A Automni, deep tech que desenvolve soluções logísticas com robôs e sistemas inteligentes para empresas, captou R$ 5,5 milhões em um coinvestimento entre a gestora MSW Capital, por meio do fundo MultiCorp 2, e da empresa de locação de equipamentos Viaduto.
Fundada em 2014, a startup transforma paleteiras e empilhadeiras comuns em robôs móveis autônomos que funcionam por inteligência artificial. A solução pode ser integrada aos sistemas de gerenciamento de armazém (WMS) e de gestão empresarial (ERP) para prover mais eficiência e segurança às operações. Com clientes como Nestlé, Danone, Unilever e DHL, a companhia oferece um sistema integrado para centros de distribuição e fábricas que manuseiam os materiais por meio dos veículos e robôs autônomos.
Segundo André Abrami, fundador da Automni, a startup não tem concorrentes diretos no Brasil, e apenas uns 4 rivais a nível global. “Nosso diferencial é ser um provedor de logística. Trazemos o serviço como um todo para o cliente e os robôs fazem parte dessa solução completa. Os concorrentes são simplesmente provedores de robô e os clientes precisam ter um integrador ou um conhecimento profundo para conseguir automatizar o processo”, afirma o executivo, em entrevista ao Startups.
A expectativa é usar o dinheiro do aporte para se consolidar como referência no mercado de veículos autônomos para logística interna no Brasil. O plano é aprimorar produto, tecnologia e operação, além de estruturar o time comercial e escalar as vendas. A equipe, hoje de 30 pessoas, deve crescer cerca de 30% até o fim do ano. Sem abrir números específicos, André revela que a startup deve dobrar o faturamento em 2023.
A Automni tem sede em São Paulo e, por enquanto, está focada em atender a região Sudeste. No entanto, isso não significa que ela não irá se expandir para outra região caso surjam clientes ou projetos grandes. André afirma que, inclusive, já há conversas para internacionalizar o negócio e levá-lo aos Estados Unidos – algo que deve acontecer no médio prazo.
De mãos dadas com os investidores
O aporte na deeptech é o primeiro feito pelo fundo MultiCorp 2, da MSW Capital. A gestora especializada em Corporate Venture Capital anunciou o veículo em junho de 2022 com R$ 100 milhões para impulsionar negócios de inovação nos próximos 5 anos. O fundo tem como investidoras as empresas Moura Baterias, BB Seguros, Embraer e AgeRio.
O foco do MultiCorp 2 são empresas que estejam captando rounds seed e série A e tenham sinergia com o perfil dos investidores, principalmente negócios de base tecnológica com soluções para os mercados de energia e seguros. No caso da Automni, a solução foi atraente por combinar logística interna com veículos elétricos e desenvolvimento de veículos de transporte com funcionamento autônomo, verticais que fazem parte dos ecossistemas de inovação aberta da Moura Baterias e da Embraer.
“A Embraer é uma empresa global de mobilidade e logística, com inteligência artificial e automação. Há grandes possibilidades de smart capital com a Automni. Além disso, os equipamentos da startup estão relacionados com mobilidade elétrica e baterias, que fazem parte da tese da Moura Baterias”, explica Moises Swirski, sócio-fundador da MSW.
A rodada foi acompanhada pela Viaduto, empresa da Danica Capital especializada em soluções logísticas de movimentação de cargas. “Nossa curiosidade de conhecer a Automni veio do próprio mercado, que começou a falar bem sobre ela. Há 8 anos, a indústria 4.0 tinha raríssimas soluções de veículos autônomos robotizados. Até hoje, poucas empresas conseguem de fato implantar e manter esses serviços”, diz Luis Felipe Savoy, CEO da Viaduto.
O fundador da Automni ressalta a importância do smart money dos investidores. “A MSW tem contato com várias startups e pode oferecer insights sobre o que está ou não dando certo nas empresas do portfólio. Ela tem contato com outros fundos e pode nos ajudar a captar futuras rodadas, além de proporcionar uma forte sinergia com os cotistas Embraer e Moura Baterias. Já a Viaduto é nossa parceira comercial, tem uma estrutura forte de estoque, manutenção e serve como um canal de captação para novos clientes”, diz André.
Segundo André, o sucesso da captação está atrelado, entre outros motivos, ao relacionamento de longo prazo com os investidores. “Está bem difícil captar nesse momento, principalmente sem relacionamento prévio e alto grau de confiança. Outros grandes fundos não mostraram interesse na rodada. No caso da MSW e da Viaduto, já estávamos em contato há pelo menos 1 ano, o que foi fundamental”, conclui.