% em relação ao mesmo mês em 2022.
Com isso, o país ficou atrás do México (US$ 180 milhões) e por pouco não empatou com a Colômbia (US$ 109 milhões). Os outros países também tiveram quedas no volume de investimentos captados, registrando -10% e -6%, respectivamente.
“Com apenas uma rodada de funding a menos que março, abril registra o 2º menor número de rounds desde maio de 2020, perdendo apenas para fevereiro deste ano (58). Com exceção do Brasil, cujo volume de funding caiu 72% ano a ano, os resultados do México e da Colômbia foram relativamente estáveis, com variações negativas YoY se limitando a 10%”, destaca o relatório.
Proptechs e insurtechs crescem
O mercado de fintechs segue na frente, mas apresentou retração de 31%, movimentando US$ 224 milhões na América Latina. Já os setores de proptech e insurtech registraram crescimento de 4,5x e 102x, respectivamente. De acordo com a Sling Hub, o resultado no segmento das proptechs é quase inteiramente devido à captação debt da Habi (US$ 100 milhões) e o das insurtechs, à Cilia Tecnologia (US$ 21,7 milhões).
A rodada da fintech Clara foi um dos destaques do mês. O unicórnio mexicano de serviços financeiros e gestão de despesas para empresas, levantou US$ 60 milhões em uma série B liderada pela GGV Capital, com participação de Acrew Capital, Citius, Citi Ventures, Endeavor Catalyst, Ethos, Commerce Ventures, Goanna Capital, Bayhouse Capital, Fluent Ventures e LAGO Innovation Fund. O aporte também teve o follow-on de atuais investidores como monashees, Coatue, Picus Capital, DST Global Partners, Alter Global, General Catalyst e mais de uma dúzia de investidores anjos.
“O mercado de fusões e aquisições, que até então vinha conquistando resultados relativamente estáveis, registrou em abril o menor número de contratos assinados em 2023. A realidade do mercado mudou e vivemos tempos de menor abundância, mas bons negócios seguem (e seguirão) acontecendo”, escreve João Ventura, fundador e CEO da Sling Hub.
Foram 16 M&As em abril, número 41% menor no resultado ano a ano e 47% em relação a março. Do total, 3 fusões e 13 aquisições. “O número de negócios fechados foi o mesmo de dezembro de 2022, o menor registro desde maio de 2020. Dado que o mercado de inovação vinha demonstrando uma maior estabilidade nos acordos de fusões e aquisições, trata-se de um acontecimento relativamente decepcionante”, diz o relatório. Fintechs foram as mais adquiridas (3 negociações, 23%), seguido por management e sales tech, ambos com 2 startups adquiridas (15%).