Filho de banqueiros, Ray Nasser caiu no mundo das criptomoedas meio sem querer há uns 6 anos quando amigos o convidaram a investir em uma empresa de mineração de bitcoin.
Ao ver retornos de 4% a 5% por mês, ele decidiu investigar se aquilo era uma pirâmide, ou uma baita oportunidade. A conclusão foi pela segunda hipótese. Desde então ele passou a estudar e investir mais no assunto. Ano passado, ele criou a Arthur Mining, uma mineradora com sede nos EUA e planos audaciosos de crescimento.
A meta é fazer uma abertura de capital até 2023 por meio de um SPAC. “Nosso custo de mineração é a metade do que grandes nomes do mercado têm, com um Ebitda de 80%. Mineração é fluxo de caixa diário, com retorno de renda. Essa fórmula deixa o negócio muito interessante e faz o valuation subir demais”, diz Ray, citando o caso da Marathon Digital Holdings, que já chegou a valer US$ 5 bilhões na Nasdaq, e hoje está perto dos US$ 3,4 bilhões. A estimativa é que o mercado de mineração chegue a um tamanho de US$ 30 bilhões em 2 anos.
A Arthur usa os recursos captados para ampliar sua capacidade de processamento para a atividade de mineração. Segundo Ray, todo o resultado da operação tem sido revertido para financiar a estrutura e ampliar sua capacidade de forma mais acelerada. Para ele, a atividade de mineração é interessante do ponto de vista de investimento porque não está atrelada às oscilações dos preços dos criptoativos nas exchanges (e a volatilidade é alta, hein!). “Uma queda de preços pode afetar a rentabilidade, mas sempre haverá um retorno”, diz.
Em paralelo à Arthur, Ray tem a Wise&Trust que permite que investidores apliquem dinheiro para montar suas próprias operações de mineração.
Como funciona?
A mineração de bitcoins nada mais é do que um processo de solução de equações matemáticas que geram o consenso da rede e aprovam as operações. Pelo trabalho executado, os mineradores recebem moedas como pagamento. Esse processo exige um alto poder de computação é feito por meio de máquinas desenvolvidas especialmente para esse fim. Quanto mais gente minerando, mas difícil se torna o processo de mineração, por isso a atividade exige escala e muita eficiência.
Um outro ponto que Ray considera ser favorável à Arthur Mining nesse processo é a proposta ESG da companhia. Pois é, mineração de bitcoins, que Elon Musk – um dos maiores consumidores do lítio tirado do solo por mineradoras tradicionais do planeta – considera um crime ambiental, sendo feita com menor impacto ao meio ambiente.
Isso acontece porque a energia usada pela Arthur vem do gás metano gerado pela atividade de extração de petróleo. A companhia fecha acordos com companhias de óleo & gás para instalar turbinas que usam o gás, que normalmente seria queimado no processo de flaring, para alimentar sua estrutura de mineração. Hoje ela está presente em 4 regiões dos EUA.
A Arthur opera não com centros de dados enormes, mas com uma estrutura de contêineres lotados de máquinas para fazer esse trabalho. As estruturas atualmente são montados nos EUA, mas o plano é que até o fim do ano esse processo passe a ser feito aqui no Brasil, sendo posteriormente enviadas para os EUA como uma forma de otimizar ainda mais a alocação de capital.
Próximos passos
Para chegar lá, a companhia acaba de fechar uma rodada de US$ 2 milhões liderada pelas gestoras brasileiras Green Rock e Fuse Capital. O aporte deu a ela um valuation post-money de US$ 10 milhões. Até o fim do ano, o plano é fazer uma nova captação bem maior, na faixa de US$ 40 milhões. “Temos muito interesse, mas tem todo o processo de avaliação do negócio pelos fundos de investimento”, diz Ray.
Se tudo correr como o planejado, no ano que vem uma nova captação, de US$ 80 milhões, deixará a companhia na cara do gol para a criação de seu próprio SPAC, com previsão de levantar mais de US$ 300 milhões. “Se não der certo em 2022, fica para 2023, mas não quero deixar passar de 2023 porque acho que o mundo vai entrar em um ciclo menos otimista com um ciclo de aumento dos juros pelo FED [o Banco Central dos EUA]. E o mercado todo vai sentir”, elocubra Ray, que é economista de formação e gosta de oportunidades para ligar sua bola de cristal.