A Zen, criadora do app de meditação homônimo e da plataforma de aulas de ioga Zen Wellness, vai lançar uma solução de aulas online para instrutores de ioga, que deve trazer um aumento no faturamento de mais de 40% em 2022.
Fundada por Christian Wolthers – que saiu da empresa no ano passado para focar na plataforma de equity crowdfunding Vegan Business – e a influenciadora digital Juliana Goes, a Zen é liderada pelo também co-fundador Matheus Benatti desde novembro de 2021. A empresa, cujo app alcançou a marca de mais de 4 milhões de downloads, começou a incrementar sua oferta para responder às novas necessidades de seu público desde o surgimento da Covid-19.
“[O aumento na demanda por] todos os aplicativos de meditação funcionaram como um termômetro da seriedade de como a pandemia estava impactando o mundo. Começamos a ter uma procura muito grande por aulas de ioga, mas até aquele momento [do início da crise], o Zen era uma experiência baseada em áudio e não estava preparada para vídeo”, diz Matheus, em entrevista ao Startups.
A startup então investiu em um estúdio, produção e instrutores, e assim nasceu o Zen Wellness em novembro de 2020. Com modalidades como ioga, pilates e meditação, as aulas são transmitidas pela plataforma própria da empresa, e também por parceiros como o Gympass, que consomem o conteúdo através de APIs. Mais de mil alunos atualmente fazem suas práticas através da plataforma.
“Quando lançamos o Zen Wellness, fomos procurados por muitos instrutores, que queriam entender a experiência e saber como poderiam dar aula na nossa plataforma, mas a ideia não era criar um marketplace”, explica Benatti. “Por outro lado, a qualidade, a transmissão, a experiência com o usuário que temos era completamente diferente do que os instrutores conseguiam oferecer. Decidimos testar a hipótese de um produto que resolvesse este problema.”
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Aprimorando aulas online
Em setembro de 2021, a empresa começou a trabalhar na validação da ideia de uma oferta composta por tecnologia e serviços para apoiar profissionais dando aulas online. Um protótipo foi construído com alguns dos instrutores que haviam contatados o Zen e, em uma semana, a proposta do MyMat foi definida.
Com lançamento previsto para março de 2022, o MyMat traz recursos como ferramentas de marketing e gestão de cobrança de alunos. O produto também é uma alternativa ao Zoom, plataforma de videoconferência usada por muitos instrutores de ioga para a transmissão das aulas e que impõe uma série de entraves.
“Muitos professores querem usar música nas aulas, e a tecnologia do Zoom é desenvolvida para distorcer o som ambiente, resultando em um som abafado. Alunos entravam na aula com o microfone ligado ou ligavam durante uma meditação, e atrapalhavam a experiência. O MyMat endereça estas e outras necessidades que foram mapeadas junto aos profissionais”, detalha Matheus.
Para resolver a questão da impossibilidade de dar a aula online e, ao mesmo verificar necessidades de alunos ao longo da sessão, instrutores também terão a opção de fazer aulas ao vivo, ou guiadas – neste caso, o profissional gravará uma aula e poderá guiar alunos que seguem a gravação em sessões posteriores.
Segundo Matheus, a ideia não é oferecer o MyMat como SaaS (software como serviço), e sim usar um modelo parecido com a Hotmart, em que a empresa cobra uma porcentagem do valor cobrado pelo profissional. O Zen ficará com uma comissão de 15% das aulas feitas pela plataforma, e o objetivo é que instrutores tenham em média 10 alunos a um ticket médio de R$ 230 por mês.
“Nossa ideia é investir em capacitação para esses profissionais, democratizar o conhecimento em marketing e posicionamento em redes sociais, para que eles cresçam e atraiam mais alunos. A gente só vai crescer se [os instrutores] crescerem na plataforma,” diz o CEO do Zen, que trabalhava no desenvolvimento de infoprodutos com Christian antes mesmo da fundação da startup, em 2016.
Captação a vista
Com a adição do MyMat, a expectativa é que o faturamento do Zen, que hoje está em cerca de R$ 3.5 milhões, chegue em R$ 5 milhões em 2022. Hoje, cerca de 80% da receita vem do aplicativo, que inclui meditação e um produto para insônia, enquanto o Zen Wellness contribui com o restante.
Próximos passos da visão de cinco anos da companhia, segundo Matheus, incluem a oferta de programas online de formação de instrutores de ioga, além de uma expansão do MyMat para mercados latinos.
Há também a possibilidade de uma captação de recursos para a Zen, que tem alguns investidores estratégicos, como Michael Jones, CEO do fundo Science, que detém 23% da companhia. “Não estamos [levantando capital] no momento, mas estamos abertos a conversas e ouvindo o mercado”, conclui.