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Assistente financeira “de mulheres para mulheres”, HerMoney levanta R$ 600 mil na segunda captação feita pela Wishe

HerMoney
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Quando postou um vídeo no Instagram para testar a proposta de ajudar mulheres a fazerem a gestão financeira de seus negócios, no fim de 2019, Andrezza Rodrigues não imaginava o retorno que teria. “Fui de zero a 300 seguidoras em dois dias. A caixa de mensagens bombou”, relembra.

Com a simples oferta de “me manda as informações que eu faço pra você e te devolvo”, no começo de janeiro ela tinha recebido as informações de 3 pessoas, e mais 6 haviam se comprometido a enviar. No fim de fevereiro, eram 11 clientes.

Era a validação que ela precisava para abandonar as consultorias que vinha fazendo desde que tinha deixado a posição de head de finanças na Agenda Edu em agosto daquele ano e se dedicar a seu novo projeto, a HerMoney. A proposta era criar uma assistente financeira para mulheres donas de empresas ou em posições de gestão em alguma companhia. “Não somos um produto tecnológico. Somos uma experiência. Conseguimos pela linguagem, pela personalização, ser a pessoa que a mulher pediu para ajudar no dia a dia delas. Temos muitos depoimentos de mulheres que dizem se sentir sozinhas”, diz Andrezza, que acaba de se mudar de Fortaleza para São Paulo.

O Brasil tem 24 milhões de empreendedoras, sendo 10 milhões no setor de serviços, segmento que é o foco de atuação da HerMoney. “O mercado de empreendedorismo feminino é muito recente, tem 58 anos só, e está crescendo muito. E a maior parte das mulheres não sabe fazer gestão financeira nem tem tempo de aprender por conta das múltiplas jornadas, da pressão de fazer a empresa crescer. Olhar para esse mercado permite fazer uma disrupção”, diz.

Hoje, a HerMoney tem 55 clientes, e mais 100 estão na fila de espera para o lançamento do sistema de teste de 14 dias, previsto para entrar no ar em março. “Isso vai quebrar a barreira da experimentação”, diz Andrezza. O cadastro de novas clientes andou um pouco mais devagar entre junho e novembro porque o processo de cadastro, que deveria ter sido automatizado com a entrega de um software encomendado a uma software house, continuou a ser feito manualmente por atraso na entrega do projeto.

Acelerando os planos

Para acelerar os planos, a HerMoney acaba de fechar uma rodada de R$ 600 mil feita com o apoio da Wishe, grupo de investimento focado em startups lideradas por mulheres. Foi a segunda captação feita pela Wishe em seus dois anos de vida. A primeira foi a rodada de R$ 1 milhão da Amyi, que teve participação da GVAngels.

Metade dos recursos serão usados para desenvolvimento do produto. A companhia tem atualmente 5 pessoas – contando com Andrezza e sua sócia, Beatriz Furtado. Agora em janeiro, mais 4 se juntam ao time.

O objetivo, segundo Andrezza é chegar a 500 usuárias ao fim de 2021 e 10 mil em 2024. O público-alvo são empresas com receita acima de R$ 40 mil por mês, para as quais um tíquete de R$ 300 cabe bem no orçamento. Segundo ela, das usuárias que a companhia tem hoje, quase 85% vieram de serviços como o ContaAzul, pagando mais caro. Por que? “Porque fazemos pra elas”, diz. Segundo ela, o envio de inssights mensais é uma das funções mais “queridinhas” do produto.

A rodada

A proposta inicial era dividir a captação entre uma rodada tradicional (80%) e uma campanha de equity crowdfunding (20%). Mas o interesse de nomes como Flavia Mello (ex-Uber), Lilian Natal (Distrito) e Alexandre Miyahara (Mutant) atendeu a toda a demanda. “Fechamos mais rápido do que imaginávamos”, diz Andrezza.

A campanha de crowdfunding não está descartada. A ideia é fazer ainda no primeiro semestre. “Temos muitas lovers e pensamos nisso para fortalecer o efeito de rede com elas nos inserir em microcomunidades com essas sócias. E também mostrar que elas podem fazer parte de um movimento investindo em outras mulheres”, explica.

O equity crowdfunding ainda patina no Brasil por ter ficado com uma imagem de “festa ruim”, frequentada só por quem não conseguiu levantar dinheiro com fundos de venture capital. Na avaliação de Andrezza, não é nada disso. “É um pensamento pequeno achar que é o resto do que não captou. Acredito muito nesse movimento estratégico”, diz.

De mulher para mulher

Formada em contabilidade, Andrezza trabalhou só um ano na área em um escritório do qual foi sócia. “Fiquei apavorada. Não queria isso para a minha vida”, lembra. Ela então migrou para o mundo das finanças corporativas. Depois de quatro anos na SM Minérios, conheceu o mundo das startups e se juntou à Agenda Edu no fim de 2018. Ao sair da companhia menos de um ano depois ela buscou empresas com um olhar para os desafios das mulheres. Ao não encontrar nenhuma, ela foi estimulada pelo marido a criar sua própria. “Ninguém entende tanto uma mulher quanto uma outra mulher. Talvez nem todos entendam, mas para uma mulher que teve que lutar com apenas com a própria força e fé em sistema totalmente machistas, o apoio de outras mulheres é o combustível para seguir com foco nos seus objetivos”, diz.

 

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