Lutando em uma terra de gigantes como ServiceNow e Zendesk, a gaúcha Agidesk ainda não tem o porte de seus concorrentes globais, mas já tem o terreno preparado, de certa forma, para entrar nessa disputa. “A gente se posiciona no mercado como uma empresa grande e tem cliente que acha que nem somos brasileiros”, brinca Veridiana Carvalheiro, cofundadora e CEO da companhia.
Nascida em 2019, a Agidesk tem como proposta oferecer uma plataforma no code que ajude médias e grandes empresas a fazerem a implementação de sistemas para centros de serviços compartilhados, help desk e service desk. A lista de clientes tem nomes como Grendene, Unimed, Todeschini e o Sport Club Internacional. De acordo com a fundadora, 65% dos clientes têm mais de 500 funcionários. A meta para os próximos 24 meses é multiplicar o número por 10 – isso mesmo, 10 -, chegando a mil clientes.
Veridiana conta que a Agidesk já está preparada para atuar fora do Brasil – e até já tem pessoal de alguns clientes usando em outros países – mas 2023 não será o ano de fazer uma expansão internacional. O momento é de ampliar a presença dentro do próprio Brasil.
“Em maio demos início a mudanças na nossa forma de atuação, fazendo alterações significativas no processo de vendas com foco total em escalar o produto nacionalmente”, conta Veridiana. A companhia também implementou o modelo de trabalho híbrido, o que ajudou a ter colaboradores mais espalhados pelo país – SC, Alagoas e Rio de Janeiro são alguns exemplos.
Com isso, ao longo do 1º trimestre a companhia dobrou o tamanho do time. Dentro os nomes recém-integrados estão Ricardo Karam, ex-Sicredi como head de tecnologia; e Roger Escouto, ex-Habitissimo, como head de Vendas. Até o fim do ano, novas vagas serão abertas em áreas como tecnologia, vendas, marketing e operações.
A companhia também vai lançar dois novos produtos: o AgiTalks, uma plataforma omnichannel em testes em alguns clientes; e o AgiFlow, um orquestrador de processos que permite automatizar os fluxos de trabalho, que chega ao mercado em setembro.
Com essas movimentações, a expectativa da fundadora é dobrar a receita da companhia em 2023.
Rodada em vista
Mesmo diante de um cenário de captação mais restrito, a Agidesk espera usar os bons resultados para levantar recursos. O plano é fazer uma rodada de R$ 5 milhões no 2º semestre, segundo Veridiana. “Estamos em negociação com 3 fundos de investimento para realizar uma rodada seed”, conta ela. No pré-seed, a companhia já recebeu investimento da Bossanova, Sebrae SC e Raja Valley.
Em preparação para a próxima captação, Veridiana usou parte do dinheiro do caixa para recomprar a participação do investidor anjo Anderson Diehl. O tamanho da fatia e o valor pago não são revelados.
Anderson e Veridiana se conheceram em 2019. Em 2021, se reencontraram durante o Gramado Summit, quando a Agidesk ficou em 3º lugar em uma competição de startups. “Como assim 3º? Se vocês não querem eu quero”, lembra o investidor. Esse é o 6º exit de Anderson desde que começou a fazer investimentos anjo, há 6 anos. E os recursos já têm destino. Ele fez um aporte na startup de educação financeira Forme. A edtech abriu uma captação de R$ 800 mil na plataforma Angels Wallet, avaliada em R$ 11,2 mi. A rodada ficou um pouco abaixo da meta máxima, chegando a R$ 659 mil. Mas foi concluída por ter atingido o mínimo esperado.