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Alexandre Zolko, CEO da CRM&Bônus, tem o empreendedorismo e o varejo no sangue. Nascido na cidade de São Paulo, ele passou boa parte da infância e da adolescência acompanhando o trabalho dos pais, que fundaram a rede de moda feminina TVZ. Com apenas 21 anos, decidiu lançar seu primeiro empreendimento e criou a MyShoes – marca de calçados adquiria pela Arezzo&Co no ano passado.

Desde então, não largou mais a vida empreendedora. Criou outras 7 startups, incluindo sua aposta mais recente com a CRM&Bônus, uma plataforma full service de giftback voltada para aumentar as vendas e lucratividade das empresas. Fundada em 2018, a companhia atua no Brasil, Estados Unidos, Portugal, México, Israel e Itália, e conta com mais de mil marcas parceiras e 13 mil pontos de vendas. Avaliada em R$ 1 bilhão em sua única rodada de investimento, a empresa gera caixa desde o 4º mês de operação e deve fechar 2022 com uma receita na faixa dos R$ 100 milhões.

Em um papo de peito aberto com o Startups, Alexandre falou sobre sua trajetória, desafios para ser um empreendedor de sucesso, rotina e ambiente de trabalho. Veja, a seguir, os melhores momentos da conversa.

De onde vem o lado empreendedor? O Alexandre criança já se imaginava criando negócios?

Sim. Com 5 ou 6 anos eu ia para o shopping com os meus pais, que tinham esse espírito empreendedor. Nunca me esqueço do meu pai ligando às 22 horas para saber se as vendas tinham sido boas. E eu perguntava para ele sobre isso, me interessava. Sempre fui um cara muito curioso. Quando criança, entrava nas lojas e perguntava qual era a joia mais cara, minha mãe morria de vergonha.

Recentemente, entrei em contato com muitas pessoas que não via há anos. Uma delas lembrou uma viagem em família que fizemos quando eu tinha uns 10 ou 11 anos. Estávamos na piscina quando falei que um dia seria um grande empresário. Então desde criança tenho essa paixão por empreender e ser criativo, tanto que eu empreendi muito cedo. Comecei a trabalhar com os meus pais assim que entrei na faculdade de Administração. Com 21 anos lancei a MyShoes e não parei de empreendeder – a CRM&Bônus é o meu 8º negócio.

Sempre fui inquieto. O lado positivo disso é que eu realmente tenho uma energia muito forte. O negativo é que muitas vezes eu desfoquei, sempre queria fazer mais do que um ser humano é capaz. Hoje me sinto maduro o suficiente para usar a energia com moderação. Sou é apaixonado por empreender desde sempre – e acredito que para sempre. Mas na CRM&Bônus não vejo a necessidade de empreender em outros projetos, porque aqui é uma Disneylândia. Criamos a CRM&Bônus 2.0 como uma outra empresa dentro da startup.

Também sempre fui muito ambicioso. Hoje em dia troquei a ambição pela missão. Claro que ambição é algo muito bom. Mesmo já tendo conquistado alguns pontos na minha vida, continuo correndo atrás. Mas agora não pela ambição do dinheiro, embora isso ainda mova, mas pela missão. Ainda tem muita coisa para entregarmos na CRM&Bônus. Por ser ambicioso, sempre quis ser um grande empresário para ser reconhecido. Mas hoje não tenho a vontade de querer provar para as pessoas como tinha antigamente, ou de ser o cara  mais rico do mundo. Tenho saúde, família e sou uma pessoa feliz. A missão é o que me move.

Quais foram os principais desafios enfrentados no início da sua trajetória?

Eu era muito jovem. Muitas pessoas falavam para eu ir com calma, mas quando você é jovem não tem jeito. Você precisa colocar os dois dedos na tomada para aprender que dá choque. Não adianta pai, mãe, tios e amigos avisarem. Sempre fui ‘vamos para frente, vai dar certo’. Mas você precisa respirar, entender um pouquinho.

Tive um sucesso muito repentino, o que é obviamente bom, mas ao mesmo tempo foi ruim porque achei que eu era o rei da cocada preta. ‘Sou o cara foda, vou abrir um monte de outros negócios’. E não é bem assim, você não consegue abrir tantos outros negócios. Precisa de foco. Estando desfocado para abrir muitos negócios, todos deram errado, inclusive na MyShoes, eu desfoquei.

