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Depois de alguns meses de testes e ajustes, a Alice (plano de saúde que não quer ser visto como um plano de saúde) está entrando de vez no mercado corporativo. O movimento marca um novo momento para a healthtech, que até agora se concentrava nos planos individuais. “As empresas representam 60% do mercado. Quem tem plano de saúde é por meio de uma empresa. A gente tem que estar neste segmento”, diz André Florence, cofundador e presidente da Alice.

O alvo inicial são as empresas com sede na capital paulista – um aquário bastante significativo que a Alice calcula ser de 165 mil nomes. Às companhias, que podem ter funcionários espalhados pelo país, será oferecida cobertura nacional, algo que ainda não está disponível nos planos individuais.

As vendas às empresas serão feitas de forma direta, pela própria Alice, não por meio de corretores como costuma ser feito. “Nenhum demérito aos corretores, mas eles vendem coisas que são muito parecidas entre si. E como não achamos que somos um plano de saúde, que cabemos em outra prateleira, precisamos ser diferentes na venda também”, pontua André.

Teto de reajuste

Para se diferenciar dos nomes que já são referência no mercado corporativo como Bradesco Saúde, Amil, SulAmérica e afins, a Alice está trazendo um argumento de venda que pode ser música para o ouvido dos departamentos de recursos humanos: um teto de reajuste anual para os valores dos planos. “Para sempre, enquanto o contrato durar”, reforça André. O benefício vale para empresas a partir de 30 funcionários e será fixado em até duas vezes o valor da inflação anual – medida pelo IPCA.

A expectativa é que a correção fique bem abaixo desse limite. Nos testes feitos em 2021, a Alice registrou um reajuste na faixa de 10,5%, em linha com a inflação do ano, que foi de 10,06%. Nas 5 maiores operadoras do país, a alta média ficou entre 16% e 19%, segundo a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge). Não é incomum, no entanto, ouvir relatos de empresas que já receberam percentuais muito mais elevados do que isso.

Segundo André, a fixação do teto tem como objetivo dar mais transparência e previsibilidade no contrato. Com isso, a Alice espera não só atrair a atenção de novos clientes, mas mantê-los fiéis em sua base.

Hoje, por conta dos altos custos, empresas trocam de plano de saúde, ou mesmo as coberturas oferecidas a seus funcionários em prazo de 1 ou 2 anos.

Score Magenta

Para fazer a conta dos reajustes menos agressivos fechar, a Alice se baseia em sua premissa de cuidado primário, ou seja, garantir que as pessoas estejam saudáveis, e que não precisem onerar o sistema de saúde sem necessidade.

Isso é feito por meio da equipe de cuidado que acompanha os clientes e pelo recém-lançado Score Magenta, uma espécie de termômetro da saúde do usuário.

Um questionário no aplicativo da Alice dá uma nota para a saúde e indica um plano de ação individualizado avaliando aspectos como saúde mental, alimentação, atividade física, hábitos saudáveis, sono e qualidade de vida.

Isso já vinha sendo oferecido individualmente para os usuários da Alice e agora, para as empresas, passa a ser entregue de forma agrega, dando aos gestores a possibilidade de entender como está a saúde do seu quadro de colaboradores e onde é possível melhorar.

Na própria Alice, por exemplo, o score é 690 em 1000. “Em saúde mental estamos bem, mas em atividade física precisamos melhorar e estamos fazendo várias ações para isso”, conta André.

Histórico e planos

A Alice deus os primeiros passos rumo ao mercado corporativo em meados do ano passado quando passou a aceitar a contratação de planos individuais por empresas. Em novembro, ela fez o acqui-hire da Cuidas, startup de atenção primária do portfólio da Kaszek, um de seus principais investidores. Dede janeiro ela vinha fazendo um esforço mais direcionado. Atualmente são 60 clientes corporativos que respondem por menos de 10% das cerca de 10 mil vidas atendidas.     

Perguntado sobre expectativas de crescimento, André não revelou nenhum número, mas disse que a healthtech está com planos de expansão bem mais comedidos diante do cenário de menor liquidez no mercado. “Estaríamos mais agressivos se não fosse o momento atual. Mas estamos mais conservadores, trabalhando com a hipótese de que o mercado estará restrito para levantar capital até o fim do ano que vem”, conta.

Segundo ele, isso significa que a companhia pretende olhar mais para dentro e garantir seu crescimento sustentável. Contratações e lançamentos estão mantidos, mas em ritmo mais comedido. “Vamos crescer o que a gente previa para o ano em um 2 ou 3 anos, investindo mais no longo prazo”, diz.

O caixa da companhia está cheio. Em dezembro ela anunciou uma rodada de US$ 127 milhões liderada pelo SoftBank. Só o sonho de virar unicórnio que deve atrasar um pouco se não rolar uma nova captação em 2022.

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