As mulheres agora representam cerca de 18,6% das tomadoras de decisão em fundos de venture capital norte-americanos, segundo o relatório anual da All Raise, comunidade de investidores do sexo feminino e não-binários. Essa participação dobrou desde 2017, ano de fundação da All Raise, quando as mulheres correspondiam a apenas 9% dos cargos de partner para cima.
Apesar do avanço, a representatividade das mulheres em fundos maiores ainda é bem mais baixa, de menos de 14%. Em fundos de US$ 3 bilhões ou mais, 12 mulheres ocupam cargos de managing partner, contra 87 homens.
No final de 2024, as mulheres representavam 17,3% dos tomadores de decisão em empresas
com mais de US$ 50 milhões em ativos sob gestão (AUM) e 19,5% em empresas com menos
de US$ 50 milhões em ativos sob gestão (AUM). Em empresas com mais de US$ 1 bilhão em ativos sob gestão (AUM), as mulheres agora ocupam quase 20% dos cargos de tomada de decisão.
De acordo com o relatório, a evolução é impulsionada pela maior transferência geracional de riqueza da história dos EUA, na qual estima-se que US$ 100 trilhões passarão para as mãos de mulheres até 2048. “É uma mudança impressionante na influência de gastos e no potencial de investimento que remodelará fundamentalmente quem impulsiona, financia e consome a próxima onda de inovação”, destaca o documento.
No entanto, essa maior representatividade ocorre em meio a um mercado difícil para captação de recursos e um retrocesso nas iniciativas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) em corporações, o que está enfraquecendo parte do avanço das mulheres no venture capital. Na Pesquisa de Impacto Comunitário de 2024 da All Raise, 81% das mulheres e pessoas não-binárias relataram que o atual clima político dos EUA (incluindo DEI, mudanças políticas mais amplas e tarifas) é uma preocupação profissional.
Apesar disso, o relatório destaca que a diversidade, mais do que uma política social, é uma estratégia de investimentos vantajosa. Organizações com 30% de mulheres na gestão alcançam maior retorno sobre o patrimônio líquido, melhores valuations e desempenho mais forte das ações, aponta a pesquisa.
Ainda de acordo com o relatório, a falta de diversidade está correlacionada a um desempenho de investimento cerca de 20% menor em um conjunto de dados de praticamente todos os negócios de venture capital de 1990 a 2016.
“A representatividade amplia o fluxo de negócios, aprimora a tomada de decisões, constrói empresas mais resilientes e, por fim, gera retornos. Enquanto os debates públicos sobre DEI
continuam, os investidores que negligenciam a representatividade correm o risco de perder oportunidades cruciais de crescimento, resiliência e vantagem competitiva a longo prazo”, aponta a All Raise.