Negócios

Zazos usa no-code para dar superpoder ao RH e mira break even

Com sistema customizável, que dispensa pedidos de novos desenvolvimentos à área de tech, Zazos já tem clientes como NG.Cash e Tractian

Foto: Canva
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Depois de finalizar a integração da Estudar com Você com a Docsity, Alexandre Maluli tinha duas certezas: que queria empreender de novo e que precisava acertar os sócios com quem tocaria um novo projeto. Depois de participar de programas de matchmaking de fundadores, e receber indicações de amigos, ele conheceu Murilo Narciso e Roger Garcia – que foram da Quero Educação – e juntos eles criaram a hrtech Zazos.

A proposta é dar superpoderes aos departamentos de RH oferecendo uma ferramenta no-code que pode ser adaptada da forma que a área precisar. E sem depender de terceiros. “A gente oferece os fluxos e processos que o RH sempre sonhou, mas sem depender da área de tecnologia. É igual a um formulário ou uma planilha para mexer”, explica Alexandre

Em desenvolvimento há 2 anos, o sistema já tem clientes como Lemon Energia, Stark Bank, NG.Cash, Turbi e Tractian e agora está pronto para ganhar escala. Para isso, a Zazos está trazendo para dentro de casa suas primeiras pessoas de vendas e de marketing e começou a mostrar mais o produto ao mercado, participando de eventos e também fazendo suas próprias ativações. A expectativa é fechar o ano com uma expansão de 600%. Para 2024, Alexandre diz ainda não estar confortável em abrir projeções, Mas deixa uma pista. “Sozinho eu já trouxe muitos dos clientes que temos hoje. Imagina agora com investimento”, brinca.

Tela do motor de automações da Zazos

Plano

O plano inicial é buscar como clientes startups e “empresas modernas”, que tenham de 30 a 500 colaboradores. “Mas estamos aumentando cada vez mais o tamanho de empresas que conseguimos atender”, completa o fundador. No radar também está uma expansão internacional. O fundador conta que já recebeu contato de startups dos EUA para contratação e que a ferramenta já é usada fora do Brasil, mais especificamente no México, por conta da ida da Tractian para o país.  

Com as áreas de recursos humanos começando a investir em tecnologia e com nomes como Gupy, Flash, Caju e Swile se colocando como soluções que respondem às diferentes necessidades delas, a Zazos acredita que a possibilidade de customização será sua e desenvolvimento de ferramentas totalmente integradas dentro de casa será uma fortaleza. “Outras startups compram empresas e costuram soluções diferentes para oferecer um one-stop-shop. Isso nem sempre oferece uma experiência fluída e coesa para os usuários”, diz.

Como funciona

O sistema da Zazos conta com alguns modelos pré-definidos para serem usados logo de cara, mas que podem ser customizados de acordo com as necessidades de cada empresa. “É um software vivo”, diz. Ele conta o caso de uma fintech que conseguiu consolidar as funcionalidades de 4 sistemas diferentes usando só a Zazos e ganhou o equivalente a uma pessoa no time com o tempo liberado das atividades feitas em diferentes telas.

Além dos recursos próprios, ele pode ser integrado com outras ferramentas do mercado como as de saúde ocupacional da Salú e de controle de ponto da PontoMais – áreas nas quais a Zazos não pretende atuar.

O modelo de negócios é um SaaS com um pacote de horas de implementação/consultoria. Mas se o cliente preferir, a parte da implementação pode ficar de fora do pacote. “Se a empresa tem um perfil mais “safo” no RH, que vai ficar como dono do processo de implementar a Zazos e tem tempo para isso, ela se vira sem o pacote de horas. Apesar de a contratação ainda assim ajudar a empresa. Caso não tiver, é recomendável ter esse apoio”, explica Alexandre.

Funding

Para sair do papel, a Zazos levantou R$ 12 milhões (US$ 2,4 milhões) até agora. O aporte foi liderado pela gestora americana Quiet Capital – que investiu no Airtable – e contou com a participação de investidores anjo como Roberto Sallouti, presidente do BTG Pactual, que já tinha investido na Estudar com Você. A Y Combinator, onde a Zazos foi acelerada em meados de 2021, também investiu. “Tomamos uma decisão diferente do senso comum, de nos preocuparmos primeiro com o produto. Fomos até criticados porque não quisemos escalar a receita logo de cara. Mas por se tratar de um produto no code, algo raro na América Latina, a gente precisava criar um produto primeiro”, conta Alexandre.

Com expectativa de chegar ao break even no próximo semestre, a Zazos não vê necessidade de levantar mais capital tão cedo. “Estamos tranquilos de caixa e vamos analisar oportunamente. Somos bem responsáveis financeiramente. A gente acredita no modelo Netflix de trazer gente muito boa, um que rende por 10, e pagar muito bem”, detalha. Hoje a equipe da companhia conta com apenas 15 pessoas, incluindo os 3 fundadores. E a expectativa é ficar assim por algum tempo.

Roger Garcia (à esq.), Alexandre Maluli e Murilo Narciso, fundadores da Zazos