Nascido em uma família de médicos e empreendedores, Fernando Ribeiro trilhou uma carreira no mundo corporativo totalmente diferente do que via em casa. Pelo menos até o ano passado, quando decidiu juntar as duas aspirações familiares com sua própria trajetória e criar a healthtech Alinea Health.
A proposta chamou a atenção de gente graúda, como o Founders Fund, do (polêmico) bilionário Peter Thiel, que liderou uma rodada de R$ 20 milhões na novata. É o 1º investimento do fundo em uma empresa de saúde no Brasil.
A ideia é ajudar empresas a amenizarem uma de suas principais dores de cabeça: os custos com planos de saúde. A promessa é de uma redução de até 30% nessa linha – ou seu dinheiro de volta. É sério, tá no site deles. E isso sem ter que reduzir coberturas ou trocar de plano a cada 2 anos, como acontece normalmente.
Não é magia
Para entregar a redução de custos, e não ter que devolver dinheiro pra ninguém, a Alinea não usa magia, mas sim tecnologia. O processo é feito pela análise de grandes volumes de dados que criam um conhecimento sobre os colaboradores da empresa e a rede de atendimento do plano.
A partir daí, a healthtech consegue fazer um acompanhamento mais personalizado dos colaboradores, com atendimento rápido e recomendação dos médicos que mais fazem sentido para um determinado momento ou necessidade por meio de um aplicativo próprio.
“Em saúde, qualidade no atendimento significa redução de custos. Se a pessoa vai ao médico na hora certa, o gasto é bem menor. Manter uma sinistralidade controlada é bom para todo mundo. Traz sustentabilidade para a cadeia”, diz Fernando.
Os gastos com saúde já estavam no radar das empresas muito antes da pandemia. Também, com um reajuste médio de 17% ao ano e sendo a 2ª maior despesa depois da folha de pagamentos, não poderia ser diferente.
Mas a crise sanitária acelerou o processo de busca por alternativas oferecidas pelas healthtechs. Nesse sentido, nomes como os planos de saúde Alice e Sami, as corretoras Zelas e Pipo e a Suridata (que trabalha com as corretoras no apoio à redução de custos de sua carteira de clientes) ganharam destaque.
Para Fernando, a entrada de mais gente e mais capital no mercado é muito positiva. Ele destaca, no entanto, que muitas das ofertas disponíveis atualmente podem apresentar conflitos de interesse, e não atender, da mesma forma, a empresa e seus colaboradores. “O nosso ponto de vista é independente e imparcial, de olho no melhor atendimento para o colaborador”, diz ele.
Planos
Com uma equipe de 14 pessoas, o fundador diz que pretende contratar mais 70 para fazer as melhorias no produto e aumentar a carteira de clientes ao longo de 2022. Perguntado sobre o número de planos de saúde atendidos e sobre a atual base de clientes, Fernando não abre os números. Segundo ele, o objetivo é atender desde pequenas e médias empresas até negócios com dezenas de milhares de vidas.
Na rodada, a Alinea também trouxe General Catalyst, Norte Ventures e Glen Tullman, presidente e fundador da Transacarent (a referência da Alinea nos EUA) e fundador da Livongo, que foi vendida para a Teladoc por US$ 18,5 bilhões. O Latitud Fund, que já tinha participado do pre-seed de R$ 1,3 milhões da healthtech, também participou.
Perguntado se a estratégia já prevê algum movimento de aquisição, Fernando diz que ainda é cedo para pensar nisso. “Muito do que estamos construindo não existe ainda. Por enquanto não vejo as aquisições no radar”, diz. Se a SoftBank entrar na próxima rodada, quem sabe o plano muda.