Negócios

Voltz, da Energisa, quer ser a fintech das empresas de utilities

Com mais de 200 mil cartões emitidos, Voltz tem a meta e chegar a 1 mi de clientes no fim do ano e ter 5 mil em 2026 – seu 5º ano de operação

Voltz Energisa - Startups
Voltz Energisa

Em um processo de seleção de novas ideias para investimento realizado em 2018, a Energisa, 5ª maior distribuidora de energia do país, com atuação em 862 cidades de 11 estados, colocou entre os finalistas a criação de uma conta digital de pagamentos.  

Mas o que começou como um projeto de cunho mais interno, uma forcinha para os clientes pagarem suas contas mais facilmente, acabou tomando uma maior proporção diante das oportunidades que se abriram – e também porque as regras do setor de energia não permitem a atuação diretamente em serviços financeiros.

Nascia assim a Voltz, fintech do grupo que, com pouco mais de 1 ano de operação, já começa a planejar voos mais altos: se tornar a fintech de escolha de outras empresas do setor de utilities. “Queremos ser uma empresa com excelentes soluções para energia e utilities. E a recepção da ideia tem sido positiva porque estamos na frente e podemos desenvolver ofertas escaláveis”, diz Daniel Orlean, co-presidente e fundador da Voltz.

Para Tiago Compagnoni, também co-presidnete e fundador da fintech, não haveria problemas de outras empresas usarema Voltz porque ela foi criada de forma independente da Energisa. Tanto que ele, Daniel e o diretor de tecnologia, José Dantas, são sócios do negócio. Além disso, como cada empresa de utility tem sua área de atuação delimitada, não há um grande conflito concorrencial entre elas. O desenvolvimento dessa nova vertente de atuação, no entanto, ainda está em fase inicial.

Daniel Orlean (à esq.) e Tiago Compagnoni, co-presidentes e fundadores da Voltz

Portfólio da Voltz

Assim como todo banco digital que se preza, a Voltz oferece a seus clientes a conta e um cartão de crédito e débito, com bandeira Mastercard. Mas ela também tem empréstimos, pagamentos de contas com Pix (inclusive a própria conta de luz da Energisa), seguros, assistências e cashback.

Há pouco mais de um mês ela colocou no ar uma oferta de crédito para pagamento de contas de energia em atraso e tem fechado uma média de 100 operações por dia, com tíquete médio de cerca de R$ 1,1 mil.

A estrutura de banking é da Bankly (do Grupo Acesso, comprado pela Méliuz) e o crédito é feito com a QI Tech e a OpenCo.

Segundo Tiago, a ideia é evoluir para um modelo de licenças próprias na medida que a companhia for avançando, mas não necessariamente ela pretende ter uma autorização para ser um banco completo.

Com mais de 200 mil cartões emitidos, a Voltz tem a meta e chegar a 1 milhão de clientes no fim do ano e ter 5 milhões em 2026 – seu 5º ano de operação. Hoje a fintech tem uma equipe de 100 pessoas.

Além de consumidores, a Voltz atende fornecedores da Energisa e a própria distribuidora. Em pouco mais de 1 ano de operação, ela já antecipou R$ 450 milhões para fornecedores da companhia. A Energisa tem relacionamento com um total de 20 mil companhias, o que mostra o tamanho da oportunidade. “O financiamento à cadeia é algo importante porque em algum momento esse fornecedor vai repassar as economias que ele tem pra gente”, pontua Daniel.   

No começo do ano, a fintech colocou no ar 3 novos produtos: crédito para clientes das distribuidoras de energia inadimplentes, antecipação de recebíveis para fornecedores e crédito para operações estruturadas.

Negócio sustentável

O investimento na Voltz integra a estratégia de ampliação de espectro de atuação da Energisa, indo além da transmissão de energia. O plano é batizado de 4D porque envolve descentralização, descarbonização, digitalização e diversificação. De acordo com Daniel e Tiago, o plano é construir uma empresa sustentável, que dá lucro. “Não vamos rasgar dinheiro para adquirir clientes”, diz Daniel.

Ele também reforça que o modelo de negócios não está baseado na remuneração pela taxa de intercâmbio paga pelas bandeiras de cartão por cada transação feita pelos clientes. “Nascemos remotos e na era do Pix. Já sabíamos que não dava para montar o modelo em cima da taxa de intercâmbio”, reforça.