A sorte é que eu aprendi – com sucesso, fracasso e agora graças a Deus sucesso de novo – que não existe pódio permanente. Tem pessoas que chegam nessa conclusão com 60 anos, e eu cheguei muito jovem por ter tido muitas experiências. Isso me preparou para o eventual sucesso que a gente está tendo agora, e acho que ainda pode ser muito maior. A CRM&Bônus é um bebê que pode ser muito grande. Tem muito trilho e o meu maior medo é desfocar. Cada passo que damos abre mais possibilidades e tenho que saber se vale a pena abraçar essas oportunidades ou não.

Como é a sua rotina, um dia típico do CEO da CRM&Bônus?

Tenho o Luiz Guedes, cofundador da empresa, como meu braço direito. Ele me ajuda em todas as partes operacionais como se fosse um co-CEO no dia a dia. Eu me julgo um empreendedor excepcional, não sei se sou o melhor presidente para a companhia.

Foco 40% do meu tempo em produto e 60% em comercial, eu vendo muito bem. Meu maior legado na CRM&Bônus é que cada empresa em que entro para conversar, cuido do problema para sempre com a missão de que ela venda cada mais. Semana passada, estava na Marisa e vesti a camisa como se fosse dono dela. Discutia estratégias como se fosse dono da Marisa. Depois fui para o Itaú, e me senti dono também. Meu dia a dia é muito dinâmico, me sinto dono de todas as empresas com quem eu converso para fazer elas venderem mais. É isso que move a companhia e tento passar essa energia para o time.

Minha agenda é lotada, tenho uma assistente que me ajuda com isso e sempre peço para ela tentar colocar 2 ou 3 horas livres por dia para eu ter tempo de pensar em outras coisas e não ficar refém só do comercial e produto.

Como você faz para conciliar a vida profissional com pessoal?

Trabalho quando estou acordado, estou sempre pensando em trabalho. As pessoas sempre me perguntam como consigo responder o WhatsApp tão rápido. Acho que não existe a possibilidade de alguém me mandar uma mensagem e eu não responder em menos de 3 minutos, a não ser que eu esteja dormindo ou tomando banho. Se não, tenho a sensação de que preciso responder, um senso de urgência.

Família é muito importante. Quando estou com as minhas filhas e a minha esposa me esforço para curtir com elas. Nos fins de semana e feriados é mais simples, consigo curtir e relaxar. Ainda estou online, mas não a cada 3 minutos – talvez a cada 60. Isso me ajuda bastante.

A primeira rodada da CRM&Bônus aconteceu há 1 ano, com um cheque de R$ 280 milhões liderado por SoftBank e Riverwood Capital. Estão buscando capital adicional?

Hoje não. A gente pensa em fazer uma rodada no ano que vem. Mas não por necessidade de capital. A companhia está com um caixa superior ao que tínhamos quando os investidores entraram, mesmo investindo muito em marketing e tendo comprado duas empresas este ano – ChefsClub e Zipper.

Pensamos em fazer outra rodada, porque pode ajudar muito em novos M&As, principalmente fora do país para entrar em outras regiões com uma jornada de clientes maiores. Mas não tenho muito apetite por comprar receita, isso é atalho e eu gosto de comprar coisa que tenha oportunidade de multiplicar rapidamente com o meu ecossistema. Tem que ser um produto bom e que gere mais valor, que o cliente se sinta mais satisfeito.

Temos a vontade de abrir capital no médio e longo prazo, inclusive fora do país, mas estamos totalmente sem pressa. Um deal bom para o empreendedor é quando a rodada é concluída por opção e não necessidade. Além disso, não é um momento bom para procurar aporte, frente ao juros altos, e fundos de venture capital segurando a mão. Não tem muito sentido pensar em rodada agora, mas está ótimo para comprar com o dinheiro que temos em caixa, pensando em M&A e negócios inteligentes.

Raio X – Alexandre Zolko

Um fim de semana ideal tem: Família

Um livro: “Nos bastidores da Disney”, de Tom Connellan

Algo com que não vivo sem: Trabalho

Uma música favorita: “Trem Bala”, de Ana Vilela

Um prato preferido: Comida japonesa

Uma mania: Tenho muitas. Organização e estética. Se tem uma cortina fora, quero deixá-la no lugar

Como gosto de relaxar: Viajando

Sua melhor qualidade: Energia e, hoje, foco

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