Talvez você ainda não tenha ouvido falar da Verve Capital, mas com certeza conhece algumas das startups do seu portfólio. Com foco em startups em super early-stage, o fundo tem um histórico de investimentos em empresas como Rei do Pitaco, Malga, Arado (ex-Clicampo) e Cumbuca, atuando nos mais variados nichos de mercado.
O negócio foi criado por Marcelo Franco, cofundador da varejista SACK’S, e-commerce de beleza e cosméticos que em 2010 foi vendido para a LVMH, holding francesa de luxo que detém a marca Sephora. Para lançar a Verve Capital, o empreendedor se uniu a Gabriel Farme, executivo com mais de 10 anos de atuação em finanças e M&A.
O fundo I teve Marcelo como o único LP (Limited Partner). “O primeiro veículo de investimento foi pensado para validarmos a tese da gestora. Nossa visão ainda não estava completamente clara, então serviu como um grande aprendizado”, explica o empreendedor. O fundo realizou alguns aportes em empresas da Europa e dos Estados Unidos, antes da Verve estruturar sua tese em startups do Brasil e da América Latina.
Após validar sua estratégia de investimento no ano passado, a empresa entra no seu quarto ano como investidor pré-seed e seed na América Latina, com o objetivo de ser o primeiro cheque em empresas em estágio inicial, com valores entre US$ 250 mil e US$ 500 mil. Após concluídos os estágios iniciais, a gestora passa o bastão para fundos parceiros que olham para estágios mais avançados, para ajudar a trazer maiores recursos da série A adiante.
Mirando nos potenciais
Atualmente, a companhia está apostando no modelo de club deal para expandir a sua rede de investidores, especialistas do setor e fundadores de startups. “O apoio no início da jornada das startups é fundamental, principalmente em um país como o Brasil, que tem as suas peculiaridades. Conhecer a pessoa certa pode fazer muita diferença, e queremos seguir estimulando pessoas do nosso network a investirem conosco para apoiar essas empresas”, explica Marcelo.
Ao invés de simplesmente captar em uma ponta e entregar o dinheiro para outra, a Verve Capital espera promover o encontro entre os diferentes atores do ecossistema. “Estamos focados em três pilares: conexão, usando a rede para aproximar as startups de potenciais clientes e ajudá-las a chegar onde desejam; suporte operacional para montar as bases do negócio, auxiliando com gestão financeira, jurídica, etc; e apoio nas rodadas futuras, definindo a diluição, tamanho do cheque e conectando a outros investidores”, diz Gabriel.
Apesar das incertezas macroeconômicas no mercado global de venture capital, os executivos enxergam boas oportunidades para seguir investindo. “Empreender no Brasil com zona de conforto não funciona. É importante ter algum tipo de desconforto, e acho que o cenário mais desconfortável contribui para formar melhores empreendedores, que realmente queiram assumir essa jornada”, avalia Marcelo.
Como a maioria do ecossistema, a Verve reduziu o número de investimentos em meio à crise. Em 2021, foram cerca de 11 aportes. No ano seguinte, quase metade deste volume. Em 2023, a companhia realizou 2 aportes até o momento. “Estamos lidando com bons olhos, pois temos mais tempo para avaliar as startups e conhecer os empreendedores. Ainda há dinheiro disponível para bons negócios, e estamos super animados, pois há muitos problemas a serem resolvidos na sociedade, e acreditamos que a tecnologia seja a melhor maneira de solucionar essas questões”, finaliza Gabriel.