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Sem experiência para arranjar um estágio… sem estágio para ganhar experiência. Se você passou pela universidade (ou está nela) e nunca viveu esse impasse, considere-se sortudo.

A exigência de experiência é o maior obstáculo na hora de conseguir o primeiro emprego para 77% dos jovens brasileiros, de acordo com a pesquisa “Nós acreditamos nos jovens”, feita em 2018 pela empresa argentina Trendity, em parceria com o McDonald’s. O estudo – que ouviu 1.800 pessoas de 16 a 27 anos no Brasil, Argentina, Chile, Colômbia e Peru – também alerta para a falta de oportunidades, citada por 69% dos entrevistados, e a falta de confiança nas novas gerações (68%).

É justamente esses problemas que a Academia do Universitário está tentando resolver. Criada em 2018 por Diego Cidade, a HRTech de recrutamento e seleção conecta empresas de diversos setores a jovens que estão na faculdade à procura de um estágio. Desde a fundação, a companhia fez mais de 100 processos seletivos e impactou mais de 3 milhões de universitários no país.

“Muitas startups acreditam que são descoladas o suficiente para atrair os jovens. Mas isso não é verdade. As empresas têm fundadores mais velhos, geralmente millennials, que têm dificuldade para se comunicar com quem está começando a carreira”, diz Diego.

27,8% dos fundadores brasileiros de startups têm entre 31 a 35, de acordo com um levantamento da Abstartups (Associação Brasileira de Startups), de novembro de 2021. Founders com 46 anos ou mais aparecem em segundo lugar na lista, acompanhados das pessoas entre 26 e 30 (16,7%), 36 a 40 (16,6%) e 41 a 45 anos (13,3%). Fundadores entre 20 e 25 anos são a minoria – apenas 8,9% do total.

De jovem para jovem

A estratégia para falar com o público-alvo? Ter na empresa pessoas da mesma faixa etária.  “Nosso diferencial é saber falar com os jovens, porque o próprio time é jovem. Assim, conseguimos dialogar com essa galera e ajudar os clientes B2B a atrair talentos mais jovens, com foco na Geração Z (1995-2010).” 

Hoje, com 24 anos, Diego aproveita a força da juventude para impulsionar a marca da HRTech pelas redes sociais, com conteúdos para o YouTube, Instagram e o TikTok, onde a Academia do Universitário tem mais de 112 mil seguidores. 

No app de vídeos curtos, todas as postagens são estreladas por Diego, que trás dicas rápidas de como se comportar em uma entrevista de emprego, escrever bom currículo e até sobre o que responder nas principais perguntas do processo seletivo. “A proposta é gerar o máximo de conteúdo possível para a galera”, diz o empreendedor.

Ele analisa a presença na rede como bastante positiva, embora reconheça que às vezes o entretenimento chame mais atenção do que as postagens informativas. “É uma jornada difícil de sustentar. Mas, aos poucos, conseguimos desbloquear esses impasses e reter o público interessado nesses assuntos. Percebi que muita gente usa as redes para aprender, o que é muito positivo.”

Diego Cidade, diretor-executivo e cofundador da Academia do Universitário

Apoio para quem está começando

A linguagem e o ambiente descontraído não estão só nas redes sociais. A startup tenta recriar essas experiências durante o processo seletivo. Na página de carreiras, o candidato encontra hashtags, emojis, imagens e textos curtos sobre a empresa, a vaga e os benefícios oferecidos.

A plataforma traz vídeos com os gestores e os estagiários que já trabalham na companhia. “Eles passaram pelo mesmo processo, e contam para quem está chegando como é o dia-a-dia na empresa. Falam o que fizeram para se destacar e dão dicas para facilitar a contratação”, explica Diego.

Depois, é feito um match entre a empresa e os candidatos que mais se encaixam na vaga. Os escolhidos passam período de capacitação sobre transformação digital, comunicação não violenta e, ainda, com dicas para se dar bem na entrevista. “A gente dá todas as ferramentas para a pessoa conseguir a vaga, quase de mão beijada, porque a gente quer que a pessoa se empregue. Não tem nenhum enigma para conseguir passar.”

No final, são escolhidos os jovens que mais se destacarem durante a jornada, considerando a performance, evolução e engajamento com as atividades. Depois de contratados, mais uma capacitação, para ajudá-los a percorrer os desafios do dia-a-dia como estagiário, discutindo inteligência emocional, melhoria contínua e marca pessoal.

Os recém-contratados entram em uma comunidade com todos os estagiários de todas as empresas parceiras da Academia do Universitário, e podem marcar mentorias individuais com executivos de grandes marcas como Rock in Rio e Alpargatas. “A gente tenta ao máximo dar o suporte para eles crescerem e terem uma carreira exponencial.”

Por experiência própria

Economista pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Diego conta que foi muito difícil entrar no mercado de trabalho. Fez os processos seletivos, preparou-se para cada etapa e estudou as exigências da vaga, mas não conseguiu o tão sonhado estágio numa multinacional.

Para conseguir uma renda extra e ajudar a família com as contas de casa, acabou trabalhando em um consultório de medicina. “Percebi que muitos estudantes enfrentavam o mesmo loop. Não tinham dinheiro para se capacitar, nem estágio para conseguir o dinheiro”, relembra.

Decidiu pegar os limões e fazer a própria limonada. Para ajudar outros alunos que queriam se destacar profissionalmente, começou a vender cursos sobre liderança, gestão de negócios e uso do Excel por um preço muito mais baixo do que as empresas tradicionais. “Normalmente os cursos custavam cerca de R$ 2.000. Comecei a oferecer o mesmo conteúdo por valores bem menores, entre R$ 50 e R$ 100, para democratizar o acesso à educação”, diz o empreendedor.

Vendo oportunidade de negócio, participou da aceleração da Fábrica de Startups, onde estruturou a Academia do Universitário. 3 anos depois, a startup atende gigantes como Raízen, Total Energies, Azul Linhas Aéreas e BCG.

Em novembro, a empresa  recebeu um aporte de R$ 500 mil de investidores como Richard Uchoa, diretor da Leo Learning; Fábio Barcelos, da Mobees, e Daniel Orlean, fundador da Voltz. O investimento será usado para aumentar a equipe da startup e investir em tecnologia. “Nossa solução ainda é muito terceirizada. Vamos desenvolver algo próprio para poder crescer sem depender dos terceiros”, finaliza Diego.

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