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Whoosh chega ao Brasil com aposta na volta dos patinetes elétricos

Startup desembarcou em Florianópolis e Porto Alegre em 2023 e pretende chegar a cinco outras cidades no próximo ano

Patinete Whoosh
Patinete Whoosh (Divulgação)

Startup de patinetes elétricos não é uma coisa que tem dado muito certo no Brasil. Em 2019, vimos a tentativa da norte-americana Lime, que chegou ao país e seis meses depois anunciou o fim de sua operação por aqui. Na mesma época, a brasileira Yellow se fundiu com a mexicana Grin para criar a Grow, que no ano seguinte entrou em processo de recuperação judicial e nesta semana teve a sua falência decretada pela Justiça de São Paulo.

Mas uma startup europeia acaba de desembarcar no país para provar que os patinetes têm demanda e empresas podem sim dar lucro. Fundada na Rússia em 2019, a Whoosh nasceu da ideia de que os moradores da cidade devem conseguir chegar facilmente a qualquer destino em 15 minutos. O objetivo da companhia é preencher a lacuna entre uma caminhada de 10 minutos e passeios de 10 km, disponibilizando patinetes elétricos compartilhados como uma forma de mobilidade mais acessível e sustentável.

A startup tem mais de 160 mil patinetes elétricos espalhados em 42 cidades do mundo. O ponto de partida da operação no Brasil é a cidade de Florianópolis, que recebeu os primeiros 1.300 equipamentos da marca no país. Recentemente, a Whoosh chegou a Porto Alegre com outros 1.200 patinetes. O plano é expandir para mais uma cidades ainda este ano e outras cinco em 2024, com uma expansão gradual por outros centros urbanos como São Paulo e Rio de Janeiro até 2025.

“Decidimos começar por Florianópolis por conta da infraestrutura urbana e a topografia. É uma cidade com muitas ciclovias e áreas planas, que torna a região bem propícia para o transporte dos patinetes”, afirma Francisco Forbes, CEO da Whoosh no Brasil. “Há também um nível elevado de segurança e o tamanho da cidade é ideal – não tão grande quanto São Paulo, mas maior do que a de muitos outros municípios”, acrescenta.

Segundo o executivo, a operação brasileira da Whoosh é totalmente independente da europeia. “Empresa separada, CNPJ novo. Eles são sócios da Whoosh Brasil, fornecem o sistema e temos alguns benefícios por conta dos acordos comerciais de compra de equipamentos. Mas é um negócio totalmente independente”, pontua.

Francisco Forbes, CEO da Whoosh no Brasil
Francisco Forbes, CEO da Whoosh no Brasil (Foto: Divulgação)

Agora vai?

Para Francisco, as experiências falhas de empresas de patinete no Brasil não foram causadas por um problema de mercado. “As empresas que operavam no Brasil pararam não porque o mercado é ruim ou questões regulatórias, e sim por uma má gestão que levou as empresas à falência, e porque o sistema da operação dos patinetes era ruim. Hoje temos a oportunidade de aprender com os erros do passado”, afirma.

O executivo observa que ainda há um grande potencial para o setor de micromobilidade elétrica no país. “O Brasil tem diversos centros urbanos com mais de 1 milhão de pessoas, todos com problemas de mobilidade por conta do crescimento desordenado, e os patinetes são uma ferramenta rápida, fácil de implementar e efetiva, que gera uma redução instantânea da emissão de gases poluentes”, pontua.

Como diferenciais da Whoosh, Francisco destaca a operação. “Empresas em todo o mundo adotaram o modelo free float, no qual os patinetes eram deixados em qualquer lugar da cidade. Já a Whoosh trabalha com pontos fixos de estacionamento tanto para retirar quanto para devolver os equipamentos”, explica o CEO. A estratégia promove uma maior organização na cidade, sem atrapalhar o fluxo de veículos e pedestres, e contribui para uma maior eficiência operacional da companhia. “Temos que trocar as baterias dos patinetes, e é muito mais fácil fazer isso se eles estiverem reunidos em um só lugar ao invés de espalhados um por um pela cidade”, aponta Francisco.

De acordo com o executivo, a frota da Whoosh está disponível 24 horas por dia, sete dias da semana. “Antigamente, era comum trocar o patinete inteiro e, de tempos em tempos, precisava substituir toda a frota. Mas temos um equipamento mais seguro, robusto e tecnológico, que nos permite trocar apenas as baterias e garantir que a frota esteja sempre disponível.”

No Brasil, a companhia concorre com a FlipOn, de compartilhamento e locação de transportes elétricos, e a Pulga, empresa de micromobilidade que nasceu em Gramado (RS) e aposta em pequenas cidades como Canela (RS) e Balneário Camboriú (SC) com seus patinetes elétricos compartilhados. A nível global, a players de maior peso como a Bird, dos Estados Unidos, e a própria Lime, que deixou o Brasil mas ainda opera em cidades da Europa e da América do Norte.

A Whoosh fez o seu IPO na Rússia em dezembro de 2022, tornando-se a única empresa a realizar uma oferta pública inicial no país naquele ano. A companhia disse que arrecadou 2,1 bilhões de rublos (cerca de US$ 33 milhões) na listagem a uma avaliação de 20,6 bilhões de rublos (aproximadamente US$ 326 milhões). O valor é menos da metade da meta inicial de captar US$ 80 milhões, de acordo com a Reuters, em um mercado impactado pelo contexto geopolítico na região.

Francisco tem planos ambiciosos para a empresa no Brasil, que deve fazer uma primeira rodada de investimentos nos próximos dois anos e já tem olhos para um futuro IPO. “A empresa já é listada na Europa e quero levar a Whoosh à B3“, afirma. “O modelo voltou para ficar e tem dado super certo. Estamos operando há quatro meses, com resultados excelentes. Agora, o plano é expandir e conduzir a empresa para ganhar todo o Brasil”, afirma Francisco, sem revelar os números e resultados obtidos no Brasil até o momento.