Luis Bitencourt-Emilio construiu um currículo de peso com passagens pela Microsoft e Reddit, nos Estados Unidos, e Rappi, na Colômbia. Após mais de 15 anos vivendo no exterior, retornou ao Brasil há pouco mais de um ano e hoje lidera a área de tecnologia da Loft, unicórnio de compra e venda de imóveis, responsável pelos times de engenharia, produto, dados, design, TI e automações.
Em paralelo a sua atuação na proptech, Luis também é diretor do Conselho de Administração da Wikimedia Foundation, organização dedicada a incentivar a produção, desenvolvimento e distribuição de conteúdo livre e multilíngue. O executivo é o único representante atual do hemisfério sul na fundação, que tem como um de seus projetos a Wikipédia.
Em um papo de peito aberto com o Startups, Luis falou sobre o que motivou sua entrada na Loft, as estratégias da companhia para 2023 e o que gosta de fazer para relaxar. Veja, a seguir, os melhores momentos da conversa.
Depois de passar por empresas como Microsoft e Reddit, nos Estados Unidos, o que te motivou a vir para o Brasil e trabalhar na Loft?
Tudo na minha carreira é uma jornada. Com 8 anos, meu pai me inscreveu em um curso de programação, tenho até hoje uma foto com um PC 286 super velho. Aos 12 anos, me mudei para os Estados Unidos e fiquei por lá durante boa parte da minha carreira em tecnologia, atuando na frente de testes de qualidade, engenharia e produto.
Sempre gostei de trabalhar em companhias de tamanhos diferentes. Primeiro na Microsoft, depois na Workpop, uma startup que na época tinha só 8 pessoas no time. Aí fui para a Reddit e fundei a minha própria fintech, batizada de Novi Money, que olhava para serviços financeiros nos Estados Unidos.
Quando entrei na Rappi, comecei a olhar para o acontecia no ecossistema de tech da América Latina e percebi que não era necessário exportar talentos para grandes empresas de fora e que havia oportunidade de fazer algo na região. Conheci o Florian [Hagenbuch], cofundador da Loft, antes de entrar na Rappi. Na proptech, a proposta era juntar as melhores pessoas que tivessem uma mentalidade de relacionar o sucesso da companhia com a melhora de vida da sociedade.
Gostei muito do link entre imóveis e criação de patrimônio geracional, ou seja, de famílias que passam as propriedades para herdeiros. Além disso, descobri uma oportunidade gigantesca de digitalização em um setor que ainda era bastante offline; poderíamos melhorar a experiência de vendedores, compradores e imobiliárias, e ainda ajudar brasileiros a criar esse patrimônio.
O que avançou no último ano e como você enxerga o momento atual da empresa?
Estamos focando muito na parceria com as imobiliárias e trabalhando para ampliar o portfólio de imóveis. Tivemos 44 mil imóveis listados no último ano e as parcerias, sendo que só em um trimestre registramos 25 mil novas propriedades. Vemos as imobiliárias como parceiras, usando a tecnologia para alavancar esses aliados, a Loft como fornecedor de tecnologia para alavancar os negócios das imobiliárias que normalmente são mais offline.
O interessante do cargo é que as coisas mudam bastante. Os desafios mais intrigantes estão relacionados a trazer as melhores pessoas e formar um time forte e coeso. Além disso, criar a visão de onde queremos chegar, qual é a nossa missão e o que podemos solucionar no mercado, e conseguir comunicar isso com o público. Ter todo mundo com essa missão em mente e conseguir executá-la. Isso vem sempre aliado a mudanças de estratégia, negócios e parcerias.
Como está atualmente a proptech depois das 3 grandes ondas de demissão e mais de 800 profissionais desligados? Como a empresa está se reestruturando para 2023?
Foi um ajuste necessário devido à nova realidade global. Cuidamos bastante das pessoas impactadas pelos cortes; elas foram comunicadas pelos gestores e receberam pacotes de benefícios. Cuidamos também para que o time que segue conosco tenha clareza do que estamos fazendo para manter o crescimento e a rentabilidade. Retomando a pergunta anterior, é importante conseguir explicar e comunicar nossa missão.
Pensando no futuro, o foco da companhia é adequar os processos para manutenção do crescimento acompanhado de um esforço em termos de rentabilidade. E chegar nessa missão que temos como empresa mesmo com mudanças no mercado e nas prioridades das imobiliárias e dos clientes.
Como é a sua rotina, um dia típico do CTO da Loft?
O legal é que tem poucos dias típicos. A semana tende a ser mais típica do que o dia, que tende a mudar bastante. Gosto de ter um time pequeno o suficiente para que possa ter reuniões recorrentes com cada uma dessas pessoas. Na segunda e terça-feira, grande parte do dia está reservada para essas reuniões um a um para nos conhecermos, gerar confiança e para entender no que posso ajudá-los e vice-versa. A maior parte do meu trabalho é recrutar as pessoas mais bem qualificadas e fazer todo o possível para que sejam mais eficientes.
Temos uma conversa com conjunto com essas pessoas semanalmente, e o resto da semana é mais variado. Às vezes, estou mais focado na frente da CredPago, outros momentos olho mais para o marketplace e recentemente estive no escritório da Loft no México. Tende a variar bastante.
Mensalmente faço product check-in, olhando para todas as áreas de tecnologia e analisando OKRs (Objetivos e Resultados-Chave), road-map, o que aprendemos e como vamos levar essas lições para o próximo mês. Isso inclui um trabalho com os times de engenharia, produto, dados, design e operações para entender como estamos executando a estratégia.
Quais são os seus hobbies quando não está trabalhando?
Adoro viajar, o que acaba ajudando bastante no trabalho. Também adoro cachorros, nos Estados Unidos tive um Husky Siberiano por 14 anos. Não adotei outro pet ainda, mas pego emprestado os cachorros dos amigos, fico de babá sempre que posso. Além disso, gosto de jogar Roblox e Pokémon GO. Meu filho de 7 anos mora nos Estados Unidos, então viajo bastante para ficar com ele. Ele ama Roblox e no fim de semana ficamos horas no Face Time jogando video-game.
Raio X – Luis Bitencourt-Emilio
Um fim de semana ideal tem… lugares novos para explorar em São Paulo
Um livro: “Tuesdays with Morrie”, de Mitch Albom. Menos pelo conteúdo e mais pelo que ele significa para mim. Foi o primeiro livro que li do início ao fim sem parar
Uma música favorita: A que mais ouvi em 2022 foi “One Day”, de Matisyahu
Um prato preferido: Lasanha vegetariana. Sou vegetariano há três anos e descendente de italianos
Uma mania: Organizo tudo em qualquer mesa que sento, seja no restaurante ou no escritório
Sua melhor qualidade: Não conformismo e teimosia