As operações de private equity, venture capital e corporate venture capital movimentaram R$ 2,2 bilhões entre janeiro e março de 2023 no Brasil. O volume indica redução de 79% em relação ao último trimestre de 2022 e de 84% se comparado com os 3 primeiros meses do ano passado, segundo o relatório da Abvcap (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital), feito em parceria com a TTR Data.
Este ano, olhando apenas para o mercado de private equity, os investimentos atingiram R$ 600 milhões, distribuídos em 17 empresas. Esse foi o trimestre com menos investimento desde o início de 2019. Comparado com o 4º trimestre de 2022, a baixa do volume investido por fundos de private equity, geralmente direcionados a companhias maduras, foi de 92%.
No venture capital, os aportes caíram 12%, somando R$ 1,42 bilhão. O CVC destinou R$ 180 milhões no mesmo período, o que indica uma retração de 70% em relação ao último trimestre de 2022, e é o menor valor desde o começo de 2021. Ainda assim, fundos brasileiros lideram as operações de Corporate Venture Capital: das 9 transações registradas nos primeiros 3 meses do ano, 8 envolveram fundos brasileiros. Em 2022, foram 101 operações, sendo 89 transações de CVCs brasileiros, 12 de norte-americanos e 2 de alemães.
“Os números mostram que o Brasil continua com uma importância no cenário global de investimentos em empresas consolidadas e em startups. Os dados que apuramos evidenciam um ambiente desafiador no mundo todo e ratificam o caráter cíclico da indústria de private equity, venture capital e CVC”, afirma Wagner Rodrigues, diretor da TTR Data, em nota.
A Abvcap explica que a forte recessão e restrição à liquidez global foram os principais motivadores para os resultados do primeiro trimestre. No âmbito nacional, a associação destaca a manutenção da taxa Selic em um patamar elevado e as incertezas econômicas. “Temos questões tributárias importantes para a indústria sendo discutidas. Isso faz com que investidores estrangeiros fiquem em compasso de espera e prefiram aguardar sinalizações mais concretas sobre os rumos da economia do país. Juros elevados, discussões sobre meta de inflação, crescimento econômico ainda modesto e indefinição sobre a âncora fiscal reforçaram o cenário de retração nos investimentos”, afirma Piero Minardi, presidente da Abvcap, em nota.
O executivo analisa que o Brasil tem tudo para voltar a atrair investimentos de longo prazo, mas é essencial que os recursos dos FIPs (Fundos de Investimentos em Participação), principal veículo de investimento dos fundos de private equity, tenham tratamento tributário similar ao do investidor da bolsa. “Temos alguns projetos de lei em tramitação no Congresso que eliminariam essas assimetrias e trariam segurança jurídica aos investidores. Aprovar essas medidas vai atrair mais investimentos de fora e aprimorar nosso marco regulatório”, pontua.