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Se criar uma startup não é uma tarefa fácil, quando é uma fintech, o caminho é ainda mais tortuoso. Por mais que a sensação seja de que todo mundo virou uma fintech porque a legislação e a tecnologia baixaram as barreiras de entrada, não basta apenas entender o mercado e a dor que irá resolver, é preciso mapear o direcionamento e os caminhos regulatórios e processuais que serão percorridos.

Agora imagine ter a ideia de criar uma startup para o segmento financeiro, sem ter nenhuma experiência prévia com este mercado? Pois bem, não só pode dar certo, como é a história que irei contar no Além da Faria Lima desta semana. Estou falando da Idez Digital, fintech gaúcha fundada em 2019 pelos jovens sócios Maria Cristina Kopacek (CEO) e Pedro Santiago (CTO) – ambos com experiência somente em tecnologia. Zero em finanças.

“Empreender é um desafio diário. Mas, no início, fomos muito loucos pois não tínhamos esse background com o setor financeiro, só com tecnologia. Quebramos muito a cabeça até entender o mercado”, afirma Maria, que fundou a startup em Porto Alegre com apenas 26 anos de idade.

Aliás, é bem interessante como os sócios, e engenheiros de formação, se conheceram e depois idealizaram a fintech. Eles se “trombaram” em uma festa para brasileiros na Alemanha, em 2016, país onde Maria fazia seu MBA em Gestão Green Belt Six Sigma. Acabaram se reencontrando 2 anos depois no Brasil, e antes de criar a Idez, trabalharam em um projeto que acabou virando uma software house focada em logística, a Lab.

E foi exatamente a necessidade um cliente dessa época por uma solução de pagamentos, a qual não podiam oferecer, que motivou ambos a venderem parte da empresa e criar a startup. Foram R$ 300 mil investidos para dar vida à Idez somando a grana de imóveis e carros vendidos, ajuda de familiares e o dinheiro da venda da Lab.

Maria Cristina Kopacek, CEO e cofundadora da Idez (Foto: Divulgação)

Bank as a Service e mais

A Idez nasceu como um Bank as a Service (BaaS), uma plataforma onde médias empresas poderiam se plugar e ter um whitelabel de conta digital e cartão. A infraestrutura criada pelos sócios permitia que qualquer PME criasse seu produto financeiro, com sua marca e necessidade. Ou seja, digitalizassem suas operações financeiras de maneira internalizada. 

Conforme a startup foi crescendo e adquirindo mais clientes – e atingindo breakeven com 1 ano e pouco de operação – foram sendo acrescentados novos serviços como cashback, Pix, crédito consignado privado, antecipação de recebíveis, entre outros.

“Antes nosso modelo de negócio era baseado em um setup que variava de acordo com as soluções contratadas, agora migramos para um full-SaaS, onde teremos vários planos com funcionalidades diferentes, modelo inspirado no embedded finance praticado por empresas no exterior”, conta Maria ao Startups. Segundo ela, foi no ano passado que decidiram pivotar, não focar mais tanto em BaaS, mas em embedded finance.

A proposta de valor da startup também mudou, focada em criar uma linha de receita adicional aos seus clientes. “Aprendemos que os clientes mais lucrativos, eram aqueles que já tinham uma base de clientes consolidada e, por meio da nossa solução, melhoraram a experiência do usuário, gerando linhas de receita adicionais”, exemplifica.

Com mais de 80 clientes, e mais de R$ 100 bilhões transacionados na plataforma ao longo dos últimos 4 anos, a Idez espera fechar 2023 com faturamento de R$ 12 milhões, o dobro que o ano passado. Em constante crescimento, não deve demorar para a fintech abocanhar sua primeira rodada de captação.

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