A Jungle acaba de ser lançada oficialmente no mercado brasileiro. A companhia irá desenvolver e publicar games mobile na web3 com o objetivo de canalizar o potencial de novas tecnologias no mundo de jogos e impulsionar o crescimento do setor nos próximos anos.
Mais do que um negócio sobre gaming ou web3, a startup é uma parceria de amigos de infância que estudam, observam e são obcecados pelo mercado desde pequenos. O negócio foi fundado por Giulio Ferraro (ex-Trela e Creditas) e os ex-executivos da Wildlife Studios João Beraldo e Lucas Kertzman. “A gente sempre teve o sonho de fazer algo relevante que mudasse a trajetória da nossa vida e, ao mesmo tempo, deixasse um legado do que é possível construir no Brasil”, afirma João, em entrevista ao Startups.
A Jungle aposta na compra de propriedades intelectuais subutilizadas de empresas de jogos estabelecidas para então desenvolver a visão do produto e estratégia de mercado. Segundo os empreendedores, isso permite que a empresa leve seus jogos ao mercado de forma muito mais rápida do que os concorrentes. “Ao adquirir jogos já desenvolvidos, conseguimos sair anos à frente de qualquer competidor que está produzindo um game do zero” explica o CEO.
A proposta é combinar games e tecnologias descentralizadas como o blockchain. “Queremos oferecer a melhor experiência de web3 gaming em mobile. O mercado já tem alguns jogos publicados com conexão em blockchain, mas são muito limitados. Acreditamos ter um dos primeiros jogos da indústria global que está realmente trabalhando o mobile e consegue competir com qualquer outro pela diversão”, afirma.
Planos para 2023
Para iniciar as operações e lançar a empresa, os empreendedores levantaram um investimento seed de US$ 6 milhões liderado pelos fundos norte-americanos Bitkraft e Framework Ventures. Delphi Digital, Karatage, Fourth Revolution Capital, Monoceros, 32bit Ventures, Snackclub e o brasileiro Norte Ventures acompanharam a rodada. Com os recursos, a companhia está estruturando sua equipe de marketing, arte e desenvolvimento para lançar o primeiro game ainda este ano.
“Embora os jogadores mobile sejam maioria no Brasil, eles ainda não são bem atendidos na América Latina. Nossa missão é oferecer um jogo divertido e otimizado, com uma parte de marketing e tecnologia que leve em consideração o comportamento do público”, diz João. O primeiro título será um First-Person Shooter (FPS) que permitirá que os usuários sejam donos dos ativos coletados nas partidas, trazendo o poder da propriedade digital e economias de mercado livre para o mobile.
A Jungle recebeu seu primeiro investimento em um cenário bastante turbulento. “Captamos em um momento péssimo de mercado, com cripto e web3 pegando fogo”, analisa João, refletindo sobre a queda do apetite pelas criptomoedas e o abalo macroeconômico no venture capital. “Ao mesmo tempo, tínhamos muita convicção nos valores que estávamos construindo. [O aporte] é sempre sobre achar os parceiros adequados, e era uma questão de tempo até encontrarmos aqueles que encaixassem à nossa tese.”
Giulio acrescenta: “Quando fomos para o mercado, muitas pessoas próximas falaram que o cenário estava difícil. Mas quando começamos a fazer as apresentações e negociar, vimos que havia um interesse genuíno e levamos conversas com vários fundos”. Os empreendedores afirmam que até poderiam contratar talentos de fora do país por conta da conexão com os investidores estrangeiros. No entanto, o foco inicial é talentos locais, e a Jungle deve contratar entre 10 e 15 pessoas nos próximos meses.
Como tendências, os empreendedores observam um declínio do modelo Play-To-Earn (Jogue Para Ganhar), em que jogos em blockchain recompensam os usuários com criptomoedas à medida que avançam no jogo. “Acreditamos em ondas de mercado. Seguimos apostando no potencial da web3, mas não com a expressão do play-to-earn. A gente acredita na tecnologia sem o peso da expectativa do usuário sobre o valor ou renda econômica que ele vai tirar do jogo”, conclui João